RESUMO
No âmbito das políticas neoliberais, é possível localizar, na história recente do Estado do Rio Grande do Sul, gestões que aderiram fielmente a esses preceitos, como o recente governo de José Ivo Sartori (2015-2018). Essa optou por combinações de políticas de austeridade e de reformas a partir da diminuição da participação do Estado na sociedade. Nosso artigo busca refletir sobre as condições de vida e de trabalho dos servidores públicos estaduais gaúchos frente à crise e compreender como um casal de servidores engendra possibilidades de enfrentamento à precarização das relações de trabalho - produto da gestão neoliberal - que outrora estruturavam a vida familiar. A partir das histórias de vida de Maria e João, discorremos sobre a flagrante piora nas condições de trabalho, seja na infraestrutura e no remanejamento arbitrário, seja nos planos de carreira ou mesmo em suas estabilidades. Refletimos que, no âmbito da crise, há precarização da vida e na produção da subjetividade desses trabalhadores, o que desemboca na assunção de novos papéis sociais e reconfigurações relacionais na conjugalidade.
Within the scope of neoliberal policies, it is possible to locate, in the recent history of the State of Rio Grande do Sul, administrations that faithfully adhered to these precepts, such as the José Ivo Sartori's administration (2015-2018). This administration opted for austerity and reform policy combinations, based on the decrease of the State's participation in society. Our article seeks to reflect on the living and working conditions of the State's civil servants in the face of the crisis and to understand how a couple of civil servants engender possibilities of coping with the precariousness - a product of neoliberal management - of labor relations that once structured family life. Based on the life stories of Maria and João, we talk about the flagrant worsening in working conditions, whether in infrastructure and arbitrary relocation, in career plans or even in their stability. We reflect that, in the crisis, there is a precariousness in workers' life and production of subjectivity, which leads to the assumption of new social roles and relational configurations in conjugality.