RESUMO
O estudo da memória e das narrativas autobiográficas, e sua relação com a produção e o consumo de imagens mostra-se desafiador, sobretudo na contemporaneidade, ao investigarmos esses processos nos ambientes digitais. Esta pesquisa focaliza a relação entre fotografia digital e a memória autobiográfica em sites de redes sociais. O objetivo foi investigar como as fotografias pessoais e suas legendas compartilhadas no Facebook contribuem para a produção da memóriaautobiográfica. Procuramos entender como as novas formas de produzir imagens, sobretudo aquelas endereçadas ao compartilhamento online, operam na forma como se constroem lembranças do vivido. A metodologia consistiu na aplicação do questionário semiestruturado a 31 usuários do Facebook, entre 18 e 24 anos, de ambos os sexos, com temas sobre fotografia e memória; e codificação e análise das fotografias e legendas selecionadas pelos participantes, convidados no próprio Facebook (perfil público). Uma fotografia e respectiva legenda bem como uma colagem de fotografias são analisados no artigo em mais detalhe. Entre os achados, identificamos a felicidade como imperativo, na direção de homogeneizar e perpetuar modos de ver e ser culturalmente dominantes nos sites de redes sociais, moldando os tipos de artefatos de memória a serem mantidos e o conteúdo digno de ser lembrado.
The study of memory and self-narratives and how they link to the production and reception of images constitutes a challenge, especially nowadays, as we try to understand these processes in digital platforms. This research focuses on the relationship between digital photos and autobiographical memory in social network sites. The purpose was to study how personal photos and their texts shared on Facebook participate in the production of autobiographical memory. We aim to understand how the new forms of producing images, particularly those addressed for online sharing, operate in the way memories of a lived moment are built. We applied a semi-structured questionnaire to 31 Facebook users invited at Facebook (public profiles), aged 18-24, from both sexes, covering topics about photography and memory. The photographs and texts were selected by the participants and the data was codified and analyzed. The article discusses in more detail one photograph and its correspondent text and also a collage of photos from the corpus. Among the findings, we have identified happiness as an imperative, normalizing and perpetuating culturally dominant modes of seeing and being online, which shape the types of memory artifacts to be held and the content worthy to be remembered.