RESUMO
A recente exploração das origens e das questões epistemológicas da psicologia clínica perinatal requer a retomada da fonte matricial da psicologia clínica, que se define por seu objeto de dupla face: a exploração do cotidiano da realidade psíquica consciente/inconsciente, subjetiva/intersubjetiva do sujeito em questão sob as formas individual/grupal, normais/patológicas; a implementação prática de dispositivos de encontros intersubjetivos propícios à observação da processualidade associativa verbal/não verbal, focal/livre e a significação subjetivante de suafenomenologia e de seus obstáculos conflitivos inibidores ou dissociativos. A metodologia clínicadesta realidade psíquica é inseparável da sua implementação no contexto cruzado de todos osatores envolvidos. Da mesma forma, a primeira face do objeto da psicologia clínica perinatal será a exploração do cotidiano da realidade psíquica consciente/inconsciente, subjetiva/intersubjetivado sujeito em situação de tornar-se (novamente) pai, nascer humano e ser cuidador sob as formas normais/patológicas, individual, conjugal e grupal. A atenção direcionada àpossibilidade de os pais e cuidadores se beneficiarem de ambientes íntimos, privados e institucionaispropícios à metabolização desta amplificação da processualidade associativa verbal enão-verbal (somática, em particular) inerente às transformações biopsíquicas da parentalização, bem como ao seu acompanhamento profissional, constitui a segunda face do objeto da psicologiaclínica perinatal. A promessa heurística da psicologia clínica perinatal é discutida.