RESUMO
Resumo Fundamento: Nas últimas décadas, o número de dispositivos eletrônicos cardíacos implantáveis (DCEI) aumentou consideravelmente, assim como a necessidade de remoção destes. Neste contexto, a remoção percutânea apresenta-se como uma técnica segura e capaz de evitar uma cirurgia cardíaca convencional. Objetivos: Primário: descrever a taxa de sucesso e complicações da remoção percutânea de DCEI em um hospital público brasileiro. Secundário: estabelecer preditores de sucesso e complicações. Métodos: Serie de casos retrospectiva de todos os pacientes submetidos à remoção de DCEI em um hospital público brasileiro no período de janeiro de 2013 a junho de 2018. Remoção, explante e extração de eletrodos, complicações e desfechos foram definidos conforme a diretriz norte-americana de 2017. Variáveis categóricas foram comparadas pelos testes Qui-quadrado ou Fisher, enquanto variáveis contínuas, por testes não pareados. O nível de significância adotado nas análises estatísticas foi de 5%. Resultados: 61 pacientes foram submetidos à remoção de DCEI, sendo 51 extrações e 10 explantes. No total, 128 eletrodos foram removidos. Taxa de sucesso clínico foi 100% no grupo do explante e 90,2% no da extração (p=0,58). Complicações maiores foram encontradas em 6,6% dos pacientes. Falha do procedimento foi associada a eletrodos de ventrículo (p=0,05) e átrio (p=0,04) direito implantados há mais tempo. Duração do procedimento (p=0,003) e necessidade de transfusão sanguínea (p<0,001) foram associadas a maior índice de complicação. Conclusão: As taxas de complicação e sucesso clínico observadas foram de 11,5% e 91,8%, respectivamente. Remoções de eletrodos atriais e ventriculares mais antigos estiveram associados a menores taxa de sucesso. Procedimentos mais longos e necessidade de transfusão sanguínea foram associados a complicações.
Abstract Background: In the last decade, the number of cardiac electronic devices has risen considerably and consequently the occasional need for their removal. Concurrently, the transvenous lead removal became a safe procedure that could prevent open-heart surgery. Objective: The primary objective of this study was to describe the successful performance and the complication rates of pacemaker removals in a Brazilian public hospital. Our secondary aim was to describe the variables associated to successes and complications. Methods: A retrospective case series was conducted in patients submitted to pacemaker removal in a Brazilian public hospital from January 2013 to June 2018. Removal, explant, extraction, success and complication rates were defined by the 2017 Heart Rhythm Society Guideline. Categorical variables were compared using x2 or Fisher's tests, while continuous variables were compared by unpaired tests. A p-value of 0.05 was considered statistically significant. Results: Cardiac device removals were performed in 61 patients, of which 51 were submitted to lead extractions and 10 to lead explants. In total, 128 leads were removed. Our clinical success rate was 100% in the explant group and 90.2% in the extraction one (p=0.58). Major complications were observed in 6.6% patients. Procedure failure was associated to older right ventricle (p=0.05) and atrial leads (p=0,04). Procedure duration (p=0.003) and need for blood transfusion (p<0,001) were associated to more complications. Conclusion: Complications and clinical success were observed in 11.5% and 91.8% of the population, respectively. Removal of older atrial and ventricular leads were associated with lower success rates. Longer procedures and blood transfusions were associated with complications.
