RESUMO
Objetivo: Analisar o uso dos contraceptivos hormonais em mulheres com asma e a escolha desses métodos contraceptivos para essa população, com avaliação de eventuais repercussões sobre novos episódios de asma e sibilos. Métodos: Foram selecionados estudos longitudinais, ensaios clínicos, revisões sistemáticas e metanálises. As plataformas consultadas foram PubMed, Embase, Cochrane e SciELO, com a utilização dos descritores: "contracepção", "contracepção hormonal", "sistema intrauterino liberador de levonorgestrel" e "asma". Resultados: Dois grandes estudos demonstraram que o uso de contraceptivos hormonais esteve associado à redução do risco de novos episódios de asma. Uma revisão sistemática concluiu que os resultados para o uso de contraceptivos hormonais para mulheres com asma foram mistos, com aumento ou redução dos seguintes riscos: novo episódio de asma e aumento da frequência das crises e dos sibilos. O uso da contracepção hormonal em pacientes obesas portadoras de asma é controverso. Conclusão: Os resultados para o uso de contraceptivos hormonais em mulheres com asma são inconsistentes, com relatos de aumento ou de redução do risco de novos episódios. O uso do método contraceptivo deve ser discutido individualmente, levando-se em consideração outros fatores de risco associados e o desejo da mulher. A paciente deverá ser orientada se houver piora dos sintomas clínicos de asma na vigência do uso de qualquer método contraceptivo hormonal.
Objective: To analyze the use of hormonal contraceptives in women with asthma and the choice of this contraceptive method for this population, evaluating possible repercussions on new episodes of asthma and wheezing. Methods: Longitudinal studies, clinical trials, systematic reviews and meta-analyses were selected. Platforms consulted: PubMed, Embase, Cochrane, SciELO, using the descriptors: "contraception", "hormonal contraception", "levonorgestrel-releasing intrauterine system" and "asthma". Results: Two large studies demonstrated that the use of hormonal contraceptives was associated with a reduced risk of new episodes of asthma. A systematic review concluded that the results for the use of hormonal contraceptives for women with asthma were mixed, with increased or decrease in the following risks: new asthma episodes, increased frequency and wheezing. The use of hormonal contraception in obese patients with asthma is controversial. Conclusion: The results for the use of hormonal contraceptives in women with asthma are inconsistent, with reports of increased or reduced risk of new episodes. The use of the contraceptive method should be discussed individually, taking into account other associated risk factors and the woman's desire. The patient will be advised if there is a worsening of the clinical symptoms of asthma while using any hormonal contraceptive method.
Assuntos
Humanos , Feminino , Adolescente , Adulto , Asma/complicações , Contraceptivos Hormonais/efeitos adversos , Contraceptivos Hormonais/uso terapêutico , Progesterona/efeitos adversos , Sinais e Sintomas Respiratórios , Dor no Peito/diagnóstico , Menarca , Sons Respiratórios/diagnóstico , Estudos Transversais , Estudos de Coortes , Estudos Longitudinais , Tosse/diagnóstico , Dispneia/diagnóstico , Estrogênios , Revisão Sistemática , Pulmão/fisiopatologiaRESUMO
Idealmente, a contracepção deve ser iniciada o mais precocemente possível após o parto ou após o abortamento, permitindo que as mulheres sejam protegidas contra uma gravidez não programada subsequente. O objetivo desta revisão é discutir a contracepção no pós-parto e pós-aborto, por meio da análise de ensaios clínicos e metanálises, além das principais diretrizes internacionais, com ênfase nas indicações e contraindicações, tempo de início do uso dos métodos contraceptivos e possíveis complicações. Nesta revisão não sistemática, são discutidos os principais métodos contraceptivos: dispositivos intrauterinos, métodos somente de progestagênios, métodos hormonais combinados, métodos de barreira, método de amenorreia lactacional e esterilização. O aconselhamento contraceptivo pós-parto deve começar durante o pré-natal e, em pacientes após abortamento, durante a internação hospitalar. Todas as mulheres devem ter acesso a informações claras sobre cada método contraceptivo, e o processo de tomada de decisão deve ser compartilhado com o médico assistente. Idealmente, métodos de contracepção reversíveis de longa duração devem ser priorizados em relação aos outros. Em conjunto, todas as evidências demonstram que o melhor método para cada paciente é aquele que combine altas taxas de segurança com o desejo da paciente de iniciá-lo e mantê-lo pelo tempo que desejar.
