O Consultório na Rua no Município de São Paulo: demandas e desafios no cuidado longitudinal de saúde, na ampliação e na cobertura dos territórios / The Street Office in the city of São Paulo: demands and challenges in longitudinal health care, expansion and coverage of territories

Este ensaio tem como objetivo apresentar um breve relato histórico da composição, continuidade e ampliação das atividades desempenhadas pelas equipes de Consultório na Rua (eCnaR) município de São Paulo. As eCnaR foram criadas a partir do Programa Saúde da Família (PSF) para o atendimento de saúde das pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social. Nascido da mobilização dessa população, sendo desenvolvido no ano de 2004, possui o intuito de construir estratégias de inserção efetiva no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando as realidades de vida deste segmento da população. Conforme a produção crescente de conhecimentos acerca do tema, foi observada a possibilidade da construção de visões sobre a prática e a teoria, analisando-se até 2022 os processos realizados, ampliações e reestruturações segundo o crescimento da população em situação de rua na região central e em novas localidades no município, bem como a apresentação da possibilidade de atendimento de saúde em horários diferenciados, com novas tecnologias e parcerias, visando, também, os desafios apresentados neste período, como por exemplo, a recente pandemia do Coronavírus.

A longitudinalidade e o controle da tuberculose: Intervenções de equipes de Consultório na Rua no município de São Paulo / Longitudinality and tuberculosis control: Interventions by Street Clinic teams in the city of São Paulo

A literatura atual ressalta os esforços mundiais para a redução do coeficiente de incidência e de óbitos relacionados à tuberculose. Porém, estes indicadores ainda são elevados nas capitais brasileiras, com ênfase na população em situação de rua. Este artigo apresenta os resultados da dissertação de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde de São Paulo, intitulado "A longitudinalidade e o controle da tuberculose: Intervenções de equipes de Consultório na Rua (eCnaR) no município de São Paulo". Objetivou identificar as práticas de cuidado de saúde desempenhadas por quatro eCnaR. Foram utilizadas duas ferramentas de coleta de dados direcionadas aos profissionais de saúde e pacientes acompanhados pelas equipes, correlacionando os atributos de longitudinalidade com a análise do conteúdo obtido. Foi evidenciada a atuação dos agentes de saúde como potente elo na construção do vínculo entre os pacientes e as eCnaR, bem como as estratégias usadas em negociações e construções de combinados com os pacientes. Também foi assinalada a importância da interface com profissionais nos centros de acolhida, em outras eCnaR e demais serviços parceiros para a conclusão do tratamento de tuberculose, constituindo efetivamente a rede de cuidado, diante da itinerância e das dificuldades enfrentadas pela população em situação de rua.

A longitudinalidade e o controle da tuberculose: intervenções de equipes de consultório na rua no município de São Paulo / Longitudinality and tuberculosis control: interventions by street clinic teams in the city of São Paulo

Introdução: Conforme os apontamentos da literatura atual, verificou-se que os esforços mundiais para redução do coeficiente de incidência e óbitos relacionados a tuberculose tem apresentado resultados positivos. Porém, ainda temos observado a elevação destes indicadores nas capitais brasileiras, com um destaque preocupante para a população em situação de rua. Esta pesquisa teve como objetivo identificar as práticas de cuidado de saúde desempenhadas por quatro equipes de Consultório na Rua ­ eCnaR, no município de São Paulo. Trata-se de estudo de abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando como ferramentas de coletas de dados um questionário autoaplicado em profissionais de saúde vinculados às eCnaR, dos quais uma parte selecionada participou da entrevista semiestruturada, que, por sua vez, indicou os pacientes acompanhados em tratamento de tuberculose, para compor a perspectiva do usuário no estudo. Os fundamentos para os questionamentos deste estudo foram realizados conforme os postulados de Cunha (2009, 2011, 2017) sobre longitudinalidade. Participaram do estudo 57 e 30 profissionais que responderam ao questionário autoaplicado e à entrevista semiestruturada, respectivamente, além de 9 usuários. Entre os principais resultados, o estudo apontou que: os profissionais com cargos de Ensino Médio são os que tiveram as maiores frequências de contato e de abordagens de pacientes em tratamento de tuberculose; o trabalho desenvolvido pelos agentes de saúde mostrou-se potente na construção do vínculo do paciente com o restante da eCnaR. Foi destacada a importância da interface com os Equipamentos Sociais; a melhor estratégia para a conclusão do tratamento de tuberculose é a das negociações e combinados realizados com os pacientes; a comunicação eficiente entre as eCnaR e destes com outros serviços parceiros constitui efetivamente a rede de cuidado face a itinerância e as dificuldades enfrentadas pela população em situação de rua. Também observou-se a necessidade de contínuas formações e capacitações das equipes quanto a temas relativos à tuberculose e à população LGBTQIA+ em situação de rua. Os achados do presente estudo relativos às estratégias, intervenções e soluções para os problemas diários necessárias no cuidado de pessoas expostas à tuberculose podem contribuir para subsidiar melhorias e otimizar as eCnaR na atenção à saúde da população em situação de rua. Descritores: Controle

Relato de experiência: travestis e transexuais em situação de rua e o processo de hormonioterapia pelo SUS / An experience report: transvestites and transsexuals in homeless situations and the hormone therapy process by SUS

No contexto da Política Municipal de Atenção à Saúde Integral da População LGBTT do município de São Paulo e da disponibilização da hormonioterapia para população transexual, objetiva-se relatar a vivência de um grupo de orientação sobre hormonioterapia destinado a travestis e transexuais acolhidas em equipamentos sociais deste município. As atividades de roda de conversa foram realizadas em um Centro de Acolhida, com o apoio de equipes de Consultório na Rua, além de uma médica e um psicólogo como facilitadores da atividade. Foram recorrentes nos relatos a vivência e naturalização da violência; as dificuldades de acesso aos serviços devido ao preconceito; e a automedicação com hormônios feminilizantes, pelo desejo intenso de mudanças no corpo. Os relatos apontaram, também, grande complexidade nas subjetividades das pessoas identificadas como trans. É necessário que o tema seja incluído de forma transversal em todos os processos de formação dos profissionais, pois a não observância do respeito à individualidade da sexualidade tem se constituído em importante barreira à adesão e ao estabelecimento de vínculos aos serviços de saúde.