Assuntos
Humanos , Marca-Passo Artificial/efeitos adversos , Desfibriladores Implantáveis , Brasil , Estudos Retrospectivos , Resultado do Tratamento , Remoção de DispositivoRESUMO
Abstract Background: Heart failure (HF) affects more than 5 million individuals in the United States, with more than 1 million hospital admissions per year. Cardiac resynchronization therapy (CRT) can benefit patients with advanced HF and prolonged QRS. A significant percentage of patients, however, does not respond to CRT. Electrical dyssynchrony isolated might not be a good predictor of response, and the last left ventricular (LV) segment to contract can influence the response. Objectives: To assess electromechanical dyssynchrony in CRT with LV lead implantation guided by GATED SPECT. Methods: This study included 15 patients with functional class II-IV HF and clinically optimized, ejection fraction of 35%, sinus rhythm, left bundle-branch block, and QRS ≥ 120 ms. The patients underwent electrocardiography, answered the Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ), and underwent gated myocardial perfusion SPECT up to 4 weeks before CRT, being reassessed 6 months later. The primary analysis aimed at determining the proportion of patients with a reduction in QRS duration and favorable response to CRT, depending on concordance of the LV lead position, using chi-square test. The pre- and post-CRT variables were analyzed by use of Student t test, adopting the significance level of 5%. Results: We implanted 15 CRT devices, and 2 patients died during follow-up. The durations of the QRS (212 ms vs 136 ms) and the PR interval (179 ms vs 126 ms) were significantly reduced (p < 0.001). In 54% of the patients, the lead position was concordant with the maximal delay site. In the responder group, the lateral position was prevalent. The MLHFQ showed a significant improvement in quality of life (p < 0.0002). Conclusion: CRT determines improvement in the quality of life and in electrical synchronism. Electromechanical synchronism relates to response to CRT. Positioning the LV lead in the maximal delay site has limitations.
Resumo Fundamento: A insuficiência cardíaca (IC) afeta mais de 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de internações/ano. A terapia de ressincronização (TRC) pode beneficiar pacientes com IC avançada e QRS alargado; entretanto, percentual significativo de pacientes não respondem à TRC. O dissincronismo elétrico isolado pode não representar um bom preditor de resposta, e o local da última ativação do ventrículo esquerdo (VE) pode influenciar na resposta. Objetivos: Avaliar o dissincronismo eletromecânico na TRC com o implante do eletrodo do VE orientado por GATED SPECT. Métodos: Incluídos 15 pacientes com IC classe funcional II-IV, otimizados clinicamente, com fração de ejeção de 35%, ritmo sinusal, bloqueio de ramo esquerdo, QRS ≥ 120 ms. Realizaram eletrocardiograma, Questionário Minnesota Vivendo com Insuficiência Cardíaca (MLHFQ) e cintilografia GATED SPECT até 4 semanas antes do implante. Reavaliados 6 meses após. Análise primária visou determinar a proporção de pacientes com redução da duração do QRS e resposta favorável à TRC dependendo da concordância ou não na posição do eletrodo, utilizando teste Qui-Quadrado. Análise das variáveis pré e pós TRC foi feita através do teste t de Student, assumindo significância de 5%. Resultados: Realizamos 15 implantes com 2 óbitos no seguimento. As reduções das durações do QRS (212 ms vs 136 ms) e do IPR (179 ms vs 126 ms) foram significativas (p < 0,001). Em 54%, o eletrodo foi concordante com o local de maior atraso. No grupo respondedor, a posição lateral foi prevalente. O MLHFQ mostrou melhora significativa da qualidade de vida (p < 0,0002). Conclusão: A TRC determina melhora da qualidade de vida e do sincronismo elétrico. O sincronismo eletromecânico relaciona-se com a resposta à TRC. O posicionamento do eletrodo de VE no sítio de maior retardo tem limitações.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Disfunção Ventricular Esquerda/terapia , Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único de Sincronização Cardíaca/métodos , Terapia de Ressincronização Cardíaca/métodos , Dispositivos de Terapia de Ressincronização Cardíaca , Insuficiência Cardíaca/terapia , Qualidade de Vida , Volume Sistólico , Fatores de Tempo , Bloqueio de Ramo/fisiopatologia , Bloqueio de Ramo/terapia , Fluoroscopia , Resultado do Tratamento , Disfunção Ventricular Esquerda/fisiopatologia , Disfunção Ventricular Esquerda/diagnóstico por imagem , Estatísticas não Paramétricas , Eletrocardiografia , Insuficiência Cardíaca/fisiopatologia , Insuficiência Cardíaca/diagnóstico por imagemRESUMO
Descrevemos o caso de uma paciente de 62 anos que retornou para avaliação nove meses após implante de cardioversor desfibrilador implantável (CDI) com sinais de perfuração tardia do ventrículo direito. São discutidos os sinais clínicos que permitem o diagnóstico dessa apresentação tardia, assim como as condutas e a frequência dessa complicação na literatura.
