RESUMO
Background: Living in informal settlements with extensive neighbourhood violence has been shown to be linked with poorer mental health. However, there is little evidence as to whether different levels of personal experiences and fears of neighbourhood violence within such settlements affect mental health. This study assessed such personal experiences and fears of residents in favelas in Brazil. We tested whether variations predict mental health symptoms and quality of life, and whether this is independent of the influence of sociodemographic characteristics and poverty. Methods: In a population-based survey of adults living in a group of favelas in Rio de Janeiro, Brazil, we assessed: sociodemographic characteristics; extent of personal experiences and fear of neighbourhood violence; mental health symptoms on the Brief Symptom Inventory; and quality of life on the Manchester Short Assessment of Quality of Life. Univariate and multivariate regressions were fit to predict mental health symptoms and quality of life. Findings: We interviewed 1,211 residents. Both more experiences of neighbourhood violence and more fear of violence predicted higher levels of mental health symptoms and poorer quality of life. In multivariate regression analyses, the associations remained significant after adjusting for the influence of other factors, in particular female gender, younger age, and marked poverty. Interpretation: Even within a context in which the whole population can be exposed to violence and economic disadvantage, individual variations in the experiences of violence still make a significant difference for mental distress and quality of life. Policies to improve mental health and quality of life of residents in informal settlements need to address risk factors separately, most importantly the personal experiences of violence and poverty. Funding: Economic and Social Research Council and Arts and Humanities Research Council in the United Kingdom. Antecedentes: Viver em assentamentos informais, com ampla violência na vizinhança, parece estar associado a piores condições de saúde mental. No entanto, há poucas evidências de que, nestes locais, os diferentes níveis de experiências pessoais e o medo da violência na vizinhança afetem a saúde mental. Este estudo avaliou experiências pessoais e medos de moradores de favelas no Brasil. Testamos se tais variações predizem sintomas de saúde mental e qualidade de vida, e se isso é independente da influência das características sociodemográficas e da pobreza. Métodos: Com base em um inquérito domiciliar de base populacional, realizado com adultos residentes em um grupo de favelas do Complexo da Maré, Rio de Janeiro, Brasil, foram observadas: características sociodemográficas; a extensão das experiências pessoais de exposição à violência e o medo da violência na vizinhança; sintomas de saúde mental, a partir do Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI); e qualidade de vida, a partir da escala Manchester Short Assessment of Quality of Life (MANSA). Regressões univariadas e multivariadas foram ajustadas para explicar variações nos sintomas de saúde mental e qualidade de vida. Resultados: Entrevistamos 1.211 pessoa adultas residentes na Maré. Tanto maiores níveis de exposição a experiências de violência na vizinhança quanto mais medo dessa violência estiveram relacionados a piores níveis de saúde mental (maior número e intensidade de sintomas no BSI) e pior qualidade de vida. Nas análises de regressão multivariada, tais associações permaneceram significativas mesmo após controlarmos pela influência de outros fatores, em particular sexo (feminino), idade (mais jovem) e pobreza acentuada. Interpretação: Mesmo em um contexto no qual toda a população pode estar exposta à violência e a desvantagens materiais e econômicas, as variações individuais nas experiências de violência ainda assim fazem diferença significativa nas condições de sofrimento mental e qualidade de vida. Políticas para melhorar a saúde mental e a qualidade de vida dos residentes de assentamentos informais, como as favelas, precisam abordar fatores de risco separadamente focando, principalmente, na redução da exposição a experiências pessoais de violência e da pobreza. Financiamento: Economic and Social Research Council (ESRC) e Arts and Humanities Research Council (AHRC), ambos do Reino Unido.