RESUMO
Abstract This article aims to analyze residential segregation by race (racial segregation) and income (economic segregation) in Brazil and explore its relationship with socioeconomic and socio-spatial factors. Residential segregation was assessed using the dissimilarity index based on the 2010 demographic census and considering urban census tracts since segregation is sociologically considered an urban problem. The results for racial segregation showed that it is more evident in cities in the South and Southeast of Brazil and mainly affects the self-declared black population. The approach used to calculate economic segregation involved examining the income level of different low-income groups. Therefore, we consider families that earned between 0 and 1 minimum wage as the group with the greatest social vulnerability. We did not find significant correlations between racial and income segregation indices with aspects such as urbanization (urban population size). Finally, we present the racial segregation indices stratifying families by income thresholds for the 27 Brazilian capitals and conclude that per capita household income is a preponderant factor for the segregation of the poorest, especially in families whose residents self-identify as black.
Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a segregação residencial por raça (segregação racial) e renda (segregação econômica) no Brasil e explorar sua relação com fatores socioeconômicos e socioespaciais. A segregação residencial foi avaliada pelo índice de dissimilaridade baseado no Censo Demográfico de 2010 e considerando setores censitários urbanos, uma vez que a segregação é entendida sociologicamente como um problema urbano. Os resultados mostram que a segregação racial é mais evidente nas cidades do Sul e Sudeste do Brasil, atingindo principalmente a população autodeclarada preta. A abordagem utilizada para calcular a segregação econômica envolveu examinar o nível de renda de diferentes grupos de baixa renda. Portanto, consideramos as famílias que ganham entre 0 e 1 salário mínimo - o grupo de maior vulnerabilidade social. Não encontramos correlações significativas entre os índices de segregação racial e de renda com fatores como a urbanização (tamanho da população urbana). Por fim, apresentamos os índices de segregação racial estratificando as famílias por faixas de renda para as 27 capitais brasileiras e concluímos que a renda domiciliar per capita é fator preponderante para a segregação dos mais pobres, principalmente nas famílias cujos moradores se autodeclaram pretos.
Resumen Este artículo tiene como objetivo analizar la segregación residencial por raza (segregación racial) y renta (segregación económica) en Brasil y explorar su relación con factores socioeconómicos y socioespaciales. La segregación residencial se evaluó utilizando el índice de disimilitud con base en el censo demográfico de 2010 y considerando las secciones censales urbanas ya que la segregación es considerada sociológicamente como un problema urbano. Los resultados para la segregación racial mostraron que esta es más evidente en ciudades del sur y del sudeste de Brasil y que afecta principalmente a la población autodeclarada negra. El enfoque usado para calcular la segregación económica implicó examinar el nivel de ingresos de diferentes grupos de bajos ingresos. Por lo tanto, consideramos que las familias que ganaban entre cero y un salario mínimo son el grupo con mayor vulnerabilidad social. No encontramos correlaciones significativas entre los índices de segregación racial y los de ingresos con factores como la urbanización (tamaño de la población urbana). Finalmente, presentamos los índices de segregación racial estratificando a las familias por umbrales de renta para las 27 capitales brasileñas y concluimos que la renta per cápita de los hogares es un factor preponderante para la segregación de los más pobres, en especial en las familias cuyos habitantes se autodeclaran negros.
