Ideologia e relações de gênero: um estudo de recepção das propagandas de prevenção da AIDS

RESUMO

Essa pesquisa é um coral conduzido por uma maestrina sensível, que escuta a todos os tipos de vozes. O deleite da música (pesquisa) deixa ao/à leitor/a liberdade suficiente para refletir sobre sua própria vida e interpretar o que é ouvido em palavras, pensamentos e emoções. 0/A leitor/a é convidado/a a desprender-se de preconceitos, abrir o coração e apreciar o show de trinta e oito coralistas e solistas, idades entre 18 a 51 anos, as quais têm sido sistematicamente discriminadas, ou porque elas são pobres, com pouca escolaridade, ou porque são mulheres. As coralistas não participam em movimentos sociais que lutam contra as DSTs/AIDS e as solistas participam. Através de três instrumentos musicais especiais Desenho da Figura Feminina (DFF), grupo focal e entrevistas individuais elas cantam sobre as campanhas de prevenção da AIDS na televisão brasileira, enquanto a maestrina presta atenção não somente nas vozes das cantoras mas nas vozes ilusórias (ideologia) e nas vozes sutis (mídia) que criam e estabelecem relações de dominação. Para lutar contra essas relações e para entender sua força, a maestrina recorre à abordagem metodológica da Hermenêutica de Profundidade e a uma voz diferente chamada feminismo. As ondas vibrantes de som produzidas pelas cantoras indicam que a televisão é uma fonte importante de informação relacionada à AIDS, embora elas acreditem que as campanhas não estimulem o uso do preservativo, as coralistas, concordam e identificam-se com a maioria das mensagens e imagens das campanhas. Uma melodia especial foi criada pelas solistas, as quais percebem que por detrás das mensagens, a voz da ideologia opera, através de uma variedade de estratégias, para criar e estabelecer relações de dominação. Esse som contrastante mostra à platéia que a concepção de informação neutra na mídia é ilusória. As mensagens das campanhas de prevenção da AIDS trazem consigo a ideologia, a cultura e as intenções do/a comunicador/a. O desafio não consiste em simplesmente identificar a população a ser atingida. As relações de dominação não devem ser reproduzidas nas campanhas a fim de fortalecer as cantoras do sexo feminino. Nós precisamos desenhar campanhas para alcançar homens e mulheres, ganhando sua confiança, assegurando sua participação ativa e contínua na construção das mensagens (AU)