Pesquisa narrativa e psicanálise: em busca do corpo-sem-órgão / Narrative inquiry and psychoanalysis: searching the body-without-organs

RESUMO

O artigo fala da estigmatização de pessoas nascidas com uma condição física, clinicamente, denominada extrofia vesical. Investigando o modo como essa condição é apropriada pelas práticas médicas, assistencialistas, familiares e educacionais, concluiu-se que elas colocam o(a) seu (sua) portador(a) no lugar de "excluído" da norma-padrão. Assim, respectivamente, para a medicina, essa condição é rotulada como "anomalia genética", para a religião, como "mistério divino", para a família, como "desgraça" e, para a escola, como "excepcionalidade". Estar em um desses lugares (ou em todos), faz com que essas pessoas se sintam limitadas em seus agenciamentos. Utilizando a narrativa de vida como método de pesquisa em psicanálise, sugerimos uma "fórmula" de desarticulação desses rótulos a desnaturalização, cuja propriedade é a instauração de uma corp@logia, isto é, de uma clínica dos afetos e das linhas-de-fuga que atravessam um corpo-sem-órgãos para nele abrir caminhos para novos agenciamentos.(AU)

ABSTRACT

This paper concerns the stigmatization of people who were born with a physical condition known, in Medicine, as vesical extrophy. It focuses on the ways the medical, welfare, familiar and educational practices label this condition. It presents arguments considering that these practices place their bearers in the position of "excluded from normal standards", and respectively, label it as a "genetic anomaly" (medicine), a "divine mystery" (religion), a "misfortune" (to the family) and an "exceptionality" (to schools). Being in one of these positions (or in all of them) narrows the arrangements of these people. We have proposed a way to deconstruct these labels (de)naturalization by means of Narrative Inquiry as a research method into psychoanalysis. The major feature of this research practice is the promotion of a body@ntology - the clinical construction of new sensations and lines-of-escape that cross a body-without-organs and, within it, produces new modes of existence.(AU)