Assuntos
Humanos , Fatores Socioeconômicos , População Negra , Segregação Social , Instabilidade Habitacional , Segregação Residencial , Censos , Índice de Vulnerabilidade Social , Vulnerabilidade SocialRESUMO
O presente texto se compõe de reflexões realizadas a respeito do lugar dos pobres no direito à cidade capitalista, incitadas através da leitura do livro Quarto de despejo: o diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus e de sua correlação com alguns autores que trazem a questão da cidade em suas obras. Ao longo de três seções, foram abordados temas como a criminalização da pobreza e a retirada dos pobres das cidades tradicionais, quando do estabelecimento da cidade enquanto mercadoria de luxo; a cidade e a para-cidade, a ilha que a cerca, onde procuramos compreender então quem tem direito a essa cidade-negócio e quem não tem; e, por fim, procuramos trazer à tona o sonho, a esperança que nos direciona ao campo de possibilidades, ao campo da vida e da restituição do urbano, onde tratamos um pouco a respeito da utopia desenhada por Lefebvre e da arte e do sensível enquanto meios de restaurar a vida nas cidades
This present is composed of reflections about the place of the poor in the right to the capitalistic city, incited by reading the book: Quarto de despejo: o diário de uma favelada, written by Carolina Maria de Jesus and its correlation to some authors who bring the issue of the city into their works. Throughout trhee sections, we approached subjects such as the criminalization of poverty and the removal of the poor from traditional cities, when the city was established as a luxury commodity; the city and the para-city, the island that surrounds it, where we tried to comprehend then who is entitled to this business-city and who is not; and, by the end, we tried to bring the dream, the hope that drives us to the possibilities field, to life field and to restitution of the urban, where we dealed a little with the utopia drawed by Lefebvre and with art and sensitive as paths to restore life in the cities
Assuntos
Pobreza , Leitura , Sociologia , Utopias , SonhosRESUMO
No início de 2020, assentamentos urbanos em todo o mundo experimentaram a rápida expansão da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). As cidades foram os focos de contaminação nos países que apresentaram notificações significativas de Covid-19. Neste estudo, investigamos primeiramente a disseminação do novo coronavírus entre cidades espraiadas e compactas, examinando aspectos como densidade urbana, localização de pessoas e empregos e padrões de deslocamento. Nessa análise, a literatura anterior e os dados recentes de três grandes cidades distintas (Nova York, Los Angeles e São Paulo) apoiam a discussão. Com base na revisão da literatura, demonstra-se que a morfologia urbana, a infraestrutura e os projetos de mobilidade e atividades econômicas são aspectos relevantes do desenvolvimento urbano que podem afetar as interações entre os cidadãos e a disseminação da Covid-19. Além disso, observa-se que a escala regional e a análise da rede urbana também são importantes nos estudos que investigam o crescimento da Covid-19. Por fim, a revisão da literatura mostra que a vulnerabilidade socioespacial urbana é relevante em tempos de pandemia, diante das associações entre a disseminação da Covid-19 e aspectos socioespaciais nas cidades, como pobreza e desigualdade.
A principios de 2020, los asentamientos urbanos de todo el mundo experimentaron la rápida expansión del síndrome respiratorio agudo severo (SARS-CoV-2). Las ciudades fueron los puntos críticos de contaminación por el virus dentro de los países que presentaron notificaciones significativas de COVID-19. En este estudio, primero investigamos la diseminación de COVID-19 en grandes ciudades compactas y extensas, y examinamos aspectos como la densidad urbana, la ubicación de personas y trabajos, y los patrones de desplazamiento. En este análisis, la literatura previa y los datos recientes de tres distintas grandes ciudades (Nueva York, Los Ángeles y San Pablo) apoyan nuestra discusión. Aquí, confirmamos que la morfología urbana, la infraestructura, los proyectos de movilidad y las actividades económicas son aspectos relevantes del desarrollo urbano que pueden afectar las interacciones entre los ciudadanos y la difusión de la COVID-19. Además, demostramos que la escala regional y el análisis de redes urbanas también son importantes en los estudios que investigan el crecimiento de COVID-19. Finalmente, investigamos la vulnerabilidad socioespacial urbana en tiempos de pandemia, destacando las asociaciones entre la diseminación de la COVID-19 y aspectos socio-dentro de las ciudades, como la pobreza y la desigualdad.
In early 2020, urban settlements worldwide have experienced the rapid expansion of severe acute respiratory syndrome (SARS-CoV-2). Cities were the hotspots of virus contamination within countries presenting significant COVID-19 notifications. In this study, we first investigate the COVID-19 dissemination between compact and sprawling big cities, examining aspects such as urban density, location of people and jobs and commuting patterns. Previous literature and recent data from three distinct big cities (New York, Los Angeles and Sao Paulo) support our discussion. Our literature review demonstrates that urban morphology, infrastructure, mobility projects and economic activities are relevant aspects of urban development that might affect interactions among citizens and COVID-19 dissemination. In addition, we show that regional scale and urban network analysis are also relevant in studies investigating COVID-19 growth. Finally, our literature review shows that urban socio-spatial vulnerability is also relevant in times of pandemic, highlighting the associations between COVID-19 dissemination and socio aspects within cities, such as poverty and inequality.