Contraception should ideally be started as early as possible after childbirth or abortion to allow women to be protected against a subsequent unplanned pregnancy. The aim of this review is to discuss postpartum and postabortion contraception, through the analysis of clinical trials and meta-analyses, in addition to the main international guidelines, with emphasis on indications and contraindications, time to start contraceptive method and possible complications. In this review, the main contraceptive methods are discussed: intrauterine devices, progestin-only methods, combined hormonal methods, barrier methods, lactational amenorrhea method and sterilization. Postpartum contraceptive counseling should start during prenatal care and during hospital stay in post-abortion patients. All women should have access to clear information about each contraceptive method and the decision-making process must be shared. Ideally, long acting reversible contraception methods should be prioritized over others. Taken together, all the evidence shows that the best method for each patient is the one that combines high safety rates with the patient's desire to start and maintain it for as long as she wants.
Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Anticoncepção/efeitos adversos , Anticoncepção/métodos , Aborto , Serviços de Saúde Materno-Infantil , Tromboembolia Venosa/prevenção & controleRESUMO
Abstract Objective The present study aimed to understand patient perception of the adverse effects of contraceptives to improve health care and adherence to treatment. Methods An online questionnaire was available for women in Brazil to respond to assess their perception of adverse effects and their relationship with contraceptive methods. Results Of all 536 women who responded, 346 (64.6%) reported current contraceptive use. One hundred and twenty-two (122-34.8%) women reported having already stopped using contraception because of the adverse effects. As for the contraceptive method used, the most frequent was the combined oral contraceptive (212-39.6%). When we calculated the relative risk for headache, there was a relative risk of 2.1282 (1.3425-3.3739; 95% CI), suggesting that the use of pills increases the risk of headache, as well as edema, in which a relative risk of 1.4435 (1.0177-2.0474; 95% CI) was observed. For low libido, the use of oral hormonal contraceptives was also shown to be a risk factor since its relative risk was 1.8805 (1.3527-2.6142; 95% CI). As for acne, the use of hormonal contraceptives proved to be a protective factor, with a relative risk of 0.3015 (0.1789-0.5082; 95% CI). Conclusion The choice of a contraceptive method must always be individualized, and the patients must be equal participants in the process knowing the expected benefits and harms of each method and hormone, when present.
Resumo Objetivo Este estudo é destinado a entender a percepção de pacientes sobre os efeitos adversos dosmétodos contraceptivos para aprimorar o atendimentomédico e a aderência das mulheres ao tratamento. Métodos Um questionário online foi disponibilizado para que mulheres no Brasil respondessem a fim de avaliar a sua percepção em relação aos efeitos adversos e a associação desses aos métodos contraceptivos. Resultados Das 536 mulheres que responderam, 346 (64,5%) alegaram uso atual de método contraceptivo. Cento e vinte e duas (122-34,8%) mulheres disseram que já haviam parado o uso de métodos contraceptivos devido aos seus efeitos adversos. Quanto ao método contraceptivo em uso, o mais frequentemente utilizado foi o contraceptivo hormonal oral combinado (212-39,6%). Quando calculamos o risco relativo para cefaleia, foi encontrado um risco relativo de 2,1282 (1,3425-3,3739; 95% intervalo de confiança [IC]), sugerindo que o uso das pílulas aumenta o risco de ocorrência desse efeito adverso, bem como de edema, cujo risco relativo foi de 1,4435 (1,0177-2,0474; 95% IC). Em relação à redução da libido, o uso de contraceptivo hormonal oral combinado foi também considerado um fator de risco, pois seu risco relativo foi 1,8805 (1,3527-2,6142; 95% IC). No que se refere à acne, o uso de contraceptivos hormonais demonstrou ser um fator de proteção, com risco relativo de 0,3015 (0,1789-0,5082; 95% IC). Conclusão A escolha de um método contraceptivo deve sempre ser individualizada, e as pacientes devem participar igualmente nesse processo sabendo dos benefícios e malefícios esperados de cada método e hormônio, quando presente.
