Estudo de 50 anos de tétano neonatal diagnosticados em São Luís do Maranhão no período de 1986 a 1996 / Study of 50 cases of neonatal tetanus in São Luís do Maranhão from 1986 to 1996

RESUMO

O tétano neonatal é uma enfermidade grave, multissistêmica, com predileção pelo SistemaNervoso Central, e que ainda é causa de mortalidade elevada. O presente estudo objetivou avaliar aspectos epidemiológicos, clínicos, terapêuticos, complicações e período de incubação da doença em 50 recém-nascidos em São Luís do Maranhão. A doença ocorreu em ambos os sexos e atingiu brancos e não brancos. O nível socioeconômico dos infectados era baixo, a saber 20 casos em famílias pobres (40%) e 30 outros em famílias que viviam em extrema miséria (60%). As manifestações clínicas mais freqüentes no grupo que evoluiu para óbito foram convulsão, 100%; dificuldade de sucção e febre em 82,9%; ehipertonia de membros, 75,6%. (G =152,78*). Nos pacientes que obtiveram cura convulsão, 88,9%; hipertonia de membros, hipertonia generalizada e trismo, 77,8%.(G=38,34*). O exame pré-natal foi realizado por 38% das gestantes, e a vacinação antitetânica aplicada em 8% do total das gestantes. Parto normal ocorreu em 98%. O partorealizado no hospital com atendimento médico foi de 20%. Os recém-nascidos a termo foram 92%. A terapêutica utilizada foi imunoglobulina antitetânica ou soro antitetânico 92,7%; penicilina cristalina 97,6%; diazepam 95,1%; fenobarbital 34,1% prometazina56,1%; clorpromazina 24,4%. G= 89,54* nos pacientes que evoluíram para óbito. Dos pacientes curados, 100% fizeram uso de imunoglobulina, penicilina e diazepam; 88,9%tomaram fenobarbital; prometazina e clorpromazina foram aplicados em 22,2%. (G=29,29*). Nos recém-nascidos que foram tratados com fenobarbital, a mortalidade foireduzida, permitindo concluir que o fenobarbital é eficaz no tratamento do tétano neonatal (P=0,0038*). As complicações que ocorreram em 82% das crianças do grupo que foi a óbito foram respiratórias, 61,0%; desidratação, 41,5%; infecciosas e hemorragiasdigestivas, 29,3%; hemorragias não digestivas, 12,2%. (G=24,86*). As complicações nos pacientes que se curaram foram menores, registrando-se as seguintes hemorragiasdigestivas 44,4%, infecciosas 33,3%, respiratórias 22,2% e desidratação apenas 11,1%. (G=7,14). Contribuíram para o aumento da mortalidade, principalmente, as complicaçõesrespiratórias (P=0,0399*) e a desidratação, que sugere estar associada à mortalidade (P=0,0868). O período de incubação da doença variou de um a onze dias, e foiinversamente proporcional à mortalidade. (Z calculado = 3.52*). Concluindo pode-se afirmar que o tétano neonatal ainda...