RESUMO
Poisonous plants are a significant cause of death among adult cattle in Brazil. Plants that affect the central nervous system are widely spread throughout the Brazilian territory and comprise over 30 toxic species, including the genus Ipomoea, commonly associated with a lysosomal storage disease and a tremorgenic syndrome in livestock. We describe natural and experimental Ipomoea pes caprae poisoning in cattle from a herd in the Northside of Rio de Janeiro, Brazil. Affected cattle presented episodes of severe ataxia, abnormal posture followed by falling, muscular tremor, contraction, and spasticity, more prominent in the limbs, intensified by movement and forthcoming, and recumbence. Grossly, a substantial amount of leaves and petioles were found in the rumen. Histopathological examination showed degenerative neuronal changes, mostly in cerebellar Purkinje cells, which were confirmed with Bielschowsky silver. The characteristic clinical changes and mild histological lesion strongly suggested a tremorgenic syndrome. Lectin- immunohistochemistry evaluation reinforced this hypothesis; all lectins tested failed to react with affect neurons and Purkinje cells, which ruled out an underlying lysosomal storage disease. One calf given I. pes caprae leaves experimentally developed clinical signs similar to natural cases. On the 28th day of the experiment, the plant administration was suspended, and the calf recovered within four days. I. pes caprae's spontaneous tremorgenic syndrome in cattle is conditioned to exclusive feeding for several months. We were able to experimentally reproduce toxic clinical signs 12 days following the ingestion.(AU)
A intoxicação por plantas tóxicas está entre as três causas de morte mais importantes em bovinos adultos no Brasil. O grupo das plantas que causam alterações neurológicas, muito bem representada no país, encerra mais de trinta espécies tóxicas, entre as quais do gênero Ipomoea, amplamente distribuídas no território brasileiro. As plantas tóxicas desse gênero podem causar doenças do armazenamento ou síndrome tremorgênica. Descrevem-se a intoxicação natural e reprodução experimental por Ipomoea pes caprae em bovinos, verificada no norte do Estado do Rio de Janeiro. Foram observados episódios de intensa ataxia locomotora, postura anormal seguida de queda, incapacidade de levantar-se, tremores, contrações, espasticidades musculares nos membros, intensificados após estimulação ou a simples aproximação e decúbito. Nos bovinos afetados há mais de 6 meses, os sinais clínicos tornavam-se permanentes. À necropsia havia apenas significativa quantidade de folhas e pecíolos da planta no rúmen. O estudo histopatológico evidenciou lesões neuronais degenerativas principalmente nos neurônios de Purkinje. A impregnação argêntica pela técnica de Bielschowsky ratificou esses achados microscópicos. As lesões histológicas sutis associadas ao quadro clínico indicam que trata-se de intoxicação tremorgênica. O fato de não haver nenhum armazenamento intracitoplasmático, confirmado pelo resultado do estudo lectino-histoquímico (não houve afinidade das lectinas Con-A, WGA e sWGA e de outras lectinas empregadas aos neurônios de Purkinje e outros neurônios afetados), é suficiente para descartar a possibilidade de tratar-se de doença do armazenamento. No bezerro intoxicado experimentalmente verificaram-se sinais clínicos semelhantes, entretanto, com a interrupção do fornecimento da planta no 28º dia, os sinais clínicos desapareceram após quatro dias. I. pes caprae causa síndrome tremorgênica espontânea em bovinos, quando ingerida como alimentação exclusiva durante períodos prolongados (muitos meses). Experimentalmente, os primeiros sinais clínicos da intoxicação foram reproduzidos após 12 dias de ingestão da planta.(AU)
Assuntos
Animais , Bovinos , Intoxicação por Plantas/veterinária , Intoxicação por Plantas/epidemiologia , Doenças dos Bovinos , Síndromes Neurotóxicas/etiologia , Síndromes Neurotóxicas/patologia , Ipomoea/intoxicação , Tremor/etiologia , Tremor/veterinária , Síndromes Neurotóxicas/veterináriaRESUMO
Poisonous plants are a significant cause of death among adult cattle in Brazil. Plants that affect the central nervous system are widely spread throughout the Brazilian territory and comprise over 30 toxic species, including the genus Ipomoea, commonly associated with a lysosomal storage disease and a tremorgenic syndrome in livestock. We describe natural and experimental Ipomoea pes caprae poisoning in cattle from a herd in the Northside of Rio de Janeiro, Brazil. Affected cattle presented episodes of severe ataxia, abnormal posture followed by falling, muscular tremor, contraction, and spasticity, more prominent in the limbs, intensified by movement and forthcoming, and recumbence. Grossly, a substantial amount of leaves and petioles were found in the rumen. Histopathological examination showed degenerative neuronal changes, mostly in cerebellar Purkinje cells, which were confirmed with Bielschowsky silver. The characteristic clinical changes and mild histological lesion strongly suggested a tremorgenic syndrome. Lectin- immunohistochemistry evaluation reinforced this hypothesis; all lectins tested failed to react with affect neurons and Purkinje cells, which ruled out an underlying lysosomal storage disease. One calf given I. pes caprae leaves experimentally developed clinical signs similar to natural cases. On the 28th day of the experiment, the plant administration was suspended, and the calf recovered within four days. I. pes caprae's spontaneous tremorgenic syndrome in cattle is conditioned to exclusive feeding for several months. We were able to experimentally reproduce toxic clinical signs 12 days following the ingestion.(AU)
A intoxicação por plantas tóxicas está entre as três causas de morte mais importantes em bovinos adultos no Brasil. O grupo das plantas que causam alterações neurológicas, muito bem representada no país, encerra mais de trinta espécies tóxicas, entre as quais do gênero Ipomoea, amplamente distribuídas no território brasileiro. As plantas tóxicas desse gênero podem causar doenças do armazenamento ou síndrome tremorgênica. Descrevem-se a intoxicação natural e reprodução experimental por Ipomoea pes caprae em bovinos, verificada no norte do Estado do Rio de Janeiro. Foram observados episódios de intensa ataxia locomotora, postura anormal seguida de queda, incapacidade de levantar-se, tremores, contrações, espasticidades musculares nos membros, intensificados após estimulação ou a simples aproximação e decúbito. Nos bovinos afetados há mais de 6 meses, os sinais clínicos tornavam-se permanentes. À necropsia havia apenas significativa quantidade de folhas e pecíolos da planta no rúmen. O estudo histopatológico evidenciou lesões neuronais degenerativas principalmente nos neurônios de Purkinje. A impregnação argêntica pela técnica de Bielschowsky ratificou esses achados microscópicos. As lesões histológicas sutis associadas ao quadro clínico indicam que trata-se de intoxicação tremorgênica. O fato de não haver nenhum armazenamento intracitoplasmático, confirmado pelo resultado do estudo lectino-histoquímico (não houve afinidade das lectinas Con-A, WGA e sWGA e de outras lectinas empregadas aos neurônios de Purkinje e outros neurônios afetados), é suficiente para descartar a possibilidade de tratar-se de doença do armazenamento. No bezerro intoxicado experimentalmente verificaram-se sinais clínicos semelhantes, entretanto, com a interrupção do fornecimento da planta no 28º dia, os sinais clínicos desapareceram após quatro dias. I. pes caprae causa síndrome tremorgênica espontânea em bovinos, quando ingerida como alimentação exclusiva durante períodos prolongados (muitos meses). Experimentalmente, os primeiros sinais clínicos da intoxicação foram reproduzidos após 12 dias de ingestão da planta.(AU)
Assuntos
Animais , Bovinos , Intoxicação por Plantas/veterinária , Intoxicação por Plantas/epidemiologia , Doenças dos Bovinos , Síndromes Neurotóxicas/etiologia , Síndromes Neurotóxicas/patologia , Ipomoea/intoxicação , Tremor/etiologia , Tremor/veterinária , Síndromes Neurotóxicas/veterináriaRESUMO
ETHNOPHARMACOLOGICAL RELEVANCE: Ipomoea pes-caprae is known as bayhops, beach morning glory or goat's foot, and in Brazil as salsa-de-praia. Its leaves are used in worldwide folk medicine for the relief of jellyfish-stings symptoms. The literature only reports the neutralizing effects of nonpolar plant derived over jellyfish venoms, without validating the popular use or exploring the mechanism of action. AIM OF THE STUDY: This study aimed to evaluate and validate the topical effects of a semisolid containing hydroethanolic extract obtained from the aerial parts of I. pes-caprae using different models of paw- and ear-oedema and spontaneous nociception in mice, attempting to better understand the mechanism involved in its effect. MATERIALS AND METHODS: Leaf and stem of I. pes-caprae were extracted by ethanol 50% (v/v) and the soft-extract was incorporated in Hostacerin® cream base at 0.5%, 1.0% and 2% (w/w). The anti-hypersensitivity effects were evaluated by injecting the Physalia physalis venom into the right mice's hindpaw pre-treated either with the semisolid containing the I. pes-caprae extract or with the isolated majority compound 3,5-Di-O-caffeoylquinic acid (ISA). The topical anti-inflammatory activity was investigated using both preclinical models: paw oedema induced by trypsin, bradykinin (BK), histamine and carrageenan, and ear oedema induced by capsaicin. Additionally, the model of spontaneous nociception induced by trypsin and capsaicin were used to verify the topical antinociceptive activity. RESULTS: The animals pre-treated with the semisolid containing I. pes-caprae extract or with the intraplantar injection of the major component (ISA) had the mechanical hypersensitivity induced by P. physalis venom significantly reduced. Significant inhibition was also observed in paw-oedema induced by trypsin, histamine and BK, and in a less extent in carrageenan-induced paw oedema. Similar effect was observed in mice challenged to the capsaicin-induced ear-oedema. Besides the vascular effects, the extract interfered with leukocyte migration induced by histamine injection. Finally, the semisolid presented significant inhibition in trypsin- and capsaicin-induced spontaneous nociception. CONCLUSIONS: The hydroethanolic extract of I. pes-caprae showed compliance with the topical popular use of the herbal product to relieve the symptoms evoked by the cnidarian venom-skin contact, such as neurogenic oedema and nociception. The extract components seem to interfere with the effects resulting from the TRPV1, B2R and PAR-2 activation, once it interfered with painful-behaviour and oedema induced by capsaicin, BK and trypsin, pointing the histaminergic system as the main target, once it is an important mediator in the signalling pathway of the aforementioned receptors.
