RESUMO
Introdução: Em 2020, o mundo foi acometido por uma nova pandemia de coronavírus que causou impactos em diversas instâncias da sociedade, sobretudo a área da saúde, trazendo desafios para o cuidado integral à saúde da criança. Objetivos: O presente estudo se propôs a analisar barreiras e facilitadores para a implementação de ações de saúde da criança a partir dos sete eixos estratégicos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no município de Franco da Rocha, localizado no estado de São Paulo. Metodologia: O desenho da pesquisa configurou-se em um estudo de caso, com abordagem qualitativa no qual foram entrevistados atores chaves que atuam no sistema municipal de saúde. A coleta de dados foi realizada de modo virtual, por meio de aplicativos de videoconferência onde o material foi gravado e degravado para leitura. Para a análise de dados, foi realizada Análise Temática de Conteúdo de modo a elaborar categorias de análise, e tendo isso em vista, organizou-se o conteúdo em quatro categorias: ações desenvolvidas no período da pandemia segundo os sete eixos da PNAISC, utilizando a própria Política como base teórica; barreiras e facilitadores para garantia da Atenção Integral à Saúde da Criança, com base no modelo Bioecológico de Urie Bronfenbrenner e preocupações dos gestores e profissionais com o futuro. Resultados: Os resultados mostraram que os profissionais implementaram estratégias para o atendimento e acompanhamento remoto das crianças, gestantes e puérperas (por recursos tecnológicos como Telessaúde, aplicativos e telefones). Ampliaram os horários de funcionamento dos equipamentos de saúde para atendimentos presenciais mais espaçados e adotaram os atendimentos domiciliares em diversos casos. Apesar da organização de novas estratégias para garantir a imunização das crianças, houve redução da cobertura vacinal, em parte pela falta de entendimento sobre a importância da vacinação, como também pelo medo dos familiares em frequentar os serviços de saúde nesse período. Outra barreira foi o fechamento das escolas, medida adotada para contenção do vírus, que impossibilitou informes e acompanhamento das famílias em parceria com a Saúde e a ausência de ambiente seguro para as crianças cujos responsáveis saem para trabalhar. O medo da infecção pelo vírus também foi uma barreira observada entre os profissionais de saúde, contudo o diálogo e as adaptações da equipe para contemplar os atendimentos, as ações e o acompanhamento intersetorial para cuidado das crianças vulneráveis e a garantia de leitos pediátricos, além da compreensão dos familiares, contribuíram para minimizar os impactos negativos da pandemia sobre a saúde das crianças. As preocupações com o futuro foram no sentido de maior acometimento das crianças em uma segunda onda da pandemia, necessidade de retomada dos atendimentos e da cobertura vacinal e as consequências do retorno às aulas. Conclusão: Concluiu-se que através da implementação de novas estratégias, o sistema de saúde de Franco da Rocha conseguiu realizar ações preconizadas pelos sete eixos estratégicos da PNAISC e garantir o cuidado das crianças, apesar de algumas barreiras identificadas.
