Avaliação de conhecimentos praticos de uso de antibioticos pelas comunidades, na cidade de Maputo, 2916 / Assessment of practical knowledge of antibiotic use by communities in Maputo city, 2916

RESUMO

Os antibióticos são substâncias que inibem o crescimento dos microrganismos ou causam sua destruição. A falta de conhecimentos e as práticas deficientes de uso dos antibióticos constituem uma ameaça à saúde, podendo causar falência terapêutica e resistência antibiótica. Em Moçambique estudos sobre uso de antibióticos são raros. O estudo avaliou os conhecimentos e as práticas de uso de antibióticos na Cidade de Maputo, em 2016. Métodos: Um estudo descritivo transversal, com participação de 1091 indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, entre Agosto e Novembro de 2016. Foi feita uma amostragem em três etapas e os dados foram colhidos através de entrevista, com recurso a um questionário semiestruturado. Resultados: De 1222 indivíduos contactados, 1091 foram entrevistados, e destes 73.1% (797) eram do sexo feminino. A mediana de idade foi de 33 anos, com IQR 25-47. Dos 1091 participantes, 20.9% (228) adquiriram antibióticos sem prescrição com uma frequência significativa para sexo masculino (26.2%). A principal razão para o uso de antibióticos sem prescrição foi a de que não há necessidade de ir ao hospital (26.8%). A maior proporção de indivíduos que obtiveram antibióticos sem prescrição foi observada nos que os obtiveram no mercado informal (82.6%; 14/17). Ser do sexo feminino (OR=0.53; IC95%=0.34-0.82), residir nos bairros de Polana Caniço A (OR=0.21; IC95%=0.10-0.43) e Mahotas (OR 0.12; IC95%=0.06- 0.24), obter antibióticos na farmácia (OR=0.22; IC95%=0.05-0.80) e completar a dose de antibióticos (OR=0.09; IC95%=0.06-014) não estão associados ao uso de antibióticos sem prescrição. O conhecimento pobre sobre o uso de antibióticos está relacionado com o aumento do uso de antibióticos sem prescrição (OR=2.72; IC95%=1.57-4.78). Conclusões: O uso de antibióticos sem prescrição é comum na cidade de Maputo . A maior proporção dos antibióticos não prescritos foram obtidos nos mercados informais o que denota uma fraca inspeção a estes locais bem como a falta de conhecimento sobre os antibióticos por parte das comunidades. Intervenções junto ao mercados informais e farmácias, bem como educação das comunidades sobre antibióticos e seu uso, são necessárias e urgentes.

ABSTRACT

Irrational use of antibiotics is a major driver of antimicrobial resistance (AMR) worldwide, however, in Sub Saharan Africa, where the risk of spread of AMR is the highest worldwide, lacks data on the knowledge, attitudes and practices regarding antibiotics prescription and use. This is the first study being conducted in Mozambique to address this matter. Methods: A cross-sectional study was conducted to recruit a total of 1091 adults 18 years or older living in five districts in the peri-urban area of Maputo city between August and November 2016. A cluster sampling stratified into three steps was used to select the households and a semi-structured questionnaire was used for data collection. The aim of this study was to evaluate the knowledge and practices of antibiotics use in Maputo City in 2016. Results: Of the 1091 participants, 20.9% (228/1091) used non-prescribed antibiotics. Most of used antibiotics were purchased in pharmacies (199/228; 87.3%), but the proportion of use of non-prescribed antibiotics was higher in those who obtained from the informal market (82.6%; 14/17). Female gender (OR=0.53; IC95%=0.34-0.82), living in Polana Caniço A (OR=0.21; IC95%=0.10-0.43) and Mahotas (OR 0.12; IC95%=0.06- 0.24) neighbourhoods, obtein antibiotics in pharmacy (OR=0.22; IC95%=0.05-0.80) e completing the full dosage (OR=0.09; IC95%=0.06-014) were not associated to the use of non prescribed antibiotics. The poor knowledge about antibiotics was associated to the use of non prescribed antibiotics. (OR=2.72; IC95%=1.57-4.78). Conclusion: Data from our study shows for the first time that knowledge towards antibiotics is poor in Maputo city. Moreover, purchase of non-prescribed antibiotics is significant and most are sold in informal markets, which denotes poor inspection in this places in Maputo city. Interventions in the informal markets and pharmacies to apply for the current legislations for dispensing antibiotics, combined with education of communities are urgently needed.