Impacto da pandemia por COVID-19 em centro de referência em cirurgia cardiovascular / Impact of the COVID-19 pandemic in a cardiovascular surgery referral center

INTRODUÇÃO: O primeiro caso de infecção causado pela COVID-19 foi primeiramente reportado em Wuhan, China, em meados de dezembro 2019. Desde então, a infecção tomou proporções globais, afetando mais de 200 países. A presença de doença cardiovascular é fator de risco frequentemente observado nos pacientes acometidos pela COVID-19 associado a altas taxas de mortalidade e morbidade. MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional, transversal, retrospectivo, a fim de avaliar o impacto no número de procedimentos cirúrgicos em centro de referência nacional em cirurgia cardiovascular. Foram comparados os números absolutos de cirurgia de revascularização miocárdica, troca ou plastia valvar, correção de aneurismas de aorta, transplante cardíaco e cirurgias para correção de patologias congênitas entre 2019 (Janeiro ­ Dezembro) e 2020 (Janeiro ­ Dezembro). RESULTADOS: Em 2019, foram realizados 1383 procedimentos, dentre os quais, 591 cirurgias de revascularização miocárdica isolada e associadas à aneurismectomia, correção de comunicação interventricular e troca valvar, 359 plastia ou trocas valvares múltiplas ou isoladas. Por outro lado, em 2020, foram realizados 966 procedimentos cirúrgicos, entre os quais, 414 coronarianos, 225 valvares, 241 congênitos, 75 correções de aneurisma ou dissecção de aorta e 11 transplantes cardíacos. Houve uma redução global de 30,1%, na análise exclusiva da cirurgia de revascularização miocárdica, a redução foi de aproximadamente 29,9%. CONCLUSÃO: Muitos questionamentos ainda permanecem no cenário pós-pandemia, a adaptação dos serviços cirúrgicos à abordagem destes pacientes assim como as complicações inerentes da infecção por COVID-19 em consonância àquelas da doença cardiovascular demandarão mais estudos a fim de esclarecer tantos pontos.

Pseudoaneurisma ventricular esquerdo ­ uma complicação do infarto agudo do miocárdio / Left ventricular pseudoaneurysm - a complication of acute myocardial infarction

INTRODUÇÃO: O pseudoaneurisma ventricular é resultado da ruptura completa de todas as camadas do tecido cardíaco a qual é contida por estrita camada de pericárdio ou tecido fibroso. Entre suas principais etiologias, destacam-se trauma, endocardite infecciosa e a mais frequente, infarto agudo do miocárdio. MÉTODOS: Trata-se de um relato de caso acerca da apresentação de pseudoaneurisma ventricular esquerdo após síndrome coronariana aguda. O presente relato foi aprovado pelo comitê de ética local, com consentimento informado assinado. RESULTADOS: Reportamos um caso de paciente de 69 anos, admitido por quadro de dispneia importante. Ecocardiograma transtorácico solicitado evidenciou pseudoaneurisma em região apical, medindo 96x116mm associado a derrame pericárdico difuso de grau moderado, com lâmina de 16mm com sinais incipientes de repercussão hemodinâmica. Paciente foi encaminhado a sala cirúrgica. Devido à presença de derrame pericárdico, a equipe cirúrgica optou por realizar a esternotomia mediana em assistência circulatória, no entanto, não se evidenciou tal achado no intraoperatório. Procedeu-se, desta forma, correção cirúrgica do pseudoaneurisma com utilização de pericárdio bovino e ancoragem do orifício ventricular utilizando polipropileno 3-0. Paciente foi encaminhado para unidade de terapia intensiva com alta hospitalar 17°DPO. CONCLUSÃO: O presente relato ressalta a importância de considerar o pseudoaneurisma como complicação do infarto do miocárdio, referido como dilema por alguns autores. A apresentação e os exames complementares são inespecíficos e exigem suspeição pela equipe assistente. As complicações decorrentes demandam manejo cirúrgico adequado a fim de evita-las.

Resilience, religiosity and treatment adherence in hemodialysis patients: a prospective study.

Resilience and religiosity have received attention as an important process in the experience and management of chronic comorbidities; however, there is no study evaluating resilience in hemodialysis patients and its association with other psychological dimensions or with treatment adherence. This observational prospective study assessed resilience (25 item Wagnild and Young Resilience Scale), religiosity under three dimensions (organizational, non-organizational and intrinsic) using DUREL scale, depressive symptoms (Patient Health Questionnaire-9) and health-related quality of life (Short Form-36 questionnaire). The main outcomes were medication adherence using the Morisky Medication Adherence Scale-8 (MMAR-8) and the missing/shortened dialysis sessions in the following six months. Of 208 patients approached, 202 (97.1%) agreed to participate. One hundred twenty-three patients (60.9%) were males and mean age was 52.8 ± 14.8 years-old. The median time on hemodialysis was 36 months (IQR, 12, 84). 82 (40.6%) patients obtained a MMAS-8 score <6 and were considered as having 'poor adherence'. Overall, the mean score of medication adherence was low (5.7 ± 2.1). About adherence to hemodialysis sessions, patients missed a total of 234 (1.6%) hemodialysis sessions. Forty-eight patients (23.7%) missed an average of at least three sessions in six months. Regarding adherence to medication, there was no association in the uni- or multivariate analysis between religiosity dimensions and MMAS-8 score. After adjustment, resilience was positively associated with MMAS-8 score (standardized ß coefficient .239, p = .016). Organized and intrinsic religiosity were associated with adherence to dialysis sessions (standardized ß coefficient .258, p = .004 and .231, p = .026, respectively). Interestingly, opposite to medication adherence, more resilient patients were associated with less adherence to hemodialysis sessions (standardized ß coefficient -.296, p = .001). Religiosity was associated with dialysis adherence but not with medication adherence. Resilience was associated with higher medication adherence but lower adherence to dialysis sessions.