RESUMO
Para Ferenczi, em grande sintonia com o pensamento de Freud, a introjeção foi inicialmente um conceito fundamental no desenvolvimento psíquico da criança e indispensável para diferenciar o funcionamento neurótico de outras patologias. Além disso era uma noção essencial para teorizar a dinâmica transferencial na relação analítica. No entanto, ao final de sua obra, ao reavaliar a importância do trauma, da confusão de línguas entre o adulto e a criança e entre o analista e o paciente, ao conceitualizar as noções de identificação com o agressor e de introjeção do sentimento de culpa nas síndromes pós-traumáticas e, principalmente, ao sublinhar a importância decisiva que adquire a desmentida e a cisão do Ego na dinâmica do trauma, Ferenczi modifica e enriquece enormemente sua primeira contribuição. Justamente sua última contribuição à psicanálise, refletida nas derradeiras notas do Diário clínico, é um neologismo interessante que Ferenczi define como intropressão, consistindo na tentativa de conjugar a introjeção com os efeitos violentos suscitados na mente da criança em decorrência da irrupção inesperada do Superego parental e dos adultos em geral. Esta dinâmica, além disso, lamentavelmente não deixa de estar presente em algumas modalidades patológicas da relação analítica. Esta última concepção de Ferenczi foi continuada e completada de maneira brilhante por Abraham e Torok em seu conceito do crime da introjeção, a que se dedica a última parte do presente trabalho (AU)
To Ferenczi, whose thinking was largely in line with that of Freud, introjection was initially a fundamental concept in the psychic development of the child and was necessary to distinguish the neurotic functioning from other pathologies. Furthermore, introjection was a crucial notion for the theorization of the transference dynamics in the analytic relationship. However, in his final works, Ferenczi modified and expanded his first contribution, since he reassessed the importance of trauma and the confusion of tongues between the adult and the child and between the analyst and the patient; he conceptualized the notions of identification with the aggressor and of introjection of the guilt feeling in posttraumatic disorders and also underlined the decisive importance that disavowal and ego-splitting have in the dynamics of trauma. In his last contribution to psychoanalysis, condensed in the notes of his Clinical Diary, Ferenczi presented indeed an interesting neologism that he defined intropression, consisting in the attempt to combine introjection with the violent effects arisen in the child's mind after the unexpected irruption of the parental Superego and of adults in general. That dynamics is unfortunately present in some pathological modalities of the analytic relationship. The latter notion introduced by Ferenczi was brilliantly developed and completed by Abraham and Torok in their concept of crime of introjection to which the last part of this paper is dedicated
Para Ferenczi, muy en sintonía con el pensamiento de Freud, la introyección fue inicialmente un concepto fundamental en el desarrollo psíquico del niño e indispensable para diferenciar el funcionamiento neurótico de otras patologías. Además resultaba una noción esencial para teorizar la dinámica transferencial en la relación analítica. Sin embargo, al final de su obra, al revalorizar la importancia del trauma, de la confusión de lenguas entre el adulto y el niño y entre el analista y el paciente, al conceptualizar las nociones de identificación con el agresor y de introyección del sentimiento de culpa en los síndromes post-traumáticos y sobre todo al subrayar la importancia decisiva que adquiere el desmentido y la escisión del yo en la dinámica del trauma, Ferenczi modifica y enriquece enormemente su primera aportación. Precisamente, su última contribución al psicoanálisis, reflejada en las postreras notas del Diario clínico es un neologismo interesante que Ferenczi define como intropresión y que era el intento de conjugar la introyección con los efectos violentos que suscita en la irrupción inesperada del super yo parental y de los adultos en general en la mente del niño. Esta dinámica además, no deja de estar presente lamentablemente en algunas modalidades patológicas de la relación analítica. Esta última concepción de Ferenczi fue continuada y completada brillantemente por Abraham y Torok en su concepto del crimen de la introyección, al que se dedica la última parte del presente trabajo
Assuntos
Transtornos Relacionados a Trauma e Fatores de Estresse , Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos , CulpaRESUMO
Tomam-se as obras A genealogia da moral, de Nietzsche, e O mal-estar na civilização, de Freud, como leituras modernas acerca do papel desempenhado pelo sentimento de culpa no processo civilizatório. Algumas medidas (discutidas por ambos os autores) tomadas contra o sofrimento advindo da socialização humana são focadas como diagnósticos modernos do processo civilizacional e de seu atual estado, para então, a partir da problemática dos ideais, serem traçadas algumas decorrências éticas (concernentes à psicanálise) diante do conflito entre indivíduo e civilização.(AU)
The authors consider the works On the genealogy of morals by Nietzsche and Civilization and its discontents by Freud as Modern readings about the role played by guilt feeling on the civilizing process. Some measures (discussed by both authors) taken against the suffering that comes from human socialization are focused as diagnostics of Modern civilization process and its current state. Then, from the issue of ideals, some ethical consequences (concerning psychoanalysis) are placed about the conflict between individual and civilization.(AU)
Se toman las obras La genealogía de la moral, de Nietzsche, y El mal-estar en la civilización, de Freud, como lecturas modernas del papel desempeñado por el sentimiento de culpabilidad en el proceso de civilización. Se caracterizan algunas de las medidas (que ambos autores examinan) tomadas contra el sufrimiento que proviene de la socialización humana como diagnósticos modernos del proceso de civilización y su estado actual, para después, partiendo de la cuestión de los ideales, considerar algunas de las consecuencias éticas (en relación con el psicoanálisis) ante el conflicto entre el individuo y la civilización.(AU)
Assuntos
Humanos , Culpa , Ética , Interpretação Psicanalítica , MoralRESUMO
Tomam-se as obras A genealogia da moral, de Nietzsche, e O mal-estar na civilização, de Freud, como leituras modernas acerca do papel desempenhado pelo sentimento de culpa no processo civilizatório. Algumas medidas (discutidas por ambos os autores) tomadas contra o sofrimento advindo da socialização humana são focadas como diagnósticos modernos do processo civilizacional e de seu atual estado, para então, a partir da problemática dos ideais, serem traçadas algumas decorrências éticas (concernentes à psicanálise) diante do conflito entre indivíduo e civilização.
