O açúcar da psicanálise: Franco da Rocha, psiquiatria e recepção das idéias psicalíticas em São Paulo

RESUMO

Essa pesquisa pretende investigar a forma como se deu a apropriação das idéias psicanalíticas no Brasil a partir dos textos de Francisco Franco da Rocha. Trazendo elementos da Primeira República e situando em seu interior a posição particular dos médicos, analisamos em detalhe a instauração da medicina mental em São Paulo pelas mãos de Francisco Franco da Rocha, levando em consideração sua forma de organização e direção do Hospício do Juqueri, suas publicações científicas e o ensino na cátedra de Psiquiatria e Moléstias Nervosas. Isso nos ajudou a poder compreender melhor a maneira como Franco da Rocha se apropriou da psicanálise em seus textos de 1914 a 1920. De modo geral, podemos dizer que essa apropriação se deu de maneira heterogênea 1) apoiando-se em discípulos e ex-discípulos freudianos provenientes de centros psiquiátricos renomados, como forma de resguardar distâncias em relação às teses freudianas; 2) pelo interesse duplo tanto na manutenção das teses psiquiátricas de degeneração hereditária como na novidade das hipóteses etiológicas freudianas apoiadas na vida sexual infantil e na psicodinâmica. Dizendo de outro modo, Franco da Rocha parece ter envolvido parte das novidades apontadas pela psicanálise em concepções antigas da psiquiatria como forma de preservar as diferenças substanciais entre os indivíduos, o que pode ser bem medido pela serventia da psicanálise à eugenia (AU)