Arritmias cardíacas na hipertrofia ventricular

RESUMO

A hipertrofia ventricular esquerda é um fator de risco independente bem documentado para eventos cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e a morte súbita. Esse fato tem gerado vários estudos que correlacionam as arritmias cardíacas, principalmente ventriculares, com a hipertrofia ventricular esquerda quanto aos aspectos epidemiológicos, seus mecanismos, avaliaçäo e tratamento. A prevalência das arritmias ventriculares varia de acordo com o subgrupo de pacientes estudados, sendo que formas "complexas" podem ser encontradas em 36 por cento a 75 por cento dos doentes e a frequência e a complexidade säo progressivamente maiores quanto maior a massa ventricular esquerda. Os mecanismos ainda näo estäo completamente esclarecidos e parecem ser múltiplos, nos quais se incluem os fatores estruturais miocárdicos que interagiriam com perturbaçöes funcionais. Entre essas últimas enfatiza-se o papel da isquemia transitória (assintomática em 93 por cento dos casos de uma série) e a hipopotassemia induzida por diuréticos. O eletrocardiograma de longa duraçäo (Holter) é o exame de eleiçäo para o diagnóstico das arritmias cardíacas assim como para o controle do tratamento antiarrítmico; está indicado em especial quando há sinais eletrocardiográficos ou ecocardiográficos de hipertrofia ventricular esquerda moderada ou importante. O Tratamento deve ser dirigido basicamente para a prevençäo ou reduçäo precoce da hipertrofia ventricular esquerda, näo se recomendando o uso de diuréticos e preferindo-se os betabloqueadores de cálcio, que também säo eventualmente antiarrítmicos. Quando outros medicamentos estäo indicados o uso deve ser cauteloso pelo risoco de efieot pró-arrítmicos; as drogas de classe I deve ser evitadas e preferidas às de classe III. Casos selecionados podem se beneficiar de cardioversor-desfibrilador implantável ou de ablaçäo por cateter. O assunto, como um todo, ainda necessita mais pesquisas.