Interação entre sistemas e processos de memória em humanos

RESUMO

A idéia de que a memória não é uma entidade unitária, mas que se compõe de múltiplos sistemas independentes, porém interativos, parece atualmente consensual. Na primeira parte do presente trabalho são revistas evidências encontradas na literatura a favor da distinção entre sistemas de memória de curta duração e de longa duração, por um lado, e a subdivisão adicional entre sistemas de memória de longa duração em múltiplos sistemas, por outro, bem como o papel dos níveis de processamento no funcionamento mnêmico. A segunda parte é dedicada a discussões sobre os possíveis meios de interação entre sistemas e processos de memória, seus limites e propriedades, questões que parecem pouco exploradas nas propostas tradicionais. São apontadas as ocasiões em que a aquisição pelo sistema declarativo parece obedecer a processamentos considerados não-declarativos, e vice-versa, e a possibilidade de transferência de informações entre os sistemas é analisada mediante dados da literatura sobre a influência do conhecimento declarativo nas aprendizagens não-declarativas. Como conseqüência, propõe-se um modo alternativo de classificação dos sistemas de memória no qual o aspecto dinâmico do fluxo das informações é privilegiado, e no qual são considerados tanto sistemas de curta como de longa duração. Nesta proposta preliminar a memória operacional não é tratada como um sistema, mas sim como um modo de processamento que se utiliza das informações presentes e daquelas atualizadas dos sistemas de longa duração, para, através do controle da atenção, permitir as aprendizagens declarativa e não-declarativa (AU)