RESUMO
Confirmar se a condução ventrículoatrial [CVA] ocorre por via normal ou anômala [VA] é fundamental no diagnóstico e ablação [ABL] de taquicardias supraventriculares [TSV]. Neste estudo propomos uma alternativa de confirmar a presença de VAs ocultas, através da estimulação vagal extracardíaca [EVEC] considerando que esta bloqueia a condução pelo nó AV. MÉTODOS: 26 pcts, 27,9±15anos, 15(57,7%) sexo feminino, portadores de TSV: reentrada nodal [RN] 5(19%) e reentrada AV [RAV] 21(81%) com ou sem pré-excitação, submetidos à ABL por RF. A partir da punção femoral e veias jugulares internas D ou E, um cateter foi avançado até o nível do maxilar superior para EVEC(30Hz/50µs/0,5 a 1V/kg até 70V) sem contato com o vago. A CVA foi testada com e sem EVEC durante estimulação ventricular[EV], pré e pós-ABL. RESULTADOS: Em todos os casos, foi possível obter intensa ação vagal com supressão reversível do nó sinusal e nó AV. Antes da ABL, a CVA estava presente em todos os casos e foi bloqueada pela EVEC apenas nos casos sem VAs. Após a ABL, a CVA foi completamente bloqueada pela EVEC em todos os casos, mas reapareceu em um pct de RN. Em todos pct de RAV, a CVA não foi bloqueada pela EVEC pré-ABL, mas desapareceu ou foi bloqueada pela EVEC pós-ABL (tabela). CONCLUSÃO: O bloqueio da CVA por EVEC sugere ausência ou eliminação com sucesso de vias anômalas. O ressurgimento da CVA resistente à EVEC pós-ABL em uma RN pode ser explicado pela denervação nodal AV pela ABL do 3º gânglio cardíaco durante ABL da via lenta. Estes dados sugerem que a EVEC pode ser muito útil para revelar VAs anômalas septais difíceis que se confundem com a CVA por vias normais. (AU)