RESUMO
Pretende-se, neste artigo, levantar algumas considerações acerca do conceito de fantasia, elaborado por Melanie Klein e expandido por Donald Winnicott, na tentativa de propor uma possível comparação teórica entre essas duas linhagens da psicanálise. Para tanto, apresentamos, ainda que de maneira breve, a concepção de desenvolvimento psíquico para esses dois autores, enumerando algumas aproximações e afastamentos. Por fim, apontamos as vantagens desse tipo de pesquisa comparativa e as suas respectivas dificuldades, destacando os aspectos que assinalam a singularidade da noção de fantasia no pensamento kleiniano e winnicottiano, assim como sua utilidade na narração de exemplos clínicos.
Resumos In this article, we intend to raise some considerations about the concept of fantasy, elaborated by Melanie Klein and expanded by Donald Winnicott, aiming at proposing a possible theoretical comparison between these two branches of psychoanalysis. For this purpose, we briefly present the concept of psychic development of these two authors and list some similarities and differences. Finally, we point out the advantages and difficulties of this type of comparative research, highlighting the aspects that characterize the uniqueness of the notion of fantasy in Kleinian and Winnicottian thought, as well as its usefulness in the narration of clinical examples.
Cet article soulève quelques considérations sur le concept de fantasme développé par Melanie Klein et élargi par Donald Winnicott, dans le but de proposer une comparaison théorique possible entre ces deux lignes de psychanalyse. Pour ce faire, nous présentons, bien que brièvement, le concept de développement psychique chez ces deux auteurs, en énumérant quelques similitudes et différences. Enfin, nous soulignons les avantages de ce type de recherche comparative et ses difficultés respectives, en mettant en évidence les aspects qui soulignent l'unicité de la notion de fantasme dans la pensée kleinienne et winnicottienne, ainsi que son utilité dans la narration d'exemples cliniques.
En este artículo, se pretende plantear algunas consideraciones sobre el concepto de fantasía, elaborado por Melanie Klein y ampliado por Donald Winnicott, en un intento de proponer una posible comparación teórica entre estas dos corrientes del psicoanálisis. Para ello, se presenta brevemente la concepción del desarrollo psíquico de estos dos autores, enumerando algunas semejanzas y diferencias. Finalmente, se señalan las ventajas de este tipo de investigación comparativa y sus respectivas dificultades, con foco en los aspectos que marcan la singularidad de la noción de fantasía en el pensamiento kleiniano y winnicottiano, así como su utilidad en el uso de ejemplos clínicos.
RESUMO
Este artigo pretende identificar o surgimento e o desenvolvimento da noção de elaboração imaginativa na obra de Winnicott, analisando o seu significado e suas possíveis implicações clínicas. Complexa e pouco explorada, a noção de elaboração imaginativa é uma das contribuições específicas à psicanálise, feitas por D.W. Winnicott, que permite a formulação de uma hipótese teórica sobre a inclusão do corpo como um elemento fundamental na origem da vida psíquica. Considerando o campo sensorial como ponto de partida para a atribuição de sentido às sensações corporais nos primórdios da existência, a capacidade de elaborar imaginativamente inaugura o processo de apreensão da integração psicossomática, assim como a possibilidade de manter viva e presente na vida adulta a conexão entre o campo da sensorialidade, o campo afetivo e a vida de representação. Nesta perspectiva, a elaboração imaginativa está na origem da possibilidade de criar, sonhar, fantasiar, devanear, brincar e simbolizar, constituindo um elemento importante no tratamento psicanalítico (AU)
This paper aims to identify the emergence and development of the imaginative elaboration concept in Winnicott's work, by analyzing its significance and potential clinical implications. Complex and little explored, the notion of imaginative elaboration is one of the specific contributions to psychoanalysis, made by D.W. Winnicott, which allows for the formulation of a theoretical hypothesis about the inclusion of the body as a key element in the origin of psychic life. Considering the sensory field as a starting point for assigning meaning to bodily sensations in the early days of existence, the ability to imaginatively elaborate unveils the process of apprehension related to psychosomatic integration, as well as the possibility of keeping the connection between field of sensoriality, field of affection, and life representation alive and present in the adult life. In this perspective, the imaginative elaboration is at the origin of the power to create, dream, fantasize, daydream, play, and symbolize, setting it up as an important element in psychoanalytic treatment (AU)
