ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A bibliografia brasileira não faz referência a instrumentos e guias padronizados de investigação sobre a prática e o ensino de psiquiatria. Como contribuição ao tema, os autores traduziram e adaptaram instrumento norte-americano para avaliar habilidades e conhecimentos em psiquiatria. Os objetivos deste estudo foram: 1) descrever a metodologia para a elaboração de versões em português de questionários de avaliação de habilidades e de conhecimentos em psiquiatria; 2) expor os problemas de tradução e adaptação dos questionários; 3) disponibilizar os questionários na íntegra em língua portuguesa. MÉTODO: A metodologia compreendeu os seguintes estágios: primeira versão profissional; avaliação por psiquiatras bilíngües; avaliação por psiquiatras monolíngües; versão final em português; retrotradução independente por segundo tradutor profissional; revisão final pelo primeiro autor do trabalho original. Todos os estágios foram revisados sistematicamente pelos autores. RESULTADOS: Foram encontrados 11 problemas de tradução e de adaptação na busca da equivalência lingüística, com predomínio de cinco problemas de equivalência técnica. DISCUSSÃO: A pesquisa empírica em educação psiquiátrica é um campo novo e cada vez mais importante na formação de novos especialistas e na educação médica continuada frente aos desafios de uma especialidade em transição. CONCLUSÃO: O pequeno número de adaptações pode significar que a tradução e a adaptação das palavras da língua fonte alcançaram uma equivalência lingüística. O método comum de tradução e retrotradução foi insuficiente e precisou ser acompanhado pela avaliação de psiquiatras bilíngües e monolíngües e pela revisão de cada etapa pelos autores. O presente estudo disponibiliza em língua portuguesa instrumento único para avaliação de habilidades e conhecimentos na prática psiquiátrica brasileira.
ABSTRACT
OBJECTIVES: Research methodologies in psychiatry have followed both the changes in mental health care and the need of updating programs of medical residency. To identify empirical articles in the indexed literature from 1997 to 2002, with the aim of analyzing and discussing methodological aspects of research dealing with the description and assessment of residency programs in psychiatry. METHOD: The bibliographic survey was performed using MedLine, PsycLit, Web of Science, and Lilacs. Twenty-one articles were identified. RESULTS: Nineteen studies were characterized as exploratory-descriptive and two as experimental. Data collection used questionnaires in 12 of them, and combined techniques in the other seven and the two experimental studies had data collected by tests applied before and after the teaching intervention. Most of the subjects were residents and program directors. Fifteen studies used statistical analysis. CONCLUSIONS: All the articles outlined the problems based on literature reviews. Most of the studies made use of standard techniques of social research and only two used experimental procedures. Only three studies employed external measures in order to establish correlations with the collected data. Procedures to validate and assess the reliability of the instrument by means of pilot-studies were absent in 11 studies, what may indicate methodological biases
Subject(s)
Teaching/standards , Internship and Residency/standards , Research/methods , Psychiatry/educationABSTRACT
INTRODUCTION: Psychiatric consultation (PC) has been considered an efficient tool to develop research, to track and to give assistance benefiting patients, health professionals and the institution. However, it has not been much used in Brazil. Although 30 to 50 percent of general hospital (GH) inpatients may present a psychiatric disorder, only 1 to 12 percent of them are referred to assessment. The aims of this study were: to assess mental disorders in a GH; to identify which of these patients are sent to psychiatric care; to verify alleged reasons for referral to psychiatric consultation, and to examine the relationship between PC and psychiatric learning (during medical school and residence). METHODS: A case-control patient study was conducted (47 cases and 94 controls) to analyze in detail the following variables: socio-demographic; clinical; degree of information (about the disease and diagnostic/therapeutic procedures), and relationship between patient and health team. Psychiatric diagnoses were made according to the ICD-10 criteria. The Self Report Questionnaire (SRQ), the CAGE and Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) were used as well as a specifically designed questionnaire to collect clinical and demographic data. RESULTS: Behavioral alterations, either of elation or of depression, were the main for requesting a PC ; 95.8 percent of the cases and 27.7 percent of the controls had a mental disorder. Organic mental disorders and alcohol-related disorders were the most frequent diagnoses in group I (cases), while anxiety, depressive and alcohol-related disorders were predominant in group II (controls). Control group patients were better informed and more able to establish an appropriate relationship with the health team than case patients. The logistic regression showed CAGE-positive patients having 12.85 times greater risk of being referred to PC, followed by unemployed patients (2.44 times more PC referrals). DISCUSSION: The SRQ and CAGE were quite useful in the screening of possible patients and might be important for medical students to learn and use as generalists. Further research is needed to verify if and how the newly-established service will improve the diagnostic and treatment skills of our students
Subject(s)
Humans , Male , Female , Inpatients , Mental Disorders , Diagnostic Techniques and ProceduresABSTRACT
Introduçäo: O familiar é a ponte, entre o ambiente da casa do paciente e o ambiente terapêutico do hospital-dia (HD), onde o paciente permanece das 7h30 às 15h30, de segunda a sexta-feira. A complexidade para a integraçäo do exercício dessa tarefa e suas consequências para o tratamento em HD, levou-nos a criar a psicoterapia de Grupo de Apoio multifamiliar (PGA) para facilitar o exame das vissicitudes desta via de duas mäos entre a residência e o HD. Objetivos: As características, liderança e fatores terapêuticos de Yalom nessa PGA seräo objetos do presente trabalho. Método: A PGA é um grupo aberto com 1h e 15 minutos de duraçäo, de frequência semanal e com coordenaçäo, em coterapia, de um psicoterapeuta de grupo e de uma enfermeira psiquiátrica. Resultados e Discussäo: Os resultados foram obtidos pelo exame de 20 grupos sucessivos, tanto após cada sessäo, pelos coterapeutas e observador mudo, durante 20-30 min, como pela análise de conteúdo de 20 sessões transcritas. A presença sempre foi maior que 80 por cento dos familiares esperados, com predomínio de mulheres, especialmente mäes de pacientes. A estrutura oferecida pela liderança apressou a obtençäo de resultados no curto prazo, entre 4 a 6 sessões. Conclusäo: A adesäo de familiares à PGA facilita e abrevia a terapia em HD. Questiona-se quanto, no futuro, a família orientada assumirá na conduçäo do tratamento dos seus pacientes
Subject(s)
Humans , Psychotherapy, Group , Family TherapyABSTRACT
Esta Unidade do Hospital das Clínicas de Ribeiräo Preto da FMRP-USP foi instalada há 5,5 anos e durante o primeiro ano foi fechada três vezes, tanto por falta de pessoal técnico treinado para substituir as desistência, como pela persistência, na equipe remanescente, de níveis de estresse percebidos como insuportáveis. Ocorreu como que um colapso mental da equipe o qual inviabilizou o trabalho multidisciplinar. O envolvimento técnico em procedimentos médicos de alto risco e que podem resultar na morte de metado da clientela submetida a tipo de transplante tem o poder de gerar um estresse contínuo nos técnicos em todos os níveis, näo raro percebido como incontornável e definitivo. Há 4,5 anos, o primeiro autor, a convite da chefia médica da unidade, instalou um grupo de apoio para estes profissionais de freqüencia semanal e com uma hora de duraçäo. O grupo teve como objetivo inicial diminuir o estresse oriundo, principalmente, da elevada taxa de mortes entre pacientes tratados na unidade. