RESUMO
Objetivos: verificar os desfechos perinatais em gestantes com toxoplasmose aguda e se houve associação entre os resultados dos testes de avidez para anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii e a presença ou ausência de infecção fetal/neonatal. Métodos: um estudo transversal incluiu gestantes com diagnóstico sorológico de toxoplasmose apresentando IgM específica reagente, atendidas no Ambulatório de Gestação de Alto Risco da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no período de novembro de 2002 a novembro de 2007. Resultados do teste de avidez de IgG demonstrando índices superiores a 30% foram considerados alta avidez, enquanto valores inferiores a 30% foram considerados baixa avidez. Definiram-se como sendo de infecção fetal e/ou neonatal os casos com resultado positivo para a reação em cadeia da polimerase no líquido amniótico ou com IgM específica para toxoplasmose reagente no sangue do recém-nascido. Resultados: considerando-se todas as gestantes referidas para o ambulatório de gestação de alto risco no período estudado, a frequência de gestantes com IgM anti-Toxoplasma gondii reagente foi de 10,8% (176/1.634). A taxa de infecção congênita nessas pacientes foi de 4% (7/176). O teste de avidez de IgG foi realizado em 162 gestantes (92%), encontrando-se avidez alta em 144 (88,9%). Houve associação (p=0,003) entre avidez alta e ausência de toxoplasmose fetal/neonatal na amostra estudada, com razão de prevalência de 13,4 (intervalo de confiança [IC] 95% 2,2-86,6). O Valor preditivo positivo do teste de avidez (probabilidade de infecção congênita com avidez baixa) foi de 22% (IC 95% 6%-47%), enquanto o valor preditivo negativo (probabilidade de ausência da infecção congênita com avidez alta) foi de 98% (IC 95% 94%-99%).
Aims: To verify the perinatal outcomes in pregnant women with acute toxoplasmosis, and to determine if there was association between the results of Toxoplasma gondii-specific IgG avidity test and the presence or absence of fetal/neonatal infection. Methods: A cross-sectional study included pregnant women with serological diagnosis of acute toxoplasmosis (presenting a positive Toxoplasma gondii-specific IgM test) attended at the outpatient unit for high-risk pregnancy of the Faculty of Medicine, Federal University of Mato Grosso do Sul, Brazil, in the period from November 2002 to November 2007. Test results demonstrating IgG avidity index above 30% were considered high avidity, while values below 30% were considered low avidity. Fetal and/or neonatal infection was defined by positive result for the polymerase chain reaction in amniotic fluid, or by a positive Toxoplasma gondii-specific IgM test in the newborn?s serum. Results: Considering all pregnant women referred to the outpatient unit for high-risk pregnancy in the period of study, frequency of pregnant women with positive Toxoplasma gondii-specific IgM was 10.8% (176/1.634). The rate of congenital infection in these patients was 4% (7/176). The IgG avidity test was performed in 162 patients (92% of the 176 pregnant women with positive IgM), and the avidity was high in 144 (88.9%). There was an association (p=0.003) between high avidity and no fetal/neonatal toxoplasmosis in our sample, with a prevalence ratio of 13.4 (confidence interval [CI] 95% 2.2-86.6). The positive predictive value of the avidity test (probability of congenital infection with a low avidity) was 22% (95% 6%-47%), while the negative predictive value (probability of absence of congenital infection with a high avidity) was 98% (95% CI 94% -99%).
Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Afinidade de Anticorpos , Complicações Infecciosas na Gravidez , Cuidado Pré-Natal , Serviços de Informação , Toxoplasmose Congênita , Toxoplasmose/diagnóstico , Toxoplasmose/epidemiologia , Toxoplasmose/prevenção & controleRESUMO
A toxoplasmose aguda é uma doença que se apresenta geralmente com curso benigno, embora o risco de sua transmissão fetal com conseqüentes lesões e abortamento assuma grande importância quando adquirida durante a gestação. Com o advento de novas metodologias diagnósticas de títulos de anticorpos em substituição à reação de imunofluorescência indireta, sabe-se que níveis residuais de anticorpos da classe IgM podem persistir por muitos anos após a infecção aguda materna. O teste de avidez de IgG surge como ferramenta essencial na diferenciação da doença aguda ou pregressa. O diagnóstico da infecção fetal é primordial para a instituição do tratamento intra-útero de forma a minimizar as complicações para a vida extra-uterina. Objetivou-se com a presente revisão a abordagem atualizada da toxoplasmose durante a gestação, embasada em evidências científicas como forma de orientação aos tocoginecologistas, propondo um protocolo de condutas em casos de gestantes portadoras de infecção pelo T. gondii.
