Tradição em psicanálise: da identidade à resistência

O presente trabalho se propõe a discorrer sobre dois possíveis caminhos da tradição em psicanálise, o da "tradição evolutiva" e o da "tradição engessada". Embora ambas formas de tradição encontrem respaldo em aspectos da personalidade de Freud, uma segue o caminho da curiosidade (tradição evolutiva) enquanto a outra segue o caminho da preservação do saber constituído (tradição engessada). O autor aponta ainda para alguns dos riscos que a psicanálise adotou, ao longo dos anos, ao tomar elementos periféricos como essenciais na formação de sua identidade, e alerta para o perigo de esvaziar as praticas psicanalíticas de sentido, tornando-as repetitivas e sem vida. (Au)

The present work brings up the distinction between "plastered tradition" and "evolutionary tradition". Roth forms of tradition remount to di ferent traces of Freud's personality. One follows the way of curiosity ("plastered tradition") and the other follows the path of preserving the knowledge already acquired. Beyond that the author points up to the risk of taking peripheral aspects of the psychoanalytical practice as central aspects of our professional identity. In doing so. one runs the risk of turning the psychoanalytical practice into a set of repetitive and meaningless experiences.(Au)

Psychoanalytic treatment: a neurobiological view

We present a review of several hypotheses concerning the possible neurobiological correlates of the main processes involved in analytic therapy. Attachment theory may represent an interesting link between psychoanalysis and neurobiology. According to Bowlby's conception, interactions with parental figures during infancy lead to the formation of an "internal working model." This determines how the individual will relate with others and cope with stress throughout life. The patterns formed are in many cases pathological. The internal working model is stored as implicit memory, which is expressed independently of consciousness. Clinical improvement in analytic therapy ultimately depends on changes in the implicit memory system, which entails structural brain modifications. Implicit memory system changes may be related to alterations in explicit memory systems, which result from interpretative work. They may also occur directly as a result of the emotional experiences in the patient-analyst relationship.

Psychoanalytic treatment: a neurobiological view

We present a review of several hypotheses concerning the possible neurobiological correlates of the main processes involved in analytic therapy. Attachment theory may represent an interesting link between psychoanalysis and neurobiology. According to Bowlby's conception, interactions with parental figures during infancy lead to the formation of an "internal working model." This determines how the individual will relate with others and cope with stress throughout life. The patterns formed are in many cases pathological. The internal working model is stored as implicit memory, which is expressed independently of consciousness. Clinical improvement in analytic therapy ultimately depends on changes in the implicit memory system, which entails structural brain modifications. Implicit memory system changes may be related to alterations in explicit memory systems, which result from interpretative work. They may also occur directly as a result of the emotional experiences in the patient-analyst relationship.(AU)

Psychoanalysis and change: between curiosity and faith.

The IPA recently announced that it now recognized three sessions per week as a valid frequency for psychoanalytic treatment. From the debate that has ensued over the problems this decision is expected to cause, important insights can be gained into the current crisis of identity afflicting psychoanalysis. Technical aspects of therapy that were once considered peripheral have gradually acquired the status of core theoretical parameters. Freud was a man of science who was concerned with universal human phenomena. His disagreements with followers such as Jung and Adler centred on the major theoretical issues of the sexual nature of the libido and the existence of the unconscious. It is also interesting to note that Freud never distinguished between psychoanalysis and psychoanalytic psychotherapy. Where he did make a distinction, it was between psychoanalysis and the consciousness-based psychotherapies, or those that used suggestion as a major tool. When the point has been reached where the frequency of sessions or the use of a couch is used to define whether a treatment is psychoanalytic, some consideration of whether the right direction is being pursued is called for. A serious risk is being run of sacrificing our spirit of curiosity for the sake of tradition, becoming more concerned with repeating the formal aspects of practice than with the real purpose of psychoanalysis, the investigation of the most profound workings of human nature.

Breves considerações sobre o humor na clínica / Brief notes on humor in the psychoanalytic clinic

Freud, embora tenha dedicado ao estudo do humor um tempo considerável, pouco investigou suas aplicações na prática clínica. Correlato à interpretação sob vários aspectos, o humor ficou historicamente associado a um dom pessoal, a um talento raro e, como tal, restrito a alguns poucos privilegiados. Mais ainda, enquanto talento, entrou no rol dos elementos humanos impossíveis de transmissão. Dada essa suposta impossibilidade de se prestar ao ensino, acabou relegado, no meio psicanalítico, a um típico de interesse sociocultural. Contudo, o humor pode ser tão importante para técnica psicanalítica que, atualmente, alguns o consideram um parâmetro clínico de melhora. Há um aspecto nele que amplia a capacidade do ser humano de tolerar os limites e as adversidades impostas pela realidade. O humor talvez seja uma das grandes vias para empreender a difícil tarefa de tentar ver a dor de tal forma que ela não obstrua o processo de crescer (AU)

Centro de atençäo diária Luiz Cerqueira (IPUB): a formaçäo de um modelo / The Luiz Cerqueira centre for daily attention (IPUB): setting up a model

O presente trabalho visa mostrar o modelo de assitência em Saúde Mental do Centro de Atençäo Diária do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), desde sua inauguraçäo como Hospital-Dia, em 1987, até os dias de hoje. Um especial destaque é dado aos riscos do contato diário om a loucura e a possível adoçäo de defesas inconscientes, por parte dos profissionais, que reproduzem, na instituiçäo, sintomas psicóticos como a cisäo e a desagregaçäo. O autor enfatiza que a prioridade do trabalho, em uma instituiçäo psiquiátrica, deve ser a formaçäo de equipes coesas, capazes de acolher as angústias psicóticas e elaborar estratégias terapêuticas mais eficazes, compatíveis com as necessidades reais dos pacientes

