RESUMO
Objetivo: examinar se a taxa de eritroblastos, no sangue da veia umbilical de recém-nascidos, tem relação com a hipoxia perinatal, analisada pelos parâmetros que expressam o equilíbrio ácido-básico (EAB) do sangue funicular. Métodos: de recém-nascidos vivos com pelo menos 37 semanas de gestação, assistidos no Hospital de Alvorada-RS, foram coletadas amostras de sangue da veia umbilical antes da instalação da respiração. Parte do sangue foi coletado em frasco contendo EDTA, determinando-se as séries vermelha e branca. No sangue coletado em seringa com heparina, foram determinados valores do pH, p02 pC02 e calculado o EAB. Em lâmina corada pelo corante panótico, procedeu-se à contagem manual do número de eritroblastos. A taxa de eritroblastos foi calculada em relação ao número de leucócitos. Resultados: dos 158 casos que compõem o estudo, em 55 as condições perinatais permitiram considerá-los como isentos de acometimento de processo hipóxico, A média da taxa de eritroblastos foi 3,9 por cento, com o desvio-padrão de 2,8 por cento. Os valores mínimo e máximo foram 0 por cento e 10 por cento, respectivamente. Dentre os 158 casos, a taxa dos eritroblastos foi 5,7 por cento, com desvio-padrão de 5,3 por cento. Os valores mínimo e máximo foram 0 por cento e 28 por cento, respectivamente. A aplicação do teste de Pearson a taxa dos eritroblastos e valores dos parâmetros do EAB mostrou correlação significativa para o pH e pCO2. A elaboração da curva ROC revelou que 5 por cento de eritroblastos e pH de 7,25 representam pontos de corte que contrabalançam a sensibilidade e especificidade (54 por cento e 56 por cento), respectivamente. Dos 23 conceptos com taxa de eritroblastos maior que 10 por cento, 7 (30,4 por cento) estavam acidóticos, 11 (48,7 por cento) eram grandes para a idade gestacional, 3 (13 por cento) eram pequenos para a idade gestacional, 7 (30,4 por cento) tinham anemia e em 3 (13 por cento) não foram constatadas anormalidades. Conclusões: em recém-nascidos de gestações e partos sem complicações, a taxa de entroblastos ao nascimento foi menor do que 10 por cento. Quando a taxa de eritroblastos foi maior do que 10 por cento houve correlação principalmente com acidemia, distúrbios do crescimento intra-uterino e anemia fetal.