RESUMO
A prova calórica é uma importante ferramenta na avaliação da função labiríntica. OBJETIVO: Comparar o nistagmo pós-calórico da prova com ar a 50ºC e 24ºC com o da prova com água a 44ºC e 30ºC. Desenho científico: Estudo clínico cruzado randomizado. MATERIAL E MÉTODO: 40 indivíduos hígidos submetidos à avaliação da função vestibular incluindo a prova calórica com ar a 50ºC e 24ºC e com água a 44ºC e 30ºC. RESULTADOS: À comparação das provas com ar e com água, não houve diferença significante entre os valores da velocidade angular da componente lenta (VACL) do nistagmo pós-calórico quanto à ordem de realização das estimulações, entre as orelhas e entre os valores de predomínio labiríntico e de preponderância direcional. Os valores da VACL foram maiores nas estimulações com água (p = 0,008; p < 0,001) e a temperatura fria evocou respostas mais intensas (p < 0,001). CONCLUSÃO: À comparação entre as provas com ar a 50ºC e 24ºC e com água a 44ºC e 30ºC, observam-se valores de velocidade da componente lenta similares em ambas as orelhas, maiores na temperatura fria e na prova com água e resultados semelhantes de predomínio labiríntico ou de preponderância direcional do nistagmo pós-calórico em ambas as provas.
The caloric test is an important tool for the assessment of labyrinthine function. OBJECTIVE: To compare the nystagmus response in the caloric tests with air at 50ºC and 24ºC and with water at 44ºC and 30ºC. Study Design: Randomized crossover clinical trial. MATERIALS AND METHODS: 40 healthy individuals were submitted to a neurotological evaluation, including caloric tests with air at 50ºC and 24ºC and water at 44ºC and 30ºC. RESULTS: Comparing the air and water caloric tests, there were no significant differences among the post-caloric nystagmus slow-phase velocity in relation to the stimulation order, between ears and between the values of unilateral weakness and directional preponderance. The slow-phase velocity values were higher with water (p = 0.008, p < 0.001), and cold stimulation produced stronger responses (p < 0.001). CONCLUSION: Comparing 50ºC and 24ºC air caloric test and 44ºC and 30ºC water caloric test, we observed similar slow-phase velocity values for both ears, higher responses in the cold temperature and in the test with water, and similar results of unilateral weakness or directional preponderance for post-caloric nystagmus in both tests.
Assuntos
Adolescente , Adulto , Feminino , Humanos , Masculino , Adulto Jovem , Testes Calóricos/métodos , Nistagmo Fisiológico/fisiologia , Ar , Estudos Cross-Over , ÁguaRESUMO
Poucos trabalhos desde a década de 70 foram realizados a fim de elucidar a prova calórica em alterações da orelha média, apesar de inúmeras controvérsias que este exame pode trazer em estruturas anatômicas tão distintas. Na mastoidectomia radical, estes estudos são mais escassos. OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo analisar os achados da estimulação calórica a ar em indivíduos com mastoidectomia radical unilateral sem queixas de tontura. MATERIAL E MÉTODO: Estudo prospectivo, realização da estimulação calórica a ar em 36 indivíduos sem queixas vestibulares, sendo 21 com cirurgia de mastoidectomia aberta unilateral e 15 sem nenhuma alteração na orelha média ou externa. RESULTADOS: 80,95% dos indivíduos apresentaram respostas assimétricas na prova calórica frias, sendo as respostas maiores do lado da mastoidectomia aberta. Em 72,73%, o mesmo efeito ocorreu com a prova calórica quente. Na análise das quatro estimulações, encontrou-se assimetria das provas quente e frias em 81,82% dos casos. Em 47,61%, foi encontrada estimulação paradoxal da prova calórica quente. CONCLUSÃO:As respostas nistágmicas do lado da mastoidectomia aberta foram maiores se comparadas com o lado saudável. A estimulação paradoxal da prova calórica quente foi um achado frequente. Não foram encontradas respostas hipofuncionantes.
Since the 1970s, few studies have been conducted to elucidate the use of caloric tests on middle ear disorders, despite the many controversies that this test may produce in anatomical structures that are so distinct. In cases of mastoidectomy, such studies are even rarer. OBJECTIVE: This study aims to analyze the findings from air caloric stimulation done in individuals submitted to unilateral radical mastoidectomy without complaints of dizziness. MATERIALS AND METHOD: Thirty-six individuals without vestibular complaints were enrolled in this prospective study. Air caloric stimulation was offered to all subjects. Twenty-one individuals had undergone unilateral open mastoidectomy and 15 did not present any middle or outer ear abnormalities. RESULTS: 80.95% of the individuals presented asymmetrical responses in the cold caloric test, with greater response on the side of the open mastectomy. In 72.73% of the subjects the same effect was observed in the hot caloric test. The four stimulation modes revealed asymmetries in both hot and cold tests in 81.82% of the cases. Paradoxical stimulation was observed in 47.61% of hot caloric tests. CONCLUSION: Nystagmic responses on the side of the open mastoidectomy were greater than on the healthy side. Paradoxical stimulation in caloric tests was a frequent finding. No hypofunctioning responses were found.