Assuntos
Feminino , Gravidez , Afinidade de Anticorpos , Medicina Baseada em Evidências , Imunoglobulina G/imunologia , Imunoglobulina G/sangue , Complicações Parasitárias na Gravidez , Toxoplasmose Congênita/diagnóstico , Toxoplasmose/diagnóstico , Toxoplasmose/imunologia , Transmissão Vertical de Doenças InfecciosasRESUMO
OBJETIVOS: avaliar a prevalência, características epidemiológicas (idade e procedência) e a taxa de transmissão vertical da infeccão pelo HTLV I/II em gestantes submetidas à triagem pré-natal de acordo com o Programa de Protecão à Gestante do Estado de Mato Grosso do Sul. MÉTODOS: estudo descritivo transversal que incluiu 32.512 gestantes submetidas à triagem pré-natal no período de novembro de 2002 a outubro de 2003. Todas as gestantes da amostra foram submetidas aos testes sorológicos pelo método ELISA para o diagnóstico da infeccão pelo HTLV, sendo os casos positivos confirmados pelos métodos Western blot e/ou PCR. O diagnóstico neonatal de infeccão congênita foi realizado pela pesquisa de anticorpos anti-HTLV I/II confirmados por Western blot e PCR. A relacão entre as variáveis (idade e procedência) foi avaliada pelo teste do chi2, em tabelas de dupla entrada, considerando p<0,05 para rejeicão das hipóteses de nulidade (não existência da associacão entre a idade materna e infeccão pelo HTLV I/II e associacão entre procedência e positividade para a infeccão pelo HTLV I/II.). RESULTADOS: encontrou-se prevalência de 0,1 por cento de gestantes infectadas pelo HTLV I/II (37) dentre as 32.512 pacientes triadas. A média de idade das gestantes infectadas pelo HTLV foi de 25,4n6,4 anos, sendo que houve predomínio de pacientes procedentes do interior do estado (78,4 por cento). Não houve associacão da idade com faixa etária materna e procedência. Apenas 8 (21,6 por cento da amostra) recém-nascidos foram avaliados quanto à presenca da infeccão congênita pelo HTLV I/II, todos com infeccão congênita confirmada. Apenas 1 recém-nascido (9 por cento) recebeu amamentacão natural. CONCLUSÕES: a prevalência da infeccão pelo HTLV I/II em gestantes sul-matogrossenses foi menor que os valores encontrados em estudos com gestantes de países endêmicos. No entanto, esteve próximo às taxas encontradas em países considerados não endêmicos e em alguns estudos brasileiros. A transmissão vertical ocorreu em 100 por cento da amostra avaliada, mesmo a amamentacão sendo proscrita. Verificou-se a necessidade de aprimorar o seguimento das gestantes e seus recém-nascidos no estado, uma vez que a minoria dos recém-nascidos foram investigados quanto à ocorrência de transmissão vertical do HTLV.
Assuntos
Feminino , Gravidez , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Humanos , Infecções por HTLV-I , Infecções por HTLV-II , Transmissão Vertical de Doenças Infecciosas , Complicações Infecciosas na Gravidez , Estudos de CoortesRESUMO
OBJETIVOS: estabelecer a freqüência da toxoplasmose aguda em gestantes, a taxa de transmissão vertical e o resultado perinatal dos fetos infectados. Objetivou-se, ainda, avaliar a relação entre os principais testes materno-fetais de diagnóstico da toxoplasmose durante a gestação, bem como a relação entre faixa etária e a infecção aguda pelo Toxoplasma gondii. MÉTODOS: estudo prospectivo longitudinal com 32.512 gestantes submetidas à triagem pré-natal pelo Programa de Proteção à Gestante de Mato Grosso do Sul, no período de novembro de 2002 a outubro de 2003. Utilizaram-se método ELISA (IgG e IgM) e teste de avidez de anticorpos IgG para diagnóstico da toxoplasmose materna, e PCR no líquido amniótico, para diagnóstico da infecção fetal. A avaliação das variáveis foi feita pelas médias, ao passo que a correlação entre algumas variáveis foi avaliada pelo teste do c² e teste de Fisher bicaudado em tabelas de contingência de dupla entrada. RESULTADOS: encontrou-se freqüência de 0,42 por cento para a infecção aguda pelo T. gondii na população de gestantes, sendo 92 por cento delas expostas previamente à infecção e 8 por cento suscetíveis. Nas gestantes com sorologia IgM reagente, a faixa etária variou de 14 a 39 anos, com média de 23±5,9 anos. Não houve relação significativa estatisticamente entre faixa etária e infecção materna aguda pelo T. gondii (p=0,73). Verificou-se taxa de transmissão vertical de 3,9 por cento. Houve relação estatisticamente significativa (p=0,001) entre o teste de avidez (IgG) baixo (<30 por cento) e presença de infecção fetal, e ausência de toxoplasmose fetal quando a avidez apresentava-se elevada (>60 por cento). Houve associação significativa estatisticamente (p=0,001) entre infecção fetal (PCR em líquido amniótico) e infecção neonatal. CONCLUSÕES: a freqüência da toxoplasmose aguda materna apresentou-se abaixo do observado em outras investigações no Brasil. Entretanto a taxa de transmissão vertical não foi discordante do encontrado em outros estudos. O teste de avidez dos anticorpos IgG, quando associado à idade gestacional e data de realização do exame, mostrou-se útil para orientar a terapêutica e avaliar o risco de transmissão vertical, permitindo afastá-lo quando havia avidez elevada previamente a 12 semanas. O PCR positivo foi associado à pior prognóstico neonatal, demonstrando-se método específico para diagnóstico intra-útero da infecção fetal
Assuntos
Gravidez , Adolescente , Adulto , Humanos , Feminino , Complicações Infecciosas na Gravidez , Toxoplasmose Congênita/transmissão , Toxoplasmose/epidemiologia , Estudos ProspectivosRESUMO
O objetivo deste trabalho é mostrar o impacto que o Programa de Proteção à Gestante causou no aumento do número de mulheres testadas para o HIV durante o pré-natal, comparando o primeiro ano de vigência do programa com os anos anteriores. A metodologia usada foi a de coleta de sangue por punção digital em seis discos de papel-filtro S&5903 para a realização do teste ELISA, seguido de testes confirmatórios: ELISA, Western-Blot e PCR realizado em sangue coletado por punção venosa. Para o teste anti-HIV, no ano de 1999, foram submetidas 496/41.859 (1,18%) gestantes; em 2000, foram testadas 6.448/41.270 (16,01%) gestantes; em 2001, 6.627/39.629 (16,72%) gestantes; em 2002, 11.330/39.731(28,51%)gestantes; e no ano de 2003, foram testadas 32.512/39.183 (83,00%). A cobertura alcançada decorreu, entre outros fatores, da facilidade e praticidade da coleta do aterial pelas unidades básicas de saúde, entre a população rural e nas aldeias indígenas com a utilização de papel-filtro, o que contribuiu para o aumento do número de mulheres diagnosticadas infectadas pelo HIV, possibilitando medidas preventivas, profiláticas e terapêuticas, redução da transmissão vertical e diminuição da morbimortalidade materno-infantil por aids...
Assuntos
Masculino , Feminino , Gravidez , Humanos , Infecções por HIV/epidemiologia , Infecções por HIV/imunologia , Gestantes , Testes SorológicosRESUMO
A fenilcetonúria materna é uma aminoacidopatia caracterizada por níveis elevados de fenilalanina plasmática na gestante, o que pode provocar anormalidades no desenvolvimento do feto, condição que se denomina síndrome de fenilcetonúria materna. Deve ser diagnosticada laboratorialmente, uma vez que as manifestações clínicas são inespecíficas. Relatamos um caso de paciente secundigesta, com antecedente pessoal de retardo do desenvolvimento cognitivo, sem antecedentes patológicos obstétricos, com diagnóstico laboratorial de hiperfenilalaninemia na atual gestação, sendo tratada com dieta específica. O recém-nato, nascido a termo, não apresentou alterações físicas ou defeitos congênitos confirmados. A gestação anterior, na qual não houve diagnóstico e controle da fenilcetonúria, resultou em criança com séria deficiência psicomotora confirmada, além de microcefalia e distúrbios auditivos e da fala. Com o conhecimento dos efeitos da hiperfenilalaninemia materna sobre o feto, tornam-se essenciais o diagnóstico e a instituição precoce do tratamento durante a gravidez em pacientes com suspeita clínica de fenilcetonúria. No caso aqui descrito, houve benefícios materno-fetais do tratamento dietoterápico oferecido, reforçando a importância da identificação de mulheres fenilcetonúricas em idade reprodutiva.