Assuntos
Humanos , Feminino , Brasil/epidemiologia , Efeitos Colaterais e Reações Adversas Relacionados a Medicamentos , Contracepção Hormonal/efeitos adversosRESUMO
Pouco sabe-se a respeito do sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) 52 mg em contracepção de emergência (CE). Foi realizada uma busca não sistemática em bases eletrônicas para avaliar o papel do SIU-LNG na CE e, até o momento, apenas um único trabalho que avaliou o uso isolado do SIU-LNG para uso em CE foi encontrado. Esse estudo demonstrou a não inferioridade do SIU-LNG em relação ao dispositivo intrauterino de cobre em CE. Análises secundárias desse trabalho evidenciaram baixas chances de gestação em pacientes que fizeram uso de SIU-LNG como CE, independentemente da frequência das relações sexuais desprotegidas ou do tempo em que ocorreram (até 14 dias prévios à inserção ou 7 dias após). Torna-se evidente que o SIU-LNG poderá ser uma opção viável para uso em contracepção emergencial, porém mais estudos devem ser realizados, possibilitando a validação desse método.(AU)
Little is known about the 52-mg levonorgestrel-releasing intrauterine system (LNG- -IUS) in emergency contraception (EC). A non-systematic search was carried out in electronic databases to assess the role of the LNG-IUS in EC and, to date, only a single study that evaluated the isolated use of the LNG-IUS for EC use was found. This study demonstrated the non-inferiority of the LNG-IUS in relation to the copper intrauterine device in EC. Secondary analyzes of this study showed low chances of pregnancy in patients who used LNG-IUS as EC, regardless of the frequency of unprotected sexual intercourse or the time it took place (up to 14 days prior to insertion or 7 days after). It is evident that the LNG-IUS may be a viable option for use in emergency contraception, however, more studies must be carried out, enabling the validation of this method.(AU)
Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Levanogestrel/uso terapêutico , Anticoncepção Pós-Coito/métodos , Dispositivos Intrauterinos Medicados , Bases de Dados BibliográficasAssuntos
Humanos , Feminino , Anticoncepcionais Pós-Coito/farmacologia , Contraceptivos Hormonais/administração & dosagem , Contraceptivos Hormonais/efeitos adversos , Contraceptivos Hormonais/uso terapêutico , Contraceptivos Hormonais/farmacologia , Progestinas , Progesterona , Testosterona , Protocolos Clínicos , Levanogestrel , Acetato de Medroxiprogesterona , Desogestrel , Medição de Risco , Contraindicações de Medicamentos , Eficácia de Contraceptivos , NoretindronaRESUMO
Abstract Primary dysmenorrhea is defined asmenstrual pain in the absence of pelvic disease. It is characterized by overproduction of prostaglandins by the endometrium, causing uterine hypercontractility that results in uterine muscle ischemia, hypoxia, and, subsequently, pain. It is the most common gynecological illness in women in their reproductive years and one of the most frequent causes of pelvic pain; however, it is underdiagnosed, undertreated, and even undervalued by women themselves, who accept it as part of themenstrual cycle. It hasmajor implications for quality of life, such as limitation of daily activities and psychological stress, being one of themain causes of school and work absenteeism. Its diagnosis is essentially clinical, based on the clinical history and normal physical examination. It is important to exclude secondary causes of dysmenorrhea. The treatment may have different approaches (pharmacological, nonpharmacological and surgical), but the first line of treatment is the use of nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), and, in cases of women who want contraception, the use of hormonal contraceptives. Alternative treatments, such as topical heat, lifestyle modification, transcutaneous electrical nerve stimulation, dietary supplements, acupuncture, and acupressure, may be an option in cases of conventional treatments' contraindication. Surgical treatment is only indicated in rare cases of women with severe dysmenorrhea refractory to treatment.
Resumo Dismenorreia primária é definida como dormenstrual na ausência de patologia pélvica. Caracteriza-se pelo excesso de produção de prostaglandinas pelo endométrio que provocam hipercontractilidade uterina, resultando em isquemia e hipoxia do músculo uterino e, subsequentemente, dor. É a patologia ginecológica mais comum em mulheres em idade fértil e uma das causas mais frequentes de dor pélvica; contudo, é subdiagnosticada, subtratada, e até desvalorizada pelas próprias mulheres, que a aceitam como parte do ciclo menstrual. A dismenorreia tem grandes implicações na qualidade de vida, como limitação das atividades diárias e estresse psicológico, sendo uma das principais causas de absentismo escolar e laboral. O seu diagnóstico é essencialmente clínico, baseando-se na história clínica e num exame físico sem alterações. É importante excluir causas secundárias de dismenorreia. O tratamento pode ter diferentes abordagens (farmacológica, não farmacológica e cirúrgica), sendo que a primeira linha de tratamento consiste na utilização de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e, em casos de mulheres que desejem contracepção, no uso de anticoncepcionais hormonais. Tratamentos alternativos, como a utilização de calor tópico, modificação do estilo de vida, estimulação elétrica nervosa transcutânea, suplementos alimentares, acupuntura e acupressão, podem ser uma opção nos casos de contraindicação da utilização dos tratamentos convencionais. O tratamento cirúrgico apenas se encontra indicado em casos raros de mulheres com dismenorreia grave e refratária aos tratamentos.
Assuntos
Humanos , Feminino , Adulto , Qualidade de Vida , Dismenorreia/complicações , Dismenorreia/diagnóstico , Dismenorreia/terapia , Dismenorreia/epidemiologia , Anti-Inflamatórios não Esteroides/uso terapêutico , Dor Pélvica/etiologia , Dor Pélvica/terapia , Estilo de VidaRESUMO
Resumo O artigo analisa matérias sobre pílulas anticoncepcionais publicadas em A Gazeta da Farmácia, entre 1960 e 1980, examinando aspectos pouco conhecidos da biografia desses medicamentos e da constituição do seu mercado. Para os profissionais de farmácia, os anticoncepcionais orais se apresentaram como "as pílulas da oportunidade", seja no sentido dos lucros, seja no sentido de resgatar seu prestígio no campo científico, clínico-terapêutico e político. As trajetórias das pílulas anticoncepcionais e do mundo da farmácia se interseccionaram, quando ambos buscavam tecer sua biografia, apadrinhados pela indústria. Farmacêuticos e pílulas se coconstituíram, um sendo importante ponto de passagem para outro.
Abstract The pharmacy world was a mandatory crossing point and active player in the establishment of hormonal contraception in Brazil. Through an analysis of articles published in A Gazeta da Farmácia from 1960 to 1981, the study explores little-known aspects of the birth control pill's biography and the construction of its Brazilian market. For pharmacy professionals, oral contraceptives were "opportunity pills" in two senses: they provided profits and they restored the prestige of these professionals within the scientific, clinical-therapeutic, and political realms. The pathways of the pill and the pharmacy world intersected as both wove their biographies under the patronage of industry. Pharmacists and the pill were co-constructed, and each was an important crossing point for the other.
Assuntos
História do Século XX , Publicações Periódicas como Assunto/história , Assistência Farmacêutica/história , Anticoncepcionais Orais/história , Farmacêuticos , Hormônios Esteroides Gonadais , Brasil , Comércio , Papel Profissional , Fatores Sociológicos , História da FarmáciaRESUMO
Abstract Objective To evaluate the association between hormonal contraception and the appearance of human papillomavirus HPV-induced lesions in the uterine cervix of patients assisted at a school outpatient clinic - ObGyn outpatient service of the Universidade do Sul de Santa Catarina. Methods A case-control study, with women in fertile age, performed between 2012 and 2015. A total of 101 patients with cervical lesions secondary to HPV were included in the case group, and 101 patients with normal oncotic colpocytology, in the control group. The data were analyzed through the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, IBM Corp. Armonk, NY, US) software, version 24.0, using the 95% confidence interval. To test the homogeneity of the proportions, the chi-square (χ2) test was used for the qualitative variables, and the Student t-test, for the quantitative variables. Results When comparing the occurrence of HPV lesions in users and non-users of combined oral contraceptives (COCs), the association with doses of 0.03 mg or higher of ethinylestradiol (EE) was observed. Thus, a higher probability of developing cervical lesions induced by HPV was identified (odds ratio [OR]: 1.9 p = 0.039); and when these cases were separated by the degree of the lesion, the probability of these patients presentingwith lowgrade squamous intraepithelial lesion was 2.1 times higher (p = 0.036), but with no impact on high-grade squamous intraepithelial lesions and the occurrence of invasive cancer. No significant differences were found in the other variables analyzed. Conclusion Although the results found in the present study suggest a higher probability of the users of combined hormonal contraceptives with a concentration higher than 0.03 mg of EE to develop low-grade intraepithelial lesions, more studies are needed to conclude causality.
Resumo Objetivo Avaliar a associação entre a contracepção hormonal e a presença de lesões induzidas pelo vírus do papiloma humano (HPV) no colo uterino de pacientes do serviço de ginecologia e obstetrícia do ambulatório de especialidade médicas da Universidadedo Sul de Santa Catarina - AME/UNISUL. Métodos Estudo observacional do tipo caso-controle, commulheres no menacme, no período compreendido entre 2012 e 2015. Foram incluídas 101 pacientes com lesões cervicais secundárias ao HPV, no grupo caso, e 101 pacientes com colpocitologia oncótica normal, no grupo controle. Os dados foram analisados por meio do programa SPSS 24.0, utilizando-se o intervalo de confiança de 95%. Para testar a homogeneidade de proporções foram utilizados o teste do qui-quadrado (χ2) para as variáveis qualitativas e o teste t de Student para as variáveis quantitativas. Resultados Ao comparar-se a ocorrência das lesões pelo HPV em usuárias de contraceptivos orais combinados (COCs) com a em não usuárias, observou-se a associação com doses de 0.03 mg ou superiores de etinilestradiol (EE), na qual se identificou 1.9 vezes mais probabilidade destas desenvolverem lesões cervicais induzidas pelo HPV (p = 0.039); ao separar-se esses casos pelo grau da lesão, a probabilidade destas pacientes apresentarem lesão cervical de baixo grau foi 2.1 vezes maior (p = 0.036), porémsemimpacto nas lesões cervicais de alto grau e na ocorrência de câncer invasor. Não foram encontradas diferenças significativas nas outras variáveis analisadas. Conclusão Embora os resultados encontrados no presente estudo sugiram maior probabilidade das usuárias de contraceptivo hormonal combinado, com concentração superior a 0.03 mg de EE, desenvolverem lesão cervical de baixo grau,mais estudos são necessários para concluir causalidade.