Assuntos
Humanos , População Urbana , Urbanização , Pandemias , COVID-19 , Mudança Social , Densidade Demográfica , Segregação Social , Vulnerabilidade SocialRESUMO
Nossas cidades são fortemente marcadas por processos de segregação socioespacial que as dividem em territórios estrangeiros, cada qual com seu universo cultural próprio. Esses estrangeirismos frequentemente colocam desafios às práticas de extensão universitária, ou outras práticas de pesquisa e trabalho que colocam em contato distintos universos culturais. A partir da experiência de se sentir estrangeira na Favela da Mangueira, que se deu no âmbito de um projeto de extensão universitária vinculado ao Instituto de Psicologia da UFRJ, pretendemos traçar uma reflexão sobre como delimitam-se essas fronteiras urbanas e sobre as possibilidades de invenção do comum em uma cidade dividida, colocando em diálogo nossas experiências no campo com as elaborações de autores da fenomenologia, filosofia política, história, arte e urbanismo. Buscamos colaborar, desta forma, com aqueles que atuam em projetos de pesquisa-intervenção, extensão universitária, movimentos sociais, ONGs e outras formas de organização social que trabalhem em zonas fronteiriças dentro da cidade.
Our cities are keenly characterized by processes of socio-spatial segregation which divide them into estranged territories, each with its own cultural universe. Such estrangements are often challenging to university extension practices, as well as to other work and research practices which foster contact between different cultural universes. Based on our experience of 'feeling like a foreigner' in the Favela da Mangueira during a university extension project associated with the Institute of Psychology of the Federal University of Rio de Janeiro, we offer a reflection on how urban partitions arise and how we can invent the common in a divided city. We look to make our experiences in the field conversant with the works of authors from different areas, such as phenomenology, political philosophy, history, art and urbanism. Thus, we seek to collaborate with other researchers who direct research-intervention projects, university extension, social movements, NGOs and other types of social organizations working in urban fringe zones.
Nuestras ciudades son fuertemente marcadas por los procesos de segregación socio espacial que las dividen en territorios extranjeros, cada cual con su universo cultural propio. Esos extranjerismos frecuentemente generan desafíos para las prácticas de extensión universitaria, u otras prácticas de investigación y trabajo que ponen en contacto distintos universos culturales. A partir de la experiencia de sentirse extranjera en la Favela de Mangueira, que se dio en el ámbito de un proyecto de extensión universitaria vinculado al Instituto de Psicología de la UFRJ, pretendemos trazar una reflexión sobre cómo se delimitan esas fronteras urbanas y sobre las posibilidades de invención de lo común en una ciudad dividida, colocando en dialogo nuestras experiencias en el campo con las elaboraciones de autores de la fenomenología, filosofía, política historia, arte y urbanismo. Buscamos colaborar, de esta forma, con aquellos que actúan en proyectos de investigación-intervención, extensión universitaria, movimientos sociales, ONGs y otras formas de organización social que trabajen en zonas fronterizas dentro de la ciudad.