We describe the case of a 62-year-old patient who returned for evaluation nine months after receiving an implantable cardioverter-defibrillator (ICD) with signs of delayed right ventricular (RV) perforation. The clinical signs that allowed the diagnosis of this late presentation to be achieved are discussed herein, as well as the conduct and the frequency of this complication in the literature.
Describimos un caso de una mujer de 62 años que regresó para evaluación nueve meses después de implantación de un desfibrilador cardiaco implantable (DCI) con signos de perforación tardía del ventrículo derecho. Se discuten los signos clínicos que permitan el diagnóstico de esta presentación tardía, así como el comportamiento y la frecuencia de esta complicación en la literatura.
Assuntos
Feminino , Humanos , Pessoa de Meia-Idade , Remoção de Dispositivo , Desfibriladores Implantáveis/efeitos adversos , Traumatismos Cardíacos/etiologia , Marca-Passo Artificial/efeitos adversos , Remoção de Dispositivo/métodos , Ventrículos do Coração/lesõesRESUMO
Pessoas com lesão no sistema nervoso central (SNC), particularmente após lesão medular e acidente vascularencefálico podem apresentar limitação na capacidade de realização das atividades da vida diária incluindo alocomoção. A estimulação elétrica funcional (FES) promove a contração dos músculos paralisados/paréticos e permite realizar essas tarefas funcionais. O objetivo deste trabalho éapresentar uma revisão dos sistemas artificiais de controle motor implantáveis desenvolvidos para minimizar os efeitos das incapacidades causadas pela lesão e de outras como asdecorrentes de acidente vascular encefálico. Buscas foram feitas no serviço online Google Acadêmico, resultando na compilação de base com 259 artigos. Os estimuladores elétricossão classificados em quatro categorias, dependendo da localização dos eletrodos e da topologia do sistema: externos ou não-invasivos que utilizam eletrodos de superfície, hard-wired implantados com acoplamento transcutâneo, e totalmente implantados. O estimulador elétrico mais antigocitado é de 1961 e o mais recente é de 2008. Os estimuladores elétricos descritos foram eficazes para realizar artificialmente movimentos funcionais. Transdutores de várias naturezas foram empregados em sistemas de malha aberta e fechada. Sistemas de malha fechada tiveram maior incidência nos estimuladores elétricos mais recentes. Estimuladores elétricos totalmente implantados e com acoplamento transcutâneo apresentaram menos problemas com quebras de eletrodos e problemas de infecção do que os hard-wired. As estratégias de estimulação envolveram controle ativado tanto pelo paciente quanto automático. Depósitos de patente também são apresentados. A redução de dispositivos que permanecerão internos a dimensões injetáveis favorece os sistemas de FES com acoplamento transcutâneo. Pesquisas científicas de alta tecnologia buscam desenvolver microestimuladores injetáveis com novos materiais isolantese técnicas de implante menos invasivas...
After suffering a spinal trauma, people with spinal cord injury become unable to perform several daily life activities. The aim of this study is to present a review of artificial motor control systemsdeveloped to minimize the effects of this impairment. A 259-paper database was compiled from the results of queries submitted to Google Scholar online service. Electrical stimulators are classified in four categories according to electrodes placement and systemtopology: external or non-invasive which use surface electrodes, hard-wired, implanted with transcutaneous coupling, and totally implanted. The oldest electrical stimulator cited dates back to 1961 and the most recent is from 2008. The described electrical stimulators were efficient for performing artificial functionalmovements. Transducers of different natures were used in open and closed loop systems. Totally implanted and transcutaneously coupled electrical stimulators showed less electrode failures and infection problems than hard-wired systems. In recent electricalstimulators, closed loop systems are more incident. Patent deposits are also presented. The physical reduction of components and units to injectable dimensions favors transcutaneously coupled electrical stimulators. High technology scientific researches aim to develop injectable micro stimulators with new insulation materials and less invasive implantation techniques. For implantable systems, before performing the implant it is required to test the efficacy and to consider the control strategy practicality. This fact also leads to the need of developing new techniques for communicating more efficiently between implantable electrical stimulators and the external control units.