RESUMO
O autor descreve a atuação do arquétipo do herói a partir da Psicologia Simbólica Junguiana, segundo a qual a formação da consciência é levada a cabo pela elaboração simbólica feita pelos arquétipos regentes e coordenada pelo arquétipo central. É o arquétipo do herói que estimula a personalidade com as funções estruturantes da coragem e da esperança, para enfrentar o sofrimento e as dificuldades de toda elaboração simbólica. O autor ilustra a atuação do arquétipo do herói por intermédio do processo de individuação de Cervantes e pela célebre figura heroica de D. Quixote, por ele criada. O autor argumenta que, por meio da loucura e do ridículo, Cervantes enalteceu a coragem, a busca da aventura, a defesa dos oprimidos e a inspiração no amor, características dos romances de cavalaria, os quais haviam resistido à Inquisição e chegado ao fim no século XVI. Concluindo, o autor afirma que o valor da obra de Cervantes, considerado por muitos a maior obra literária ocidental, deve-se à criação pelo poeta e dramaturgo de uma metáfora heroica para resgatar valores extraordinários do humanismo ocidental, condenados ao esquecimento pelo racionalismo científico emergente no século XVII (AU)
The author describes the expression of the hero archetype by Jungian Symbolic Psychology within the development of consciousness carried out by four archetypes (matriarchal, patriarchal, alterity - anima and animus - , and totality archetypes). He postulates that the archetype of the hero stimulates the Self with the structuring functions of courage, endurance and hope to confront the difficulties and suffering of symbolic elaboration and Ego formation. The author illustrates the expression of the archetype of the hero in the process of individuation of Cervantes analysing the figure of Don Quixote. Disguised by madness and ridicule, Cervantes describes the heroic functions of bravery, search for adventure, defense of the oppressed and inspiration by love, characteristics of the age of chivalry which were being underrated and condemned to oblivion by the repression of the Inquisition and the rise of the age of reason in the seventeenth century (AU)
