RESUMO
ABSTRACT Football has historically been practiced very little by girls in schools and leisure spaces during childhood. Nevertheless, there have always been girls who cross the "gender borders" - understood as the thin lines that divide culturally established, so-called appropriate behaviors for each sex - and join soccer practice with the boys. In order to understand how this process took place in the experience of some athletes, the following guiding questions were formulated: How do women, who followed professional career paths in football, narrate their childhood memories of the sport? How did the boys treat them from the moment they showed an interest in playing? In order to answer these questions, Oral History methodology was used. Some aspects found in the narratives of the athletes reveal that none of their trajectories were free of attempts to impede or restrict their practice of football, either due to family discouragement, offenses, or the initial exclusion from playing with the boys. However, the interviews allowed for the insight that impediments to the girls are not necessarily or exclusively because of their sex, but because of difference in the technical skill displayed in relation to the majority of the boys.
RESUMO O futebol tem sido historicamente pouco praticado por meninas em escolas e espaços de lazer na infância. Apesar disso, sempre existiram meninas que cruzaram as "fronteiras de gênero" - entendidas como as linhas tênues que dividem os comportamentos ditos adequados e culturalmente estabelecidos aos sexos - e passaram a conviver com meninos na prática do futebol. No intuito de entender como se deu esse processo na vivência de algumas atletas, foram formuladas as seguintes perguntas norteadoras: de que forma narram as suas memórias sobre a infância no futebol, mulheres que seguiram caminhos profissionais em tal esporte? Como os meninos as tratavam a partir do momento em que elas manifestavam interesse pela prática? No anseio de respondê-las, utilizou-se a metodologia de História Oral. Alguns aspectos encontrados nas narrativas das atletas revelam que nenhuma das trajetórias esteve livre das tentativas de impedimento ou restrições à prática de futebol, seja por meio do desencorajamento de familiares, ofensas ou a exclusão inicial do convívio masculino. Entretanto, as entrevistas permitiram aferir que interdições às meninas não se dão necessariamente ou exclusivamente por seu sexo, mas sim pela diferença de habilidade técnica apresentada em relação à maioria dos meninos.