Uso de álcool por vítimas de morte violenta no Estado de São Paulo (PAP)

RESUMO

As mortes por causas externas se constituem em um dos mais importantes problemas de saúde pública e, entender com maior profundidade esta questão é elemento crucial para fundamentar políticas efetivas. O segmento populacional mais vulnerável à incidência de tais mortes é a população jovem masculina. Entre os fatores de risco apontados para a alta mortalidade dentre as causas externas, encontra-se o uso do álcool, que é a droga lícita mais consumida pela população. Entre outros efeitos, o álcool etílico diminui a capacidade cognitiva, aumenta a probabilidade de respostas agressivas e prejudica a atenção e capacidade de julgamento, tornando o indivíduo mais vulnerável à vitimização por violência e acidentes. O objetivo deste estudo foi conhecer a provável relação entre o consumo de álcool e a ocorrência de mortes violentas, a partir da coleta de dados dos laudos necroscópicos de vítimas necropsiadas em diversos postos médico-legais do Estado de São Paulo, no ano de 2006. Foram obtidos dados de 12.926 vítimas e constatou-se que 36,9% delas estavam alcoolizadas no momento do óbito, enfatizando a existência de uma estreita relação entre a ocorrência de mortes violentas e o consumo de álcool. Os níveis de alcoolemia mais observados estavam entre 0,6 a 2,5 g/l, com média geral de 1,8 ± 1,0 g/l. A faixa etária com maior número de vítimas foi a de 20 a 29 anos com médiade 36 ± 16 anos. O sexo masculino representou 86,4% do total; destes, 39% apresentaram alcoolemia positiva, enquanto em apenas 21% das mulheres houve essa positividade. Entre os homens predominaram os homicídios, enquanto entre as mulheres predominaram os acidentes de trânsito. Entre as causas de morte, a maior prevalência foi do grupo de mortes a esclarecer e outras, somando 45,2% do total. Acidentes de trânsito representaram 25,2% das causas e em seguida os homicídios com 24,5%. Os suicídios representaram apenas 5,1%. As causas de mortes foram diferencialmente...