Maus tratos infantis: estudos clínico, social e psicológico de um grupo de crianças internadas no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Child abuse: clinical studies, social and psychological support of a group of children hospitalized at Children's Institute, Hospital das Clinicas, Faculty of Medicine, University of Sao Paulo

RESUMO

O abuso físico pode envolver crianças de todas as idades, porém, predomina entre as menores de três anos. O diagnóstico em geral é difícil, necessitando de experiência e atenção do profissional. Baseia-se principalmente nos dados de história clínica, exame físico e exames radiológico e tomográfico. Os objetivos desse estudo foram caracterizar as crianças internadas por abuso físico, de maio/1981 a março/1998 no Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; levantar a decisão judicial sobre o destino dos pacientes após a alta hospitalar; descrever as condições clínicas, psicológicas e socioeconômicas atuais dos pacientes e identificar associações entre o destino dos pacientes após a alta hospitalar e as condições físicas, sociais e psicológicas atuais. Analisaram-se os prontuários de 106 crianças internadas. Em seguida, os pacientes foram visitados em suas residências e convidados a comparecer ao hospital para uma avaliação ambulatorial. Nessa visita, as condições de moradia dos pacientes eram avaliadas. A avaliação ambulatorial incluía avaliação clínica; avaliação psicológica com entrevistas individuais com os pacientes e famílias e aplicação de testes psicológicos (House, Tree and Person -http, Teste do Desenho da Família e Questionário Desiderativo) e avaliação social por meio de entrevistas com pacientes e familiares. Para a classificação dos resultados foi utilizado o Esquema Nosológico Evolutivo Dinâmico, de base psicanalítica, que se divide em Neurose, Situação Crítica, Situação Psicótica e Psicose Crônica. Os pacientes que voltaram aos responsáveis (adoção, institucionalização ou novo núcleo familiar) apresentavam sensível melhora de suas condições físicas e sociais quando comparados àqueles que retornaram ao núcleo familiar inicial. Entretanto, as condições psicológicas atuais eram insatisfatórias para todas as crianças