Hemoterapia e Doença de Chagas Transfusional no Brasil / Hemoterapy and Tansfusional Chagas’s Disease in Brazil

RESUMO

Com o fenômeno da urbanização da doença de Chagas e o crescimento da importância da transmissão transfusional do Tripanosoma cruzi, tornam-se imperiosos, no Brasil, uma visão realista e um tratamento adequado da prática hemoterápica. Integrando diferentes instituições, o presente trabalho analisou, mediante pesquisa direta, a hemoterapia e a questão das doenças de Chagas transfusional em 850 municípios brasileiros entre 1988 a 1989, verificando que 68,8% dos mesmos praticavam, na época, algum tipo de hemoterapia Esta prática foi qualitativa e quantitativamente proporcional ao tamanho do município, observando-se que o sistema oficial de hemocentros alcançava uma cobertura de 13%. Com relação à prevenção das principais doenças transmissíveis por transfusão, a triagem prévia de doadores foi referida em 75,2% para sífilis, 65,4% para hepatite, 53,8% para AIDS E 66,9% para doença de Chagas, proporções estas variáveis por região do país e por tamanho do município. A grande maioria dos doadores pertencia a categoria de voluntários, encontrando-se apenas 2% de referências a doadores remunerados. Particularizando a doença de Chagas, observou-se que a maioria dos serviços empregava uma única técnica sorológica para a triagem de doadores, preferivelmente a hemaglutinação ou a imunofluorescência, enquanto que apenas 10,3% dos serviços relataram experiência prévia com quimioprofilaxia.