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Implantação do centro de transplante de microbiota fecal do instituto alfa de gastroenterologia do hospital das clínicas da UFMG e análise dos primeiros resultados em pacientes com infecção recorrente ou refratária pelo Clostridioides difficile / Implementation of the fecal microbiota transplant center of the alpha institute of gastroenterology of the UFMG clinics hospital and analysis of the first results in patients with recurrent or refractory Clostridioides difficile infection
Belo Horizonte; s.n; 2020. 154 p. ilus, tab.
Thesis in Portuguese | Coleciona SUS | ID: biblio-1391769
Responsible library: BR21.1
Localization: BR21.1; T- WX 27, TE IM
RESUMO

Introdução:

O Transplante de Microbiota Fecal (TMF) é uma importante opção terapêutica para a infecção recorrente ou refratária pelo Clostridioides difficile, sendo método seguro e eficaz. Resultados iniciais sugerem que o TMF também desempenha um papel relevante em outras afecções cuja patogênese envolve a alteração da microbiota intestinal. No entanto, seu uso sistematizado é pouco difundido, especialmente no Brasil. Na última década, surgiram múltiplos relatos e séries de casos utilizando diferentes protocolos para o TMF, sem padronização de métodos e com taxas de resposta variáveis. No Brasil, foram relatados poucos casos isolados de TMF, com taxa de sucesso em torno de 90%, realizados de forma experimental, sem a implantação de um Centro de Transplante de Microbiota Fecal (CTMF). É objetivo principal desse estudo descrever o processo envolvido na implantação de um Centro de Transplante de Microbiota Fecal (CTMF) no Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG/EBSERH (IAG-HC/UFMG) para o tratamento de infecção recorrente e refratária pelo C. difficile e analisar prospectivamente os resultados do tratamento a curto e longo prazo.

Métodos:

O CTMF foi estruturado dentro dos critérios exigidos e aprovados por organismos internacionais como o FDA (Food and Drug Administration), Grupo Europeu de Transplante de Microbiota Fecal e em consonância com os aspectos epidemiológicos e regulatórios nacionais.

Resultados:

Foi estabelecida plataforma que define todas as etapas envolvidas na seleção de doadores universais, processamento e armazenamento de amostras, uniformização de vias de administração do substrato fecal e seguimento a curto e longo prazo dos pacientes transplantados. A seleção de doadores foi realizada em três etapas pré-triagem, avaliação clínica e triagem laboratorial. A maioria dos candidatos foi excluída na primeira (75,4%) e segunda etapa (72,7%). Os principais critérios clínicos de exclusão foram diarreia aguda recente, excesso de peso (índice de massa corporal ≥ 25 kg / m²) e distúrbios gastrointestinais crônicos. Apenas quatro dos 134 candidatos foram selecionados como doadores após rastreio completo, com taxa de detecção de doadores habilitados de 3%. Ao todo foram realizados 11 transplantes em 10 pacientes com ICD recorrente. A taxa de resolução primária, com apenas um procedimento, foi de 80% e a taxa de remissão geral, após segundo TFM, foi de 90%. A ocorrência de eventos adversos foi semelhante à observada em outros estudos. A maioria dos eventos adversos foram autolimitados e de resolução espontânea.

Conclusão:

A implantação de um centro de transplante, inédito no nosso país, permitiu o acesso de pacientes com infecção recorrente pelo C. difficile a tratamento inovador, seguro e efetivo. A seleção adequada de doadores qualificados é vital no processo de implantação de um CTMF. A rigorosa avaliação clínica dos doadores permitiu o uso racional de recursos. Um centro de transplante de microbiota possibilita oferecer um tratamento sob demanda, menos personalizado, com mais segurança e rastreabilidade. Mesmo em países emergentes, onde há preocupação com doenças tropicais e infecciosas, o TMF parece ser uma estratégia segura e efetiva no tratamento de ICD recorrente.
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