RESUMO
Realizamos estudo duplo-cego, comparativo com placebo para determinar se a dilataçäo ventricular continua durante a fase de convalescença após infarto do miocárdio e se a terapêutica com captopril altera esse processo. Cinqüenta e nove pacientes com primeiro infarto do miocárdio anterior e fraçäo de ejeçäo de 45 por cento ou menos se submeteram a cateterismo 11 e 31 dias depois do infarto, se näo estivessem em insuficiência cardiáca congestiva evidente. Foram entäo randomicamente alocados para placebo ou captopril e acompanhados por um ano. Repetiu-se a cateterizaçäo para avaliar as mudanças intervalares na funçäo hemodinâmica e volume ventricular esquerdo. Trinta e oito pacientes masculinos foram avaliados, a cada três meses, para prova de exercício máximo em esteira. Näo foram detectadas diferenças na situaçäo basal em relaçäo às variáveis clínicas, hemodinâmicas ou de ventriculografia quantitativa. Durante um ano de acompanhamento o volume distólico final do ventrículo esquerdo aumentou em média (ñ DP) de 21 ñ 8ml (P < 0,02) no grupo placebo, mas somente 10 ñ 6ml (P näo significante) no grupo captopril. A pressäo de enchimento ventricular esquerda permaneceu elevada com placebo mas diminuiu (P < 0,01) de 36 pacientes que era de alto risco para dilataçäo ventricular, por terem uma oclusäo persistente da artéria coronária anterior esquerda, captopril preveniu dilataçöes ventriculares futuras (P < 0,05). Pacientes que receberam captopril tambem tiveram aumento na capacidade de exercício (P < 0,05). Este estudo preliminar indica que após infarto anterior do miocárdio, a dilataçäo ventricular é progressiva e captopril pode atenuar esse processo, reduzir as pressöes de enchimento, e melhorar a tolerância ao exercício