Este artículo pretende identificar la aparición y el desarrollo de la noción de elaboración imaginativa en la obra de Winnicott, analizando su significado y sus posibles implicaciones clínicas. Compleja y poco explorada, la noción de elaboración imaginativa es una de las contribuciones específicas al psicoanálisis, echa por D.W. Winnicott, que permite la formulación de una hipótesis teórica sobre la inclusión del cuerpo como un elemento clave en el origen de la vida psíquica. Teniendo en cuenta el campo sensorial como punto de partida para la asignación de sentido a las sensaciones corporales en los primordios de la existencia, la capacidad de elaborar imaginativamente inaugura el proceso de aprehensión de la integración psicosomática, así como la posibilidad de mantener viva y presente en la vida adulta la conexión entre el campo de la sensorialidad, el campo afectivo y la vida de representación. En esta perspectiva, la elaboración imaginativa está en el origen de la posibilidad de crear, soñar, fantasear, devanear, jugar y simbolizar, constituyendo un elemento importante en el tratamiento psicoanalítico (AU)
Assuntos
Jogos e Brinquedos/psicologia , Comportamento e Mecanismos Comportamentais , Terapias Sensoriais através das Artes/psicologiaRESUMO
Este artigo aborda como o intelecto interage com as experiências emocionais. Constata-se existir cada vez mais indivíduos, de diferentes faixas etárias, que priorizam a busca de informações instantâneas sem investir no desenvolvimento do pensar/conhecer, bem como indivíduos que se desenvolvem intelectualmente, porém não conseguem lidar de modo compatível com as experiências emocionais. Propomos, no presente trabalho, uma reflexão sobre os aspectos defensivos que permeiam o desenvolvimento emocional/intelectual segundo Bion e Winnicott.
This article discusses how the intellect interacts with emotional experiences. Evidence shows that there are more and more individuals from different age groups who prioritize the search for instant information without investing in the development of thinking / knowing, as well as individuals who develop intellectually, but cannot cope with the emotional experiences. In this paper, we propose a reflection on the defensive aspects that permeate the emotional / intellectual development according to Bion and Winnicott.
Este artículo analiza cómo el intelecto interactúa con las experiencias emocionales. Existen evidencias de que hay cada vez más personas de diferentes grupos de edad que priorizan la búsqueda de informaciones instantáneas sin invertir en el desarrollo del pensamiento / conocimiento, así como personas que se desarrollan intelectualmente, pero no pueden hacer frente a las experiencias emocionales. En este artículo, proponemos una reflexión sobre los aspectos defensivos que impregnan el desarrollo emocional / intelectual según Bion y Winnicott.
RESUMO
O presente artigo pretende explicitar a concepção de sexualidade infantil de D. W. Winnicott, desfazendo os inúmeros mal-entendidos que cercam tal noção, tentando dar consistência à ideia de que a sexualidade infantil não se forma de imediato, logo nas primeiras mamadas, como propõe Freud, mas exige um tempo de amadurecimento do bebê e de integração do seu self para que possa ganhar existência efetiva.
This paper intends to elucidate D. W. Winnicott's conception of child sexuality, undoing numerous wrong interpretations which surround the notion, trying to support the idea that child sexuality is not formed immediately, in the first feedings, as Freud proposes, but requires a period of maturing in the child and of integration of its self in order to acquire an effective existence.
Este artículo pretende dilucidar la concepción de sexualidad infantil de D. W. Winnicott, esclareciendo los numerosos malentendidos que rodean dicha noción, intentando dar consistencia a la idea de que la sexualidad infantil no se forma de inmediato, en las primeras mamadas, como Freud propone, sino que exige un periodo de madurez del bebé y de integración de su self para que pueda obtener una existencia efectiva.
RESUMO
O artigo faz algumas articulações teóricas entre sexualidade e neurose, tal como formuladas por Winnicott. Uma vez que essas questões adquirem clareza especial nos textos nos quais ele apresenta seus casos, foi escolhido o caso Hesta para servir de fio condutor para essas considerações. O texto fará referência às diferenças de concepção relativas a esses temas entre Winnicott e Freud, mas buscará, sobretudo, explicitar a teoria e a clínica de Winnicott quando diante de um caso de neurose.(AU)
The article makes some theoretical links between sexuality and neurosis as formulated by Winnicott. Once these issues acquire special clarity in the texts in which he presents his cases, the case Hesta was chosen as a guide to these considerations. The text will refer to the design differences on these issues between Freud and Winnicott, but above all seek to explain the theory and practice of Winnicott when faced with a case of neurosis.(AU)