O uso da eletroconvulsoterapia(ECT): um olhar de familiares em uma clinica particular no município de Belém /PA

RESUMO

O início do uso da terapia eletroconvulsiva ou eletroconvulsoterapia (ECT), data da década de 30 e desde então vem sendo utilizada em meio a grandes discussões e polêmicas que permeiam contextos históricos, éticos, morais, assistenciais, entre outros. Parte da comunidade científica evidencia parecer favorável quanto à técnica, justificando por meio de bons resultados referentes ao uso da terapia. Entretanto, outros trazem à tona discussões que questionam estes e os demais argumentos, classificando a ECT como uma terapia retrógrada. Existe ainda hoje uma resistência na aceitação da aplicação da ECT e isso se deve por diversos motivos, dentre eles a falta de conhecimento do público em geral e dos profissionais a respeito da essência da terapia, as ideias negativas e estigmatizantes sobre a técnica, a falta de consenso sobre o seu uso e a negligência dos psiquiatras em relação às pesquisas e à falta de informação prestada aos pacientes e familiares. Diante disso, o objetivo central deste estudo é conhecer a aceitação de familiares de pacientes, submetidos à ECT após o uso do tratamento, em uma clínica particular no município de Belém/Pa. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa, descritiva-exploratória. Foram realizadas entrevistas estruturadas, gravadas em áudio, com amostra de 05 familiares (sendo um familiar para cada paciente), de pacientes que finalizaram as sessões de terapia eletroconvulsiva em um tempo mínimo de um mês. A análise de dados foi orientada pelo método de Análise de Conteúdo. Todos os participantes alegaram que seus pacientes realizaram tratamento com psicofármacos antes do uso da terapia eletroconvulsiva, indicando que possivelmente o tratamento com ECT foi encontrado como uma opção secundária ao controle dos sintomas e, ainda, à provável ineficácia da fármacoterapia. Apesar disso, quase todos entenderam a terapia como algo que serve para o bem, evidenciando em seus discursos aspectos satisfatórios. Três dos entrevistados disseram que a ECT trouxe resultados positivos para os pacientes e manifestaram opiniões positivas relacionadas à mudança no quadro clínico. Duas familiares disseram que não observaram mudanças (positivas ou negativas) no comportamento dos pacientes após as sessões. Todos os participantes expressaram aceitação quanto ao tratamento com ECT. Mesmo aqueles que mencionaram que não observaram nenhuma resposta (favorável ou desfavorável) após o procedimento, ainda sim se mostraram a favor da prática. Todos os entrevistados também indicariam a ECT a outrem. Na percepção geral dos participantes, a ECT traz benefícios e é uma alternativa diferenciada de tratamento. Em nenhum momento foram mencionados quaisquer aspectos negativos sobre a prática o que pode ser um indicativo de que essa terapia vem sendo aceita e avaliada positivamente sob o olhar de quem se submeteu ao tratamento dentro de uma técnica criteriosa e mais aprimorada

ABSTRACT

The beginning of the use of electroconvulsive therapy or electroconvulsive therapy (ECT) dates back to the 1930s and since has been used in the midst of major discussions and controversies that permeate historical, ethical, moral, and care contexts, among others. Part of the scientific community demonstrates a favorable opinion about the technique, justifying through good results referring to the use of therapy. However, others bring up arguments that question these and the other arguments, classifying ECT as a retrograde therapy. There is still resistance in accepting the application of ECT and this is due to several reasons, among them the lack of knowledge of the general public and professionals about the essence of therapy, negative and stigmatizing ideas about technique, lack consensus about its use and the neglect of psychiatrists with regard to research and the lack of information provided to patients and their families. Therefore, the main objective of this study is to know the acceptance of family members of patients submitted to ECT after use of the treatment in a private clinic in the city of Belém/Pa. This research was developed from a qualitative approach, descriptive exploratory.We conducted structured interviews, recorded in audio, with a sample of 05 family members (one relative for each patient), of patients who completed eIectroconvulsive therapy sessions in a minimum of one month. The data analysis was guided by the Content Analysis method. All participants reported that their patients had been treated with psychoactive drugs prior to the use of electroconvulsive therapy, indicating that possibly ECT treatment was found as an option secondary to symptom control as well as to the probable ineffectiveness of the drug therapy. None of the participants were able to answer precisely what ECT is and what it does, demonstrating a lack of knowledge about treatment. In spite of this, almost all understood the therapy as something that serves the good, evidencing in its discourses satisfactory aspects. Three of the respondents said that ECT brought positive results to patients and expressed positive opinions related to the change in clinical picture. Two family members said they did not observe changes (positive or negative) in the patients' behavior after the sessions. AlI participants expressed acceptance for ECT treatment. Even those who mentioned that they did not observe any response (favorable or unfavorable) after the procedure were still in favor of the practice. AlI interviewees would also indicate ECT to others. In the general perception of participants, ECT brings benefits and is a differentiated treatment alternative. At no time were any negative aspects mentioned about the practice which may be indicative that this therapy has been accepted and evaluated positively under the eyes of those who underwent treatment in a more sophisticated and judicious technique