RESUMO
Embora considere-se hoje o que o controle glicêmico em diabéticoss seja melhor realizado através da glicemia medida em sangue capilar, a glicosúria semi-quantitativa com fitas reagentes tem a vantagem de ser prática, näo invasiva e, muitas vezes, a única economicamente viável. Existe um conceito, informalmente difundido, de que, com a progressäo renal, a glicosúria deixaria de correlacionar-se com os níveis glicêmicos. Neste estudo, ao avaliarmos em que grau de insuficiência renal a glicosúria deixaria de refletir os níveis glicêmicos, observamos que tal fenômeno näo ocorre. Avaliamos 38 diabéticos em três faixas de funçäo renal: "clearance" de creatinina > 80 ml/min/1,73m² (n=12), "clearance" de creatinina entre 30ml/min/1,73m². Determinamos a glicemia e a glicosúria antes e 4 vezes após sobrecarga oral de glicose (1,75 g/Kg peso) a intervalos de 30 minutos. Em todos os grupos observamos correlaçäo entre glicemia e glicosúria (r=0,67 a 0,73; p<0,001), possivelmente sem mudanças no limiar de reabsorçäo tubular máxima de glicose. Em conclusäo, quando o fluxo urinário é suficiente para garantir a micçäo, a glicosúria pode ser usada como um bom parâmetro de avaliaçäo da glicemia, independente do grau de insuficiência renal