RESUMO
A fibrilação atrial no pós-operatório (FAPO) de cirurgia cardíaca aumenta o tempo de permanência na UTI em dois a quatro dias. Também é a principal causa de readmissão hospitalar, com custos adicionais elevados.OBJETIVO: Avaliar a interferência da FA no pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) isolada, sua repercussão no tempo de permanência na UTI e na taxa de reinternação. MÉTODO: Estudo longitudinal, de coorte, bidirecional, realizado por meio de levantamento em prontuários de pacientes maiores de 18 anos, submetidos a CRM no período de junho de 2009 a julho de 2010, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. De um total de 3.010 pacientes, foram excluídos 382 que apresentaram FA no pré-operatório ou cirurgias associadas. Os 2.628 incluídos no estudo foram divididos em dois grupos: o grupo I, com 2.302 (87,6%) pacientes que não apresentaram FAPO, e grupo II, com 326 (12,4%) com FAPO.RESULTADOS: O tempo de internação no pós-operatório e no total foi significativamente maior no grupo II, cujos pacientes ficaram em média 16 dias na UTI (p<0,001), oito a mais que os do grupo I. A taxa de reinternação tanto em curto quanto em longo prazos também foi maior no grupo II, principalmente nos 30 primeiros dias.CONCLUSÃO: A FAPO está associada a aumentos significativos do período de internação hospitalar e da frequência de reinternação. Neste estudo, ambos os índices foram maiores que os referidos na literatura. O impacto dessa arritmia na evolução dos pacientes e nos custos da internação estimula a busca constante de medidas preventivas.