Assuntos
Analgésicos/administração & dosagem , Anti-Inflamatórios/administração & dosagem , Venenos de Cnidários/toxicidade , Convolvulaceae , Extratos Vegetais/administração & dosagem , Preparações de Plantas/administração & dosagem , Administração Tópica , Analgésicos/isolamento & purificação , Animais , Anti-Inflamatórios/isolamento & purificação , Edema/tratamento farmacológico , Edema/patologia , Feminino , Inflamação/tratamento farmacológico , Inflamação/patologia , Masculino , Camundongos , Nociceptividade/efeitos dos fármacos , Nociceptividade/fisiologia , Medição da Dor/efeitos dos fármacos , Medição da Dor/métodos , Componentes Aéreos da Planta , Extratos Vegetais/isolamento & purificação , Preparações de Plantas/isolamento & purificaçãoRESUMO
Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br., Convolvulaceae, is a medicinal plant that grows abundantly as a pan-tropical stand plant. The 3² (two factors and three levels) factorial design, was applied to determine the best time and drug/solvent proportion to maximize the flavonoid content in the hydroethanolic extract by maceration process. The antinociceptive and anti-inflammatory effects were studied at 5-20 mg/kg, i.p., using the writhing test and carrageenan-induced pleurisy models in mice. The optimized extract was able to inhibit more than 50% of abdominal writhing at 20 mg/kg, with 55.88%±2.4 of maximum inhibition. Indomethacin, used as positive control, inhibited 64.86% at 10 mg/kg. In the pleurisy model, the extract produced dose-dependent inhibition of the first phase of inflammation (4 h) in the pleural cavity induced by injection of carrageenan (1%) in mice. It inhibited 50%±0.82 (p<0.01) of exudation induced by carrageenan, and 60.88%±0.14 (p<0.01) of leukocyte migration to the pleural cavity. In conclusion, the results validate the technological conditions of the maceration process to produce an optimized bioactive herb extract for the development of analgesic and anti-inflammatory phytopharmaceuticals using 70 ºGL ethanol, a plant to solvent ratio of 12.5% (w/v), and ten days of maceration.
RESUMO
A number of natural compounds have been used as immunomodulatory agents, enabling the function of the immune system to be modified by stimulating or suppressing it. There has been increasing interest in the study of therapeutic action of plant extracts regarding their immunomodulatory activity. The aim of this study was to identify and evaluate the action of extracts of the medicinal plants Calophyllum brasiliense, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaeagnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis and Vernonia scorpioides on the development of spleen cells from mice, using the in vitro cellular proliferation assay. The cells, obtained by mechanical rupture of mice spleen (5x10(4) cells/mL), were incubated with methanol extracts (10, 50, 100 and 200 µg/mL) and phytohemagglutinin (PHA, 5 µg/mL). The basal control for proliferation consisted of cells alone, while the positive control consisted of cells and PHA. The cell culture was kept at 37 ºC in 5 percent CO2 for 72 hours, and cell proliferation was revealed by the blue tetrazolium reduction assay (MTT). The results were expressed as percentage of growth and were analyzed using the Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests. The C. brasiliense, I. pes-caprae and M. elaeagnoides extracts showed dose-dependent induction of cell proliferation, with a significant increase in cell proliferation (p<0.03) and percentage growth of 88.2 percent, 73.1 percent and 52.7 percent, respectively, suggesting T lymphocyte stimulation. By contrast, M. robusta, R. imperialis and V. scorpioides extracts showed significance only with a negative percentage of growth, suggesting inhibition of cell proliferation (p<0.04). Further biomonitoring studies will enable the fractions and isolated substances responsible for the immunomodulatory activities to be identified.