Assuntos
Adulto , Feminino , Humanos , Masculino , Testes Calóricos/métodos , Orelha Média/fisiopatologia , Processo Mastoide/cirurgia , Estudos de Casos e Controles , Eletronistagmografia , Procedimentos Cirúrgicos Otológicos/métodos , Estudos ProspectivosRESUMO
Background: the use of monothermal caloric testing as a screening tool for vestibular asymmetry has been considered as an alternative to bithermal caloric testing. AIM: to evaluate the effectiveness of monothermal stimulation when compared to bithermal stimulation in the diagnosis of labyrinth asymmetry. Method: the results of 389 vectoelectronystagmography, performed between 1998 and 2007, were analyzed. Monothermal stimulation at 30oC and 44ºC with unilateral weakness (UW) cut-off at 20 percent and 25 percent was compared to bithermal stimulation with cut-off at 25 percent (gold standard). The analysis was aimed at finding which kind of monothermal caloric test (30oC or 44oC) and which kind of cut-off (20 percent or 25 percent) presented the highest specificity and sensitivity values in comparison with bithermal caloric testing. Results: sensitivity and specificity of monothermal caloric tests were: 84 percent and 80 percent, at 30°C with UW at 20 percent; 78 percent and 90 percent, at 30°C with UW at 25 percent; 81 percent and 78 percent, at 44°C with UW at 20 percent; 76 percent and 85 percent, at 44°C with UW at 25 percent. Conclusion: monothermal caloric testing with 30°C stimulus presented the highest sensibility and specificity values in comparison to the results obtained with bithermal stimulation. However, no significant difference was observed between such values and those obtained with 44°C stimulus. In all of the analyses, monothermal testing presented low sensitivity. Thus, the abnormal result of bithermal caloric testing might be seen as normal in monothermal stimulation. The use of monothermal testing as a screening tool is better recommended for individuals whose medical history suggests a low probability of vestibular disease.
Tema: a estimulação calórica monotermal tem sido considerada como alternativa à prova calórica bitermal para triagem das assimetrias vestibulares. Objetivo: avaliar a confiabilidade da estimulação monotermal em relação à bitermal para o diagnóstico das assimetrias labirínticas. Método: avaliaram-se 389 resultados de vectoelectronistagmografia realizados entre 1998 e 2007. A estimulação monotermal de 30ºC e 44ºC com pontos de corte de predomínio labiríntico (PL) em 20 por cento e em 25 por cento foi comparada à bitermal com ponto de corte em 25 por cento (padrão ouro). Na análise, interessou encontrar qual foi à prova monotemal (30°C ou 44°C) e com qual ponto de corte (20 por cento ou 25 por cento) que apresentou os valores mais elevados de sensibilidade e especificidade quando comparada à prova bitermal. Resultados: a sensibilidade e especificidade da prova monotermal foram respectivamente de: 84 por cento e 80 por cento, a 30°C com PL em 20 por cento; 78 por cento e 90 por cento, a 30°C com PL em 25 por cento; 81 por cento e 78 por cento, a 44°C com PL em 20 por cento; 76 por cento e 85 por cento, a 44°C com PL em 25 por cento. Conclusão: a prova monotermal com estimulo a 30°C apresentou valores mais elevados de sensibilidade e especificidade quando comparada a bitermal. Contudo, não se observou diferença significativa em relação aos valores observados com estímulo a 44°C. Em todas as análises, a prova monotermal apresentou a limitação da baixa sensibilidade, de modo que testes alterados pela bitermal podem passar como normais pela prova monoternal. Ao se decidir pela realização da prova monotermal como triagem, deve-se realizá-la em indivíduos com menor probabilidade de estar com doença vestibular, a partir da história clínica.
Assuntos
Adolescente , Adulto , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Adulto Jovem , Testes Calóricos/normas , Orelha Interna/fisiologia , Doenças Vestibulares/diagnóstico , Eletronistagmografia , Programas de Rastreamento , Reprodutibilidade dos Testes , Sensibilidade e EspecificidadeRESUMO
Response inversion during warm air stimulation is the most controversial finding seen in caloric tests of individuals with tympanic membrane perforation. In such cases, very few studies explore the possible interferences found in the caloric test, bringing about controversies in the interpretation of test results. AIM: This paper aimed at analyzing warm air stimulation effects in individuals with tympanic membrane perforation in comparison with normal healthy controls. MATERIALS AND METHODS: Prospective, non-randomized study in which 48 individuals without vestibular complaints were assessed, 33 had one tympanic membrane perforated and 15 had no ear drum alteration. RESULTS: 39.39 percent of the individuals had response inversion found during the warm air test. In the absence of this phenomenon, nystagmus responses were symmetrical. CONCLUSION: Nystagmus responses to the caloric test in individuals with tympanic membrane perforation were similar to those from healthy controls, with the exception of the fact that they had inverted responses in the warm caloric test.