The authors consider the works On the genealogy of morals by Nietzsche and Civilization and its discontents by Freud as Modern readings about the role played by guilt feeling on the civilizing process. Some measures (discussed by both authors) taken against the suffering that comes from human socialization are focused as diagnostics of Modern civilization process and its current state. Then, from the issue of ideals, some ethical consequences (concerning psychoanalysis) are placed about the conflict between individual and civilization.
Se toman las obras La genealogía de la moral, de Nietzsche, y El mal-estar en la civilización, de Freud, como lecturas modernas del papel desempeñado por el sentimiento de culpabilidad en el proceso de civilización. Se caracterizan algunas de las medidas (que ambos autores examinan) tomadas contra el sufrimiento que proviene de la socialización humana como diagnósticos modernos del proceso de civilización y su estado actual, para después, partiendo de la cuestión de los ideales, considerar algunas de las consecuencias éticas (en relación con el psicoanálisis) ante el conflicto entre el individuo y la civilización.
Assuntos
Interpretação Psicanalítica , Culpa , MoralRESUMO
Este trabalho elabora questões éticas centrais no pensamento de Friedrich Nietzsche, valendo-se de uma perspectiva zen-budista, para a qual experiência e vivência são mais relevantes que especulação e teoria. A mediação da filosofia zen-budista permite interpretar conceitos como repetição, lembrança, liberdade, ressentimento e sentimento de culpa com base nas dimensões viven-ciais da existência, e aproximar, no plano da ética, teoria filosófica e experiência psicanalítica pela via dos conceitos de compulsão à repetição, devir-sujeito e responsabilidade. Para essa tarefa contribuem tanto os insights do pensamento zen-budista quanto a ironia filosófica de Sõren Kierkegaard, fecundando o diálogo entre a metapsicologia de Freud e a ética de Nietzsche.
The work at hand focuses on central ethical matters of Friedrich Nietzsches ideas, taking on a Zen Buddhist interpretation, to which living and experience are more relevant than a speculative or theoretic comprehension of ethical problems. I intend to show that the mediation of the Zen Buddhist philosophy allows for a more productive understanding of concepts such as eternal recurrence, repetition, responsibility, freedom, resentment, feelings of guilt and moral conscience, taking as a basis the dimensions of personal and existentialist experience. As a consequence of this hypothesis, a horizon of meaning is unleashed which allows the consistent approach, on the level of ethics, of philosophical theory with psychoanalytic experience, resorting to the possibilities opened by the concepts of repetition compulsion, subject to be, and responsibility. Such an approach is a task to which the insights of the Zen Buddhist line of thought contribute, along with the philosophic irony of Soren Kierkegaard, in order to fertilize the dialogue between Freud's metapsychology and Nietzsche's philosophy.
El presente trabajo aborda cuestiones éticas centrales del pensamiento de Friedrich Nietzsche apoyándose en una perspectiva zen budista de interpretación, para la cual la experiencia y la vivencia son más importantes que una comprensión especulativa o teórica de problemas éticos. Pretendo mostrar que la mediación de la filosofía zen budista permite comprender deforma más productiva conceptos tales como eterno retorno, repetición, responsabilidad, libertad, resentimiento, sentimiento de culpa y conciencia moral, basándose en las dimensiones de la vivencia personal y de la experiencia existencial. Como consecuencia de esa hipótesis, se abre un horizonte de sentido que permite aproximar consistentemente, en el plano de la ética, la teoría filosófica y la experiencia psicoanalítica, recurriendo a las posibilidades abiertas por los conceptos de compulsión por la repetición, devenir-sujeto y responsabilidad, tarea en la que contribuyen tanto los insightsdel pensamiento zen budista como la ironía filosófica de Soren Kierkegaard, para fecundar el diálogo entre la metapsicología de Freud y la filosofía de Nietzsche.
RESUMO
Este artigo analisa o modo como a psicanálise entende a relação entre sentimento de culpa e ética. Inicialmente associamos o mal-estar no humano à falta de orientação para seu agir no mundo; a partir daí caracterizamos o projeto ético como a busca por esta orientação, e conseqüentemente, como uma tentativa de superação do mal-estar. A análise freudiana sobre o sentimento de culpa revela que a forma como este projeto se articula em nossa civilização termina por engendrar o mal-estar. Nesta perspectiva, o sentimento de culpa pode ser entendido como fruto de uma determinada forma de articulação do problema ético(AU)
This paper analyses how psychoanalysis understands the relation between guilt feeling and ethics. We associate the human malaise to the lack of orientation of man action in the world. Thus, we characterize the ethical project as a search for such orientation, and therefore as an attempt to overcome the referred malaise. Freudian analysis of guilt feelings reveals that the way the ethical project is articulated in our civilization gives rise to this malaise. In this view, guilt feeling can be understood as a determined way of the articulation of an ethical problem(AU)