Centro de atencao diaria Luiz Cerqueira (IPUB): a formacao de um modelo

O presente trabalho visa mostrar o modelo de assistencia em Saude Mental do Centro de Atencao Diaria do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), desde sua inauguracao como Hospital-Dia, em 1987, ate os dias de hoje. Um especial destaque e dado aos riscos do contato diario com a loucura e a possivel adoacao de defesas inconscientes, por parte dos profissionais, que reproduzem, na instituicao, sintomas psicoticos como a cisao e a desagregacao. O autor enfatiza que a prioridade do trabalho, em uma instituicao psiquiatrica, deve ser a formacao de equipes coesas, capazes de acolher as angustias psicoticas e elaborar estrategias terapeuticas mais eficazes, compativeis com as necessidades reais dos pacientes.

Hospitalização parcial no Brasil: em busca de uma identidade / Partial hospitalization in Brazil: searching for an identit

O autor enfatiza o aspecto clínico (dinâmico) para o estabelecimento de uma identidade para as práticas de HospitalðDia e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Define o CAPS como uma prática indutora de "crise" voltada para o auxílio de pacientes estabilizados em um patamar clínico empobrecido do ponto de vista afetivo e ideacional. O HospitalðDia, por sua vez, aparece como uma prática voltada para o rápido estabelecimento de uma patamar de estabilização interna do paciente em um momento de sofrimento agudo, além de seu papel preventivo no que se refere ao possível aparecimento de novas "crises". Por fim condiciona a importância destas práticas à criação de uma nova rede de assistência psiquiátrica dotada de um maior refinamento de suas indicações terapêuticas

Hospitalizacao parcial no Brasil: em busca de uma identidade

O autor enfantiza o aspecto clinico (dinamico) para o estabelecimento de uma identidade para as praticas de Hospital-Dia e Centro de Atencao Psicossocial (CAPS). Define o CAPS como uma pratica indutora de 'crise' voltada para o auxilio de paciente estabilizados em um patamar clinico empobrecido do ponto de vista afetivo e ideacional. O Hospital-Dia, por sua vez, aparece como uma pratica voltada para o rapido estabelecimento de um patamar de estabilizacao interna do paciente em um momento de sofrimento agudo, alem de seu papel preventivo no que se refere ao possivel aparecimento de novas 'crises'. Por fim condiciona a importancia destas praticas a criacao de uma nova rede de assistencia psiquiatrica dotada de um maior refinamento de suas indicacoes terapeuticas.

Hospital-dia: Uma perspectiva histórico-crítico / Day-hospital: an historico-critical perspective

O autor faz um estudo histórico-crítico sobre o surgimento dos hospitais-dia no cenário mundial, seu apogeu e declínio, em contraste com o crescente interesse e espaço que estas unidades vêm ganhando atualmente no Brasil. Säo discutidas as principais críticas que, historicamente, vêm sendo feitas aos hospitais-dia, alem de serem pensados os limites e alcances destes, que deveriam ser mais um importante recurso assistencial oferecido ao paciente psiquiátrico. Como experiência prática, o autor relata o trabalho desenvolvido ao longo de cinco anos hospital-dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ

Hospital-dia: Uma perspectiva histórico-crítico / Day-hospital: an historico-critical perspective

O autor faz um estudo histórico-crítico sobre o surgimento dos hospitais-dia no cenário mundial, seu apogeu e declínio, em contraste com o crescente interesse e espaço que estas unidades vêm ganhando atualmente no Brasil. Säo discutidas as principais críticas que, historicamente, vêm sendo feitas aos hospitais-dia, alem de serem pensados os limites e alcances destes, que deveriam ser mais um importante recurso assistencial oferecido ao paciente psiquiátrico. Como experiência prática, o autor relata o trabalho desenvolvido ao longo de cinco anos hospital-dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ

Hospital-dia: uma perspectiva historico-critica

O autor faz um estudo historico-critico sobre o surgimento dos hospitais-dia no cenario mundial, seu apogeu e declinio, em contraste com o crescente interesse e espaco que estas unidades vem ganhando atualmente no Brasil. Sao discutidas as principais criticas que, historicamente, vem sendo feitas aos hospitais-dia, alem de serem pensados os limites e alcances destes, que deveriam ser mais um importante recurso assistencial oferecido ao paciente psiquiatrico. Como experiencia pratica, o autor relata o trabalho desenvolvido ao longo de cinco anos no hospital-dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Psicose: o passado sem futuro / Psychosis: the past without future

O autor aborda a psicose através do aprisionamento hitórico a que ela submete o paciente e os que o cercam. Relaciona o movimento repetitivo psicótico a um mecanismo defensivo utilizado pelo paciente com a finalidade de paralisar as vivências de tempo e espaço e reduzir o srugimento de fatos novos. o novo ameaça romper a frágil estrutura egóica existente no paciente psicótico, e o coloca frente ao dilema de se manter preso a uma relaidade conhecida e cruel, ou arriscar-se a abandoná-lo e correr o risco de se deparar näo com uma realidade melhor, mas com o nada, com a desintegraçäo do seu próprio eu. Nesse sentido a familiaridade de uma vivência acaba por ganhar mais peso do que a qualidade da mesma. Segue-se a descriçäo de um caso clínico, acompanhado por dois anos no Hospital-Dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, onde foi possível ao paciente, através do insight e da relaçäo transferencial com o terapeuta, correr riscos e fazer novas opçöes de vida