Assuntos
Neoplasias do Colo do Útero/complicações , Anticoncepcionais Orais Hormonais/efeitos adversos , Infecções por Papillomavirus/complicações , Estudos de Casos e Controles , Neoplasias do Colo do Útero/etiologia , Estudos Retrospectivos , Infecções por Papillomavirus/etiologiaRESUMO
A relação entre a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e os contraceptivos hormonais requer atenção, pela forte associação entre estes e a atividade sexual. Este estudo objetivou avaliar a associação entre a contracepção oral com etinilestradiol e o aparecimento das lesões induzidas pelo HPV no colo uterino. Trata-se de um estudo caso-controle envolvendo 220 pacientes atendidas em um ambulatório-escola, de janeiro/2010 a dezembro/2014. A coleta de dados foi realizada em prontuários. Estudou-se a associação da contracepção hormonal com as lesões causadas pelo HPV por meio de cálculo de odds ratio e seus respectivos intervalos de confiança, com nível de significância p < 0,05. As pacientes foram divididas 116 casos e 116 controles. A idade média foi de 34 (± 12,4) anos e a contracepção hormonal mais utilizada foi etinilestradiol 0,03mg + levonogestrel 0,15mg (40,2%). Não houve diferença significativa entre usar ou não usar etinilestradiol ou entre o período de utilização. Porém, mulheres que fizeram uso de 0,03mg de etinilestradiol apresentaram 3,77 vezes mais chance (IC95% 1,48; 9,31) de manifestarem lesões por HPV do que aquelas que utilizaram 0,02mg (p=0,001) e 3,52 vezes mais chance (IC95% 1,38; 9,70) desta lesão ser uma neoplasia intraepitelial cervical de grau I (p=0,005). Conclui-se que, apesar de não ter havido evidência da associação entre utilizar ou não a contracepção oral com etinilestradiol e o aparecimento de lesões do colo uterino, a dose de 0,03mg mostrou maior risco de lesões do que a dose de 0,02mg, especialmente a lesão intra-epitelial cervical de grau I.
The human papillomavirus (HPV) infection and hormonal contraceptives requires attention because of the strong association between them and sexual activity. This study aimed to evaluate the association between oral contraception with ethinyl estradiol and the appearance of HPV-induced lesions in the uterine cervix. It is a case-control study involving 220 patients attended in an outpatient-school, from January 2010 to December 2014. Data collection was done in medical records. The association of hormonal contraception with HPV lesions was studied by calculating odds ratios and their respective confidence intervals, with significance level p <0.05. The patients were divided into 116 cases and 116 controls. The mean age was 34 (± 12.4) years and the most used hormonal contraception was ethinylestradiol 0.03mg + levonogestrel 0.15mg (40.2%). There was no significant difference between using or not using ethinylestradiol or between the period of use. However, women who used 0.03mg of ethinylestradiol were 3.77 times more likely (95% CI 1.48; 9.31) to present HPV lesions than those who used 0.02mg (p=0.001) and 3.52 times more likely (IC95% 1.38; 9.70) of this lesion to be grade I cervical intraepithelial neoplasia (p=0.005). It is concluded that, although there was no evidence of the association between whether or not to use oral contraception with ethinyl estradiol and the appearance of cervical lesions, the dose of 0.03mg showed a higher risk of lesions than the dose of 0.02mg, specially grade I cervical intraepithelial lesion.
RESUMO
A interação entre os contraceptivos hormonais e a sexualidade de suas usuárias é incerta e controversa na literatura. Existem poucas evidências relacionadas a este tema. Não é comum na clínica observarmos a contracepção hormonal como única responsável por uma disfunção sexual, devido a sexualidade feminina ser influenciada por múltiplos fatores. Para avaliar o impacto da contracepção hormonal na sexualidade das usuárias realizamos uma revisão da literatura disponível, abrangendo utilização da contracepção, vias de administração, doses e diferenças em seus componentes. Alguns progestagênios parecem ter menor interferência na libido, como o acetato de clormadinona. Acreditamos que as usuárias devem ser informadas e os ginecologistas precisam discutir os potenciais efeitos da contracepção hormonal na sexualidade e bem-estar de suas pacientes.