Yoga na atenção primária à saúde: uma revisão de escopo / Yoga in primary health care: a scoping review

RESUMO

O yoga é uma tradição milenar hindu, baseado em três componente Asanas (posturas), Pranayama (respiração) e Dhyana (meditação e devoção). Na década de 70 a Organização Mundial da Saúde criou o Programa de Medicina Tradicional e desde então vem incentivando a implementação de políticas para seu uso racional e integrado nos sistemas nacionais de saúde, e sua introdução na Atenção Primária a Saúde (APS), além do desenvolvimento de estudos científicos para melhor conhecimento de sua segurança, eficácia e qualidade. O objetivo do trabalho é mapear a pesquisa na área do Yoga na APS e identificar as lacunas do conhecimento existentes; para acessar as características das formas de intervenção do Yoga e compreender como esta prática tem se inserido na APS mundial e brasileira. Foi realizado uma Revisão de Escopo de acordo com a diretriz PRISMA ­ScR e metodologia do Instituto Joana Briggs, com registro DOI 10.17605/OSF.IO/2G5R7. A busca foi feita nas bases de dados BVS, CINAHL, Embase, PsycINFO, PubMed, Scopus e Web of Science; e na literatura cinzenta da RedeHumanizaSUS e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Foram incluídos artigos disponíveis na integra com informações sobre Yoga na APS com adultos e idosos usuários do serviço de saúde; publicados de 2006 a abril de 2021; sem limitações quanto ao desenho do estudo, tipo de técnica de Yoga e idioma. De um total de 2104 artigos recuperados, foram incluídos na revisão 36 estudos. Os estudos encontrados são provenientes de 13 países diferentes; com variados métodos de pesquisa, sendo 11 (30,6%) estudos de intervenção; 11 (30,6%) observacionais, 4 (11,1%) estudos qualitativos, 4 (11,1%) estudos com método misto, e 6 (16,7%) estudos que discutem implementação. Somente 13 (36,1%) estudos trazem resultados exclusivos sobre yoga, os outros 23 (63,9%) estudos analisam diferentes práticas em conjunto. Quanto ao tipo de yoga, 18,9% dos estudos utilizaram Hatha yoga; 18,9%, práticas contemporâneas; e 48,6% foram classificados como Yoga inespecífico. Os desfechos estudados foram agrupados nas categorias Doenças Crônicas; Dor; Saúde Mental; Doenças Nutricionais, Metabólicas e Linfáticas; Vitalidade, Bem-Estar, Qualidade de Vida; Promoção da Saúde; Gestão e Outros. A prática de yoga na APS vem sendo estudada de forma crescente ao redor do mundo e variada em relação aos métodos, com evidências cientificas para diversos desfechos. A prática pode ser incorporada em projetos terapêutico singular, podendo trazer benefícios terapêuticos e resolutividade para determinadas condições clínicas, com destaque para hipertensão arterial, saúde mental e dores; e para além das condições de saúde, ampliar a qualidade de vida da população e seus modos de subjetivação, como também ser um meio de empoderar os sujeitos no seu autocuidado. A pluralidade científica, por meio de estudos de método variados e métodos mistos, permite um maior alcance dos fenômenos estudados, e deve ser levada em conta para o desenvolvimento de estudos na área do Yoga na APS.

ABSTRACT

Yoga is an ancient Hindu tradition, based on three components Asanas (postures), Pranayama (breathing) and Dhyana (meditation and devotion). In the 70s, the World Health Organization created the Traditional Medicine Program and since then it has been encouraging the implementation of policies for its rational and integrated use in national health systems, and its introduction in Primary Health Care (PHC), in addition to development of scientific studies to better understand its safety, efficacy and quality. The objective of this study is to map research in the field of Yoga in PHC and identify gaps in existing knowledge; to access the characteristics of the forms of Yoga intervention and understand how this practice has been inserted in the global and Brazilian PHC. A Scoping Review was carried out in accordance with the PRISMA ­ ScR guideline and the methodology of the Joana Briggs Institute, with registration DOI 10.17605/OSF.IO/2G5R7. The search was carried out in the databases of the BVS, CINAHL, Embase, PsycINFO, PubMed, Scopus, and Web of Science databases; and in the gray literature of RedeHumanizaSUS and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations. Articles available in full text with information about Yoga in PHC with adults and elderly users of the health service were included; published from 2006 to April 2021; no limitations regarding study design, type of Yoga technique and language. From a total of 2104 articles retrieved, 36 studies were included in the review. The studies found come from 13 different countries; with varied research methods, being 11 (30.6%) intervention studies; 11 (30.6%) observational, 4 (11.1%) qualitative studies, 4 (11.1%) mixed method studies, and 6 (16.7%) studies that discuss implementation. Only 13 (36.1%) studies bring exclusive results about yoga, the other 23 (63.9%) studies analyze different practices together. As for the type of yoga, 18.9% of the studies used Hatha yoga; 18.9%, contemporary practices; and 48.6% % were classified as non-specific Yoga. The studied outcomes were grouped into the categories Chronic Diseases; Pain; Mental health; Nutritional Diseases, Metabolic and Lymphatic; Vitality, Well-Being, Quality of Life; Health promotion; Management and Others. The practice of yoga in PHC has been increasingly studied around the world and varied in relation to methods, with scientific evidence for various outcomes. Yoga can be incorporated into therapeutic projects, which can bring benefits and resoluteness for certain clinical conditions, especially for arterial hypertension, mental health, and pain; and in addition to health conditions, expand the population's quality of life and their modes of subjectivation, as well as being a means of empowering subjects in their self-care. Scientific plurality, through studies of varied methods and mixed methods, allows for a greater reach of the studied phenomena, and should be considered for the development of studies in Yoga at PHC.