RESUMO
FUNDAMENTO: A não adesão ao tratamento tem sido identificada como a causa principal da Pressão Arterial (PA) não controlada, e pode representar um risco maior em idosos. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a taxa de adesão ao tratamento da hipertensão arterial por diferentes métodos, para estimar a taxa de controle da PA, e observar se há uma associação entre controle da pressão arterial e adesão. MÉTODOS: A adesão ao tratamento foi avaliada em pacientes idosos com hipertensão, acompanhados pelo serviço público de saúde, por meio de quatro métodos, incluindo o teste de Morisky-Green (referência), o questionário sobre atitudes referentes à ingestão de medicação (AMI), uma avaliação da adesão por parte do enfermeiro em consultório (AEC), e avaliação domiciliar da adesão (ADA). A ingestão de sal foi estimada pela excreção urinária de sódio de 24 horas. O controle da pressão arterial foi avaliado pelo monitorização ambulatorial da pressão arterial na vigília. RESULTADOS: A concordância entre o teste de Morisky-Green e o AMI (Kappa = 0,27) ou a AEC (Kappa = 0,05) foi pobre. Houve uma concordância moderada entre o teste de Morisky-Green e a ADA. Oitenta por cento tinham a PA controlada, incluindo 42% com efeito do jaleco branco. O grupo com menor excreção de sal relatou evitar o consumo de sal mais vezes (p < 0,001) e também teve maior adesão ao medicamento (p < 0,001) do que o grupo com maior de excreção de sal. CONCLUSÃO: Os testes avaliados não apresentaram boa concordância com o teste de Morisky-Green. A adesão ao tratamento da hipertensão foi baixa; no entanto, houve uma elevada taxa de controle da pressão arterial, quando os sujeitos com o efeito do jaleco branco foram incluídos na análise.
BACKGROUND: Non-adherence to treatment has been identified as the main cause of uncontrolled blood pressure (BP), and may represent a greater risk in older individuals. OBJECTIVE: The aim of this study was to evaluate and compare the rate of adherence to hypertension treatment using different methods, to estimate the BP control rate, and to observe if there is an association between BP control and adherence. METHODS: Treatment adherence was evaluated in older patients with hypertension, followed by the public primary health care, through four methods, including the Morisky-Green test (reference), the Attitude regarding the Medication Intake questionnaire (AMI), an evaluation of adherence by the nurse in the office (Nurse Adherence Evaluation - NAE), and at home (Home Adherence Evaluation - HAE). Salt intake was estimated by 24-hour sodium urinary excretion. BP control was assessed by the awake ambulatory blood pressure monitoring. RESULTS: Concordance between the Morisky-Green test and AMI (Kappa=0.27) or NAE (Kappa=0.05) was poor. There was a moderate concordance between the Morisky-Green test and HAE. Eighty percent had controlled BP, including 42% with white-coat effect. The group with lower salt excretion informed to avoid salt intake more times (p<0.001) and had better medication adherence (p<0.001) than the higher salt excretion group. CONCLUSION: The evaluated tests did not show a good concordance to the Morisky-Green test. Adherence to hypertension treatment was low; however, there was a high rate of BP control when subjects with the white-coat effect were included in the analysis.