RESUMO
A realidade dos serviços de saúde e das práticas dos profissionais da saúde é marcada pela predominância de ações disciplinarizadoras e normatizadoras do comportamento das mulheres.Não obstante, no âmbito da assistência à mulher permanecem manifestações de violência institucional, alto índice de cesáreas, e outras intervenções prescindíveis. Todavia existem movimentos se efetivando em prol do respeito às decisões da mulher e do incentivo ao parto natural e humanizado, com forte participação da enfermagem obstétrica. Pressupõe-se que esta realidade está associada, em grande parte, ao cuidado de si de enfermeiras obstétricas, no que tange as decisões sobre o seu próprio corpo e vida e consequentemente das relações de poder que estabelecem com as outras mulheres de que cuidam. As decisões sobre a vida e corpos são entendidas como uma expressão, materialidade do processo de formação dos sujeitos, incluindo processos de objetivação e subjetivação e portanto o cuidado de si. O estudo teve como objetivo analisar o cuidado de si de enfermeiras obstétricas na conformação das decisões sobre seus corpos e vida. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, ancorada em perspectiva Pós Estruturalista e no referencial teórico-metodológico de Michel Foucault. As participantes do estudo foram 14 mulheres, enfermeiras obstétricas de nítido reconhecimento, por parte de quem as indica, na atuação do cuidado a outras mulheres. A técnica amostral utilizada foi snowball,o que resultou na construção de uma rede de entrecruzamento de histórias de vida. A produção dos dados se baseou em entrevista aberta em profundidade, enquanto a análise se sustentou no método de Análise de Discurso. Os resultados revelam que as enfermeiras obstétricas descrevem as suas decisões sobre os corpos e vida, que são subjetivamente influenciadas pelo contexto e práticas discursivas de ser mulher e enfermeira obstétrica, e tocam o corpo de si e da outra mulher de diferentes formas. Existem discursos...
The reality of health services and practices of health professionals is marked by the predominance of disciplinary and normative actions of women's behavior. Nonetheless, in thecontext of women's care they remain resulting in manifestations of institutional violence, a highrate of cesareans, and other expendable interventions. However, there are movements that are effective in order to respect women's decisions and encourage natural and humanized childbirth, with a strong participation of obstetric nursing. It is assumed that this reality is associated with the care of the obstetric nurses them selves, in regard to decisions about their own body and lifeand consequently the power relations they establish with the other women they care for. Decisions about life and bodies are understood as expressions, materiality in the process ofsubject formation, including processes of objectification and subjectivation, and therefore the care of themselves. The purpose of this study was to analyze the self care of obstetrical nurses in the conformation of decisions about their bodies and life. It is a qualitative research, anchored in Post-Structuralist perspective and in the theoretical-methodological reference of MichelFoucault. The study participants were 14 obstetrical nurses of clear recognition, by the one who indicates them, in the care of other women. The sampling technique used was snowball, which resulted in the construction of a network of intertwining of life stories. The production of the data was based on interviews in deep, while data analysis was based on the method of Discourse Analysis. The results reveal that obstetrical nurses describe their decisions about body and life, which are subjectively influenced by context and discursive practices as a woman and obstetric nurse, and touch the body of the other woman in different ways. There are dominant but also emerging discourses that go through decisions about bodies and life. The narratives were...
