A função das entrevistas iniciais para a formação profissional dos terapeutas: marcas da processualidade de uma prática

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar a função das Entrevistas Iniciais, enquanto procedimento prático-clínico do curso de especialização da Clínica de Atendimento Psicológico da Ufrgs (CAP), para a formação profissional dos terapeutas que fizeram parte desta equipe. Através da problematização e das peculiaridades que o trabalho de recebimento de pacientes em uma instituição universitária apresenta, nos aproximamos da função que as EI (Entrevistas Iniciais) tiveram para os terapeutas, especificamente aqueles que passaram por esta experiência. Nosso interesse foi investigar esta questão através das falas dos próprios terapeutas. Este estudo foi composto por duas etapas na primeira, foi realizada uma descrição do contexto, através do levantamento e análise dos documentos sobre a história da constituição das EI, observações e conversas informais com pessoas que participaram de sua criação; na segunda etapa, utilizamos a técnica de estudo de casos (Stake, 1994), na qual entrevistamos terapeutas que realizaram as EI. Após a descrição do contexto e da realização das entrevistas, utilizamos a análise de conteúdo (Bardin, 1977; Somemer, 1991; Nachmias, 1981) como método de análise dos resultados. Ao todo foram entrevistados 10 terapeutas, de ambos os sexos, que participaram da equipe das EI num período que abrange os anos de 1986 à 1996. Das entrevistas emergiram temas e categorias que, associadas aos dados da descrição de contexto, levam à conclusão de que a experiência das EI trouxe marcas importantes para a formação profissional dos terapeutas, especialmente no que tange às suas práticas clínicas. Conclui-se que o procedimento das EI, além de ser um dispositivo instituído pela CAP para regular a demanda social e seu próprio funcionamento, representa um espaço interessante, continente e muito significativo para os terapeutas iniciantes, possibilitando, além de elaborações teóricas, uma sustentação no início de suas práticas clínicas como profissionais (AU)