A inversão de respostas durante a estimulação a ar quente é o achado mais controverso que aparece na prova calórica de indivíduos com perfuração da membrana timpânica. Nestes casos, poucos estudos exploraram as possíveis interferências nos achados da prova calórica, trazendo controvérsias de interpretação no resultado do exame. OBJETIVO: Este trabalho teve o objetivo de analisar a estimulação calórica a ar em indivíduos com perfuração da membrana timpânica em comparação com indivíduos hígidos, sem esta alteração. MATERIAL E MÉTODO: Estudo prospectivo, não-randomizado, no qual foram avaliados 48 indivíduos sem queixas vestibulares, sendo 33 indivíduos com membrana timpânica perfurada unilateralmente e 15 indivíduos sem nenhuma alteração na membrana timpânica. RESULTADOS: 39,39 por cento dos indivíduos apresentaram inversão de respostas na prova calórica a ar quente. Na ausência deste fenômeno as respostas das nistágmicas foram simétricas. CONCLUSÃO: As respostas nistágmicas na prova calórica em indivíduos com perfuração da membrana timpânica foram similares aos indivíduos hígidos, com exceção da presença de inversão de respostas na prova calórica quente.
Assuntos
Feminino , Humanos , Masculino , Ar , Reflexo Vestíbulo-Ocular/fisiologia , Perfuração da Membrana Timpânica/fisiopatologia , Audiometria de Tons Puros , Estudos de Casos e Controles , Testes Calóricos/métodos , Eletronistagmografia , Estudos Prospectivos , Índice de Gravidade de DoençaRESUMO
OBJETIVO: Caracterizar os achados da prova calórica em pacientes com vertigem posicional paroxística benigna, segundo o canal semicircular comprometido. MÉTODOS: Foram analisados 1033 prontuários de pacientes submetidos à pesquisa de nistagmo posicional e de posicionamento e à eletronistagmografia. Os achados da prova calórica, de acordo com os canais semicirculares acometidos, foram submetidos à análise estatística. RESULTADOS: No comprometimento de canal posterior, houve prevalência de normorreflexia (p<0,0001); hiporreflexia prevaleceu sobre hiper-reflexia (p<0,0001) e preponderância direcional (p<0,0001), e hiper-reflexia prevaleceu sobre preponderância direcional (p<0,0001). No comprometimento de canal lateral, normorreflexia prevaleceu sobre hiporreflexia (p<0,0001) e hiper-reflexia (p<0,0001); hiporreflexia tendeu a prevalecer sobre hiper-reflexia (p=0,0771), e preponderância direcional não ocorreu. No comprometimento de canal anterior, normorreflexia prevaleceu sobre hiporreflexia (p<0,0001); hiper-reflexia e preponderância direcional não ocorreram. CONCLUSÃO: Na prova calórica de pacientes com vertigem posicional paroxística benigna, normorreflexia, hiporreflexia, hiper-reflexia ou preponderância direcional do nistagmo pós-calórico ocorrem em ordem decrescente de prevalência, quando há comprometimento do canal posterior; normorreflexia prevalece sobre hiporreflexia ou hiper-reflexia e hiporreflexia tende a prevalecer sobre hiper-reflexia, no comprometimento do canal lateral; normorreflexia prevalece sobre hiporreflexia, no comprometimento do canal anterior.
PURPOSE: To characterize caloric test results in benign paroxysmal positional vertigo patients, according to the damaged semicircular canal. METHODS: The data of 1033 patients submitted to Dix-Hallpike testing, positional nystagmus and electronystagmography were analyzed. Caloric test results were compared to the damaged semicircular canals and were submitted to statistical analysis. RESULTS: In cases with posterior canal damage, there was prevalence of normal responses compared to abnormal results (p<0.0001); hypo activity was more prevalent than hyperactivity (p<0.0001) and directional preponderance (p<0.0001), and hyperactivity more prevalent than directional preponderance (p<0.0001). In cases with lateral canal damage, normal responses were more prevalent than hypo activity (p<0.0001) and hyperactivity (p<0.0001); there was a tendency of prevalence of hypo activity over hyperactivity (p=0.0771), and directional preponderance was not observed. In cases with anterior canal damage, normal responses were more prevalent than hypo activity (p<0.0001); hyperactivity and directional preponderance were not observed. CONCLUSION: In the caloric test of benign positional paroxysmal vertigo patients, normal responses, hypo activity, hyperactivity or directional preponderance of post-caloric nystagmus occur in decreasing order of prevalence when the posterior canal is damaged; normal responses are more prevalent than hypoactive or hyperactive caloric responses, and there is a tendency of prevalence of hypoactive over hyperactive caloric responses when the lateral canal is damaged; normal responses are more prevalent than hypoactive caloric responses when the anterior canal is damaged.