Assuntos
Humanos , Política , Problemas Sociais , Cidades , EstéticaRESUMO
Nossas cidades são fortemente marcadas por processos de segregação socioespacial que as dividem em territórios estrangeiros, cada qual com seu universo cultural próprio. Esses estrangeirismos frequentemente colocam desafios às práticas de extensão universitária, ou outras práticas de pesquisa e trabalho que colocam em contato distintos universos culturais. A partir da experiência de se sentir estrangeira na Favela da Mangueira, que se deu no âmbito de um projeto de extensão universitária vinculado ao Instituto de Psicologia da UFRJ, pretendemos traçar uma reflexão sobre como delimitam-se essas fronteiras urbanas e sobre as possibilidades de invenção do comum em uma cidade dividida, colocando em diálogo nossas experiências no campo com as elaborações de autores da fenomenologia, filosofia política, história, arte e urbanismo. Buscamos colaborar, desta forma, com aqueles que atuam em projetos de pesquisa-intervenção, extensão universitária, movimentos sociais, ONGs e outras formas de organização social que trabalhem em zonas fronteiriças dentro da cidade. (AU)
Our cities are keenly characterized by processes of socio-spatial segregation which divide them into estranged territories, each with its own cultural universe. Such estrangements are often challenging to university extension practices, as well as to other work and research practices which foster contact between different cultural universes. Based on our experience of "feeling like a foreigner" in the Favela da Mangueira during a university extension project associated with the Institute of Psychology of the Federal University of Rio de Janeiro, we offer a reflection on how urban partitions arise and how we can invent the common in a divided city. We look to make our experiences in the field conversant with the works of authors from different areas, such as phenomenology, political philosophy, history, art and urbanism. Thus, we seek to collaborate with other researchers who direct researchintervention projects, university extension, social movements, NGOs and other types of social organizations working in urban fringe zones. (AU)
Nuestras ciudades son fuertemente marcadas por los procesos de segregación socio espacial que las dividen en territorios extranjeros, cada cual con su universo cultural propio. Esos extranjerismos frecuentemente generan desafíos para las prácticas de extensión universitaria, u otras prácticas de investigación y trabajo que ponen en contacto distintos universos culturales. A partir de la experiencia de sentirse extranjera en la Favela de Mangueira, que se dio en el ámbito de un proyecto de extensión universitaria vinculado al Instituto de Psicología de la UFRJ, pretendemos trazar una reflexión sobre cómo se delimitan esas fronteras urbanas y sobre las posibilidades de invención de lo común en una ciudad dividida, colocando en dialogo nuestras experiencias en el campo con las elaboraciones de autores de la fenomenología, filosofía, política historia, arte y urbanismo. Buscamos colaborar, de esta forma, con aquellos que actúan en proyectos de investigación-intervención, extensión universitaria, movimientos sociales, ONGs y otras formas de organización social que trabajen en zonas fronterizas dentro de la ciudad. (AU)
Assuntos
Política , Estética , Cidades , Problemas SociaisRESUMO
O texto se inicia com a ideia de que o espaço urbano não é um dado da natureza, mas um produto do trabalho humano. Propõe então uma nova maneira de abordar a segregação urbana, utilizando para isso o caso da cidade de São Paulo. Mostra, entretanto, que essa nova abordagem vale também não só para a Região Metropolitana de São Paulo, como também para todas as demais Regiões Metropolitanas do Brasil. Esclarece os avanços por ela possibilitados, a saber: tanto o relacionamento da segregação com a estrutura espacial urbana como um todo, como seu relacionamento com todos os componentes da totalidade social. Nesse sentido, faz uma análise da segregação espacial dos empregos da população na cidade de São Paulo, mostrando a relação entre a segregação residencial e a segregação dos locais de emprego, bem como a relação dessas segregações com a desigualdade e a dominação sociais. Finalmente, mostra a relação entre a produção social do espaço e a produção social do tempo, mediante análise da relação entre o espaço urbano e o tempo gasto pelos moradores das metrópoles em seus deslocamentos nesse espaço.
The paper starts with the idea that urban space is not a product of nature but of men´s labour. It proceeds presenting a new way of focusing and analyzing urban segregation, using the city of São Paulo as a case study. Through several social indicators, presented in 8 illustrations, it shows urban segregation in São Paulo. It shows however that this new way also applies to any Brazilian metropolitan area. Important aspects shown by this new way are: on the one hand, the possibility it offers of analyzing the relationship between urban segregation of residences, working places and the overall urban spatial structure; on the other hand, the possibility of analyzing the relationship between urban segregation and the social inequality which prevails in Brazilian society as well as with social domination. It finally shows the relationship between human production of urban space and human production of time and the importance of the former.