RESUMO
Represas vêm sendo construídas há milhares de anos, e, atualmente, quase metade dos rios do mundo possui pelo menos uma grande represa. Os efeitos das grandes represas na saúde de populações a montante são comuns na literatura. Entretanto, o papel das represas na saúde pública de comunidades a jusante continua sendo negligenciado. Para contribuir nessa discussão, apresenta-se uma revisão da literatura a respeito dos efeitos das grandes represas na saúde pública de populações a jusante. Foram pesquisados os bancos de dados Medline, Lilacs, Repidisca, ISI Web of Science, WHOLIS, Banco de Teses da CAPES, Scielo, PAHO database, DESASTRES, World Commission on Dams database, Google, Science Direct, Wiley Interscience, MEDCARIB, além de páginas específicas na internet. São apresentados e discutidos a redução da biodiversidade aquática, a diminuição das áreas de desova de peixes e o declínio dos serviços ambientais prestados pelas planícies aluviais, brejos, ecossistemas fluviais, estuarinos e marinhos adjacentes. Conclui-se que a construção de represas está diretamente relacionada com o status nutricional das populações ribeirinhas a jusante, como conseqüência de mudanças na pesca e na agricultura. As condições precárias de saúde dessas comunidades, vulneráveis ou suscetíveis, por diversos motivos contextuais e históricos, terão grandes chances de se ampliar. É inquestionável que represas possam trazer inúmeros benefícios, entretanto, o risco para a saúde das populações vivendo a jusante também precisa ser identificado e prevenido.
Assuntos
Humanos , Barragens , Meio Ambiente , Centrais Elétricas , Saúde Pública , BrasilRESUMO
A epidemia de HIV/AIDS está se disseminando em direção a mulheres principalmente através da via heterossexual, onde questões de gênero detêm papel decisivo. O objetivo desse estudo foi descrever características sócio-econômicas, comportamentais e reprodutivas, e identificar fatores associados a infecção pelo HIV em mulheres com e sem o diagnóstico de AIDS. Realizamos um estudo caso-controle com pacientes atendidas em ambulatório de HIV/AIDS (casos) em hospital de referência em Fortaleza, Ceará, e mulheres HIV negativo frequentando outro serviço do mesmo hospital (controles), entre junho e agosto de 2004. Participaram do estudo 290 mulheres com AIDS, 83 mulheres HIV (sem AIDS) e 209 controles. Dentre as mulheres com parceiro fico, 79,3% (AIDS), 62,3% (HIV) e 20,6% (controles) utilizaram o preservativo na última relação sexual (p < 0,001 para AIDS ou HIV vs. controles). Dentre as 106 mulheres soropositivas com parceiro fixo HIV negativo ou de sorologia desconhecida, apenas 79 (75,2%) utilizaram o preservativo naquela ocasião. O motivo mais frequente para o não uso do preservativo foi "o parceiro não gosta" (53,8%), dentre as soropositivas, e "usa outro método contraceptivo", dentre os controles (30,7%). Mulheres HIV foram diagnosticadas mais frequentemente devido ao parceiro ter adoecido (36,6%), e mulheres com AIDS, por ter adoecido (45,7%). O modo de infecção principal foi a heterossexual (79,5%). Somente quatro mulheres soropositivas (1,1%) relataram ter usado droga injetável, porém, 20,6% (AIDS) e 17,8% (HIV) das mulheres relataram ter tido parceiros usuários de drogas injetáveis (UDI), em comparação com 4,0% dos controles (p < 0,001 para AIDS ou HIV vs. controles)...
