RESUMO
O presente estudo objetivou explorar os sentidos que a relação terapêutica produz nos profissionais de um serviço de Consultório na Rua (CRua), buscando refletir sobre os desejos e afetos no trabalho, analisando os diversos aspectos presentes nestas relações estabelecidas entre equipe e usuários, como também estimou os limites desta clínica realizada com a população em situação de rua. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo, sendo um estudo exploratório.Como instrumento para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semi estruturadas com cinco trabalhadores do CRua Pintando Saúde, do Grupo Hospitalar Conceição, de ensino técnico e superior. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para a compreensão dos dados. Os resultados evidenciaram que a Clínica nas Ruas é permeada por um tempo próprio, de urgência no aqui e agora, sendo este um trabalho de grande complexidade por produzir um constante habitar limites dos profissionais e os principais sentimentos despertados foram de frustação e indignação. A principal ferramenta de cuidado em saúde envolve uma escuta qualificada, onde o encontro, o afeto e a presença desses trabalhadores se fazem fundamentais para a reconstrução dos vínculos dessa população. Por fim, evidencia-se neste estudo o quanto o trabalho no CRua é sentido como invisível e desvalorizado, tendo como principal desafio desta clínica o enfrentamento à dificuldade de reconhecimento dos demais serviços de saúde e da própria instituição que o coordena