Realidade psiquica e criatividade

RESUMO

Este trabalho esta centrado na ideia de que a Arte se configura como uma forma de conhecimento do humano. Traca paralelos e diferencas entre Arte e Psicanalise. Considera que e tarefa da psicanalise dar representacao ao que subjaz como mera acao. Propoe tambem que a forma representativa em psicanalise tem a forma-sonho, ou seja, tem uma face voltada para o consciente e outra para o inconsciente. A arte, de acordo com Hebert Read, conquista para a consciencia o que se tornara a mente da humanidade. Neste sentido, a analogia com a psicanalise e imediata. Ao se deter no carater da representacao, faz a critica da forma fotografica de interpretacao e tambem de um possivel intento de intencionalidade que a colocaria apenas com a face consciente. Mostra que as formas de representacao no nosso seculo abandonaram o realismo, o enquadre tonal e com isso ganharam em potenacial representativo. A subjetividade do autor entranha a obra, nao se propoe a objetividade. O proprio enquadre da moldura e abandonado e com isso, ao contrario do que um pensamento ingenuo poderia supor, nao se cai num espontaneismo centrado no laissez-faire, mas exige-se maior rigor tecnico e conceitual. Assim, este trabalho faz uma critica a certos aspectos academicistas de nossa pratica e se pergunta se nao seria o caso de a psicanalise abandonar seu isolamento da Bergasse 19 e reencontrar na propria Viena seus companheiros de marginalidade, seus parceiros de modernidade que tantos recursos trouxeram as teorizacoes sobre a representacao necessaria a nossa epoca. Propoe que no proximo decenio, que ja sera outro seculo, ao menos nos harmonizemos com nosso patrimonio do seculo XX. Para representar, tanto em arte como em psicanalise, a repeticao configura falta de potencial de conhecimento, e portanto apresenta falha no fazer, sendo assim anti-etica. A criatividade entranha a acao psicanalitica, na sua essencial proposta de ampliar a apropriacao do mundo, que no caso e apropriacao da realidade psiquica.