Assuntos
Humanos , Feminino , Síndrome da Imunodeficiência Adquirida , HIVRESUMO
OBJECTIVE: To assess the short-term and long-term impact of selective mass treatment with ivermectin on the prevalence of intestinal helminthiases and parasitic skin diseases in an economically depressed community in north-east Brazil. METHODS: An intervention was carried out in a traditional fishing village in north-east Brazil where the population of 605 is heavily affected by ectoparasites and enteroparasites. The prevalence of intestinal helminths was determined by serial stool examination and the prevalence of parasitic skin diseases by clinical inspection. A total of 525 people out of a target population of 576 were treated at baseline. The majority of these were treated with ivermectin (200 microg/kg with a second dose given after 10 days). If ivermectin was contraindicated, participants were treated with albendazole or mebendazole for intestinal helminths or with topical deltamethrin for ectoparasites. Follow-up examinations were performed at 1 month and 9 months after treatment. FINDINGS: Prevalence rates of intestinal helminthiases before treatment and at 1 month and 9 months after mass treatment were: hookworm disease 28.5%, 16.4% and 7.7%; ascariasis 17.1%, 0.4% and 7.2%; trichuriasis 16.5%, 3.4% and 9.4%; strongyloidiasis 11.0%, 0.6% and 0.7%; and hymenolepiasis 0.6%; 0.4% and 0.5%, respectively. Prevalence rates of parasitic skin diseases before treatment and 1 month and 9 months after mass treatment were: active pediculosis 16.1%, 1.0% and 10.3%; scabies 3.8%, 1.0% and 1.5%; cutaneous larva migrans 0.7%, 0% and 0%; tungiasis 51.3%, 52.1% and 31.2%, respectively. Adverse events occurred in 9.4% of treatments. They were all of mild to moderate severity and were transient. CONCLUSION: Mass treatment with ivermectin was an effective and safe means of reducing the prevalence of most of the parasitic diseases prevalent in a poor community in north-east Brazil. The effects of treatment lasted for a prolonged period of time.
Assuntos
Antiparasitários , Helmintíase/tratamento farmacológico , Enteropatias Parasitárias/tratamento farmacológico , Ivermectina/uso terapêutico , Prática de Saúde Pública , Adulto , Brasil/epidemiologia , Feminino , Helmintíase/epidemiologia , Helmintíase/prevenção & controle , Humanos , Enteropatias Parasitárias/epidemiologia , Enteropatias Parasitárias/prevenção & controle , Ivermectina/administração & dosagem , Masculino , Prevalência , Escabiose/tratamento farmacológico , Escabiose/epidemiologia , Escabiose/prevenção & controle , Dermatopatias Parasitárias/epidemiologia , Dermatopatias Parasitárias/prevenção & controle , Infecções por Strongylida/tratamento farmacológico , Infecções por Strongylida/epidemiologia , Infecções por Strongylida/prevenção & controle , Resultado do TratamentoRESUMO
Parasitic skin diseases such as scabies, pediculosis, tungiasis, and cutaneous larva migrans are hyperendemic in the numerous poor communities in Brazil and are commonly associated with considerable morbidity. However, programs to control ectoparasites are non-existent in the country's public health system. Due to neglect of these diseases by the population itself and health care professionals, the diseases' highly contagious characteristics, and lack of effective treatment and/or presence of animal reservoirs together with a complex life cycle, effective control of ectoparasites is an enormous public health challenge. This article discusses potential measures to control parasitic skin diseases in affected communities, based on mass treatment, health education, and (when applicable) eradication of animal reservoirs.
Assuntos
Ectoparasitoses/epidemiologia , Doenças Endêmicas , Animais , Brasil/epidemiologia , Larva Migrans/epidemiologia , Infestações por Piolhos/epidemiologia , Pobreza , Prevalência , Saúde Pública , Escabiose/epidemiologiaRESUMO
Doenças ectoparasitárias como a escabiose, a pediculose, a tungíase e a larva migrans cutânea säo hiperendêmicas em inúmeras comunidades carentes no Brasil, e näo raramente associadas à severidade considerável. Entretanto, programas que priorizem o controle de ectoparasitas näo existem em nível de saúde pública no país. Como conseqüência da alta contagiosidade, de manejo inadequado, de negligência tanto da populaçäo como dos profissionais de saúde e/ou da presença de reservatórios animais, além de ciclos de vida complexos, o controle efetivo das ectoparasitoses é um desafio para a saúde pública. Aqui discutimos possíveis medidas de intervençäo para o controle de doenças ectoparasitárias em comunidades afetadas, baseadas em tratamento em massa, educaçäo em saúde e, caso se aplique, na erradicaçäo dos reservatórios animais