A função sexual da pessoa com transplante renal: Avaliação e educação terapêutica / The sexual function of the person with renal transplantation: Evaluation and therapeutic education

RESUMO

A função sexual da pessoa com transplante renal é um aspeto importante e de valorizar pelos profissionais de saúde pois, de acordo com a literatura científica, afeta a sua qualidade de vida e tende a melhorar após o transplante. Com a investigação pretendeu-se avaliar e caraterizar a função sexual da pessoa com transplante e analisar a educação terapêutica para o bem-estar associado à saúde sexual. É um estudo correlacional (nível III) e descritivo. O instrumento de colheita de dados foi o questionário, constituído por uma ficha de dados, o Índice Internacional de Função Erétil, o Índice de Funcionamento Sexual Feminino e o Inventário Depressivo de Beck. Os dados foram colhidos entre agosto e outubro de 2014 na consulta externa de uma unidade de Transplantação Renal, numa amostra de 139 pessoas com transplante renal. Os resultados obtidos permitem verificar que a taxa de prevalência de disfunção sexual na pessoa com transplante renal é elevada (94,9% e 96,8%, respetivamente nos homens e nas mulheres), sendo a dimensão desejo sexual a mais afetada. Evidenciou-se que é estatisticamente significativo que a função sexual das pessoas com transplante renal é influenciada pela idade, pelos estados depressivos e, ainda nas mulheres, pela presença de ciclo menstrual. Não se confirmaram as hipóteses formuladas relativamente ao índice de massa corporal, exercício físico e tempo de diálise prétransplante. As pessoas com transplante renal também percecionam que melhoraram em alguns aspetos da vida sexual após o transplante. Pela análise de conteúdo a pessoa com transplante renal valoriza a intervenção dos profissionais de saúde na sua educação terapêutica como um contributo significativo para a recuperação da sua saúde e bem-estar. Contudo, também deixou perceber alguns constrangimentos, a exigirem um trabalho de análise das práticas, neste domínio, pela equipa de enfermagem. Uma intervenção intencional, integrativa e continuada no tempo é estruturante pois as alterações da função sexual da pessoa com transplante renal são um problema significativo, real e que pode ser minimizado.