Implante coclear para criança surda: questão para os pais, problema de pesquisa e aconselhamento para psicólogos / Cochlear implant for the deaf child: question for parents, research and counseling issue for psychologists

RESUMO

Na surdez neurossensorial as células ciliares da cóclea estão reduzidas ou destruídas. Na profunda o limiar auditivo sobe para 90 dB, e na severa, para 70-90 dB. Aparelhos de amplificação, que aumentam a intensidade do som, são pouco eficazes nesses casos. O implante coclear é uma prótese eletrônica computadorizada que desempenha a função das células ciliares perdidas, estimulando diretamente o nervo auditivo na cóc1ea. É indicado em adultos com perda neurossensorial bilateral profunda, ocorrida na fase pós-lingüística (após 2-4 anos de idade) mas há menos de dez anos, e que não se beneficiam de aparelhos de amplificação. É também indicado a crianças de 2-17 anos com perda auditiva neurossensorial bilateral profunda ocorrida na fase pré-lingüística (i.e., antes da aquisição da linguagem oral, de 2-4 anos de idade), ou pós-lingüística, mas desde que há menos de seis anos. Mas só é indicado se as crianças tiverem concluído um programa de reabilitação auditiva de seis meses com adaptação de aparelhos de amplificação e se, mesmo assim, elas se mostrarem incapazes de reconhecer palavras em conjuntos fechados de sentenças. O implante multicanal auxilia na leitura labial e pode produzir compreensão auditiva independente dela. O artigo fornece informações técnicas sobre a audição e a perda auditiva, o implante, suas indicações e contra-indicações, os procedimentos de avaliação prévia, de implante cirúrgico, de programação do processador da fala, e de reabilitação pós-implante. Discute benefícios e limitações do implante e oferece recomendações práticas. Discute também aspectos da polêmica criada pela tecnologia entre alguns representantes da Cultura Surda. Finalmente, oferece informações sobre a disponibilidade do implante no Brasil. O artigo fornece informações relevantes aos pesquisadores na área de educação de surdos, aos profissionais que lidam com o aconselhamento de surdos, e aos pais de crianças surdas, quando confrontados com a questão de fazer ou não o implante (AU)