Várias substâncias de origem natural têm sido utilizadas como agentes imunomoduladores, permitindo modificar a função do sistema imune e propiciando o estudo de atividades terapêuticas de extratos de plantas. Este trabalho objetivou identificar a atividade imunomodulatória dos extratos de seis plantas medicinais da flora brasileira, Calophyllum brasiliense, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaeagnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis e Vernonia scorpioides, sobre a proliferação de células esplênicas de camundongos. As células esplênicas murinas obtidas por ruptura mecânica do baço (5x14³ células/mL) foram incubadas com os extratos metanólicos das plantas (10, 50, 100, 200 µg/mL) e fito-hemaglutinina (PHA, 5 µg/mL). O controle basal de proliferação foi constituído de células apenas e o controle positivo formado por células e PHA. O cultivo celular foi mantido a 37 ºC, 5 por cento de CO2, 72 horas, com quantificação da proliferação celular pelo ensaio de redução do azul de tetrazólio. Os resultados expressos em percentagem de crescimento foram analisados pelos testes de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Os extratos de C. brasiliense, I. pes-caprae e M. elaeagnoides mostraram indução dose-dependente da proliferação celular (p<0,03), com percentagem de crescimento de, respectivamente, 88,2 por cento, 73,1 por cento e 52,7 por cento, sugerindo estímulo de linfócitos T. Contrariamente, os extratos de M. robusta, R. imperialis e V. scorpioides apresentaram significância apenas com percentagem de crescimento negativa, indicando inibição da proliferação celular (p<0,04). A continuidade no estudo biomonitorado permitirá a identificação das frações e substâncias isoladas responsáveis pelas atividades imunomoduladoras.
Assuntos
Animais , Camundongos , Calophyllum , Células/química , Extratos Vegetais/química , Ipomoea , Maytenus , Murinae , Rosaceae , Sapindaceae , Baço , Vernonia , Fatores Imunológicos , Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de FourierRESUMO
Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br., (Convolvulaceae), planta que ocorre abundantemente nas dunas do litoral é popularmente conhecida como "salsa-da-praia", e usada na medicina popular devido às suas propriedades analgésica, antiinflamatória e cicatrizante. A partir das partes aéreas frescas foram desenvolvidos protocolos para o seu tratamento prévio e controle de qualidade, com o propósito de caracterizar a planta como matéria-prima farmacêutica. A perda por secagem mostrou que as folhas apresentam menor rendimento de matéria seca em relação aos caules, devido ao seu maior teor de água. A secagem e moagem teve por objetivo a manutenção da perda por dessecação abaixo do valor máximo permitido para drogas vegetais. As folhas e caules secos e moídos foram classificados como pós grossos através da análise granulométrica por tamisação, e caracterizados segundo testes farmacopeicos para drogas vegetais. A determinação de cinzas indicou a presença de material inorgânico, possivelmente areia, associado ao habitat da espécie. O teor de extrativos solúveis em água foi maior nas folhas, seguido dos caules e proporcional na planta inteira, correlacionando-se ao teor de flavonoides totais. A cromatografia em camada delgada das soluções extrativas hidroetanólicas mostrou diferenças apenas com relação à intensidade das manchas, e indicação da presença de isoquercitrina, sendo mais evidente nas folhas.
Ipomoea pes caprae (L.) R. Br., (Convolvulaceae), a pantropical stand plant, popularly known as "salsa-da-praia", is used in folk medicine because of its analgesic, antinflammatory and healing properties. Protocols were developed from the fresh aerial plants to establish their previous treatment and quality control in order to get it characterized as a pharmaceutical raw material. The loss of water on drying in an air oven, showed that leaves represent a lesser dried mass yield than branches, as a result of its higher water content. Drying and milling were aimed at keeping the loss on drying below the limit value accepted for herbs. Dried and milled leaves and branches were classified as thick powder through the sieving method, before they were characterized according to pharmacopoeial tests for herbs. The determination of ashes indicated the presence of inorganic materials, most probably due to sand content which came from the herb habitat. The soluble water extractives were greater from the leaves, followed by the branches and proportional for the entire plant. These results showed to be correlated to the total flavonoid content. The thin layer chromatography for the hydroethanolic solutions only demonstrated differences related to the spots color intensity, and indicated the presence of isoquercitrin, being more evident from the leaves.