RESUMO
Introdução: A escolha apropriada da técnica de reconstrução em cirurgia oncológica situada na orelha externa é de extrema importância para evitar deformidades. A orelha é uma estrutura anatômica peculiar, cuja cartilagem caracteristicamente apresenta diversas saliências e reentrâncias, e é revestida em determinadas áreas por pele com baixo potencial de distensão. Os movimentos teciduais visando a recontrução de defeitos cirúrgicos criados após a excisão de neoplasias cutâneas devem ser bem elaborados em virtude da complexidade anatômica dessa região. Objetivo: Apresentar quatro pacientes portadores de carcinoma basocelular (CBC) localizados na orelha, tratados com diferentes modalidades de reconstrução, com excelentes resultados estéticos. Relato dos casos - Caso 1: masculino, 67 anos, exibia CBC ulcerado de 2 cm de diâmetro na porção superior da hélix esquerda. Incialmente foi realizada excisão em cunha da lesão, que acometia a pele e cartilagem subjacente. Houve necessidade de ampliação das margens cirúrgicas devido ao comprometimento evidenciado na análise histopatológica por congelação. A cirurgia foi finalizada com fechamento primário por planos. Caso 2: masculino de 63 anos, apresentava CBC ulcerado de 0,7 cm na porção superior da hélix esquerda. Realizamos exisão e fechamento com retalho de avançamento duplo. Caso 3: masculino, 68 anos, exibia CBC ulcerado mal delimitado, atingido quase todo extensão da escafa e da borda interna do ramo da hélix direita de aproximadamente 6 cm. Realizamos a exisão e o fechamento por retalho de transposição pediculado em 2 tempos, oriundo da região retroauricular, com secção e reposicionamento do pedículo após 21 dias. Caso 4: masculino, 55 anos, apresentava CBC ulcerado de 1,5 cm na região inferior da anti-hélix direita. Após a excisão optamos pelo fechamento por segunda intenção. Resultados e Discussão: No caso 1 a excisão em cunha seguida de fechamento primário alcançou bom resultado em virtude do defeito ser inferior a 1/3 da orelha. No caso 2 a maior mobilidade da pele da hélix proporcionou o avançamento duplo sem tensão nas linhas de sutura. No caso 3 o retalho de transposição pediculado ofereceu pele suficiente para cobrir o grande defeito criado mostrando-se uma boa alternativa ao enxerto. No caso 4 como em outras regiões côncavas a cicatrização por 2° intenção é favorecida. Conclusão: apesar de ser uma região suscetível a deformidades, a escolha de uma técnica cirúrgica adequada, proporciona bons resultados estéticos e funcionais.