Qualidade de vida de pacientes submetidos ao transplante de medula óssea alogênico: um estudo longitudinal

RESUMO

O transplante de medula óssea (TMO) é um procedimento que tem implicações físicas e psicossociais e que, recentemente, têm sido estudadas. O presente trabalho objetivou analisar o impacto psicológico do adoecimento, da decisão de realizar o tratamento (TMO) e as suas implicações, posteriormente, na readaptação psicossocial e qualidade de vida dos pacientes que o realizaram. Para tanto, optou-se por uma avaliação longitudinal, abrangendo três períodos Pré-TMO, Pós-TMO imediato (saída da enfermaria) e Pós-TMO tardio (um ano após o transplante). A amostra inicial foi composta por 17 pacientes da UTMO do HCFMRP-USP, dos quais 10 foram avaliados nos três momentos. Os instrumentos aplicados foram a entrevista semi-estruturada, o Questionário de Qualidade de vida e recuperação pós-TMO, o Inventário de Depressão de Beck (BDI), o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), a Escala de Qualidade de Vida SF-36, a Escala específica de funcionalidade do TMO-FACT-BMT, a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HAD). Os instrumentos foram aplicados individualmente, em situação de face-a-face. O dados foram analisados segundo as recomendações específicas de cada técnica e a entrevista foi analisada qualitativamente, mediante a análise de conteúdo temática. Os resultados evidenciaram que o diagnóstico do câncer apareceu como sinônimo de morte, sendo importante neste momento, como estratégias de enfrentamento, a utilização da fé e da confiança na equipe. A possibilidade de realizar o transplante foi vista por um lado como a possibilidade da cura, por outro como o risco de morte. Um fator crucial para a decisão da sua realização foi a indicação do profissional. No momento da saída da enfermaria, houve uma diminuição significativa da qualidade de vida dos pacientes, em especial dos seus aspectos sociais (P=0,005) e físicos (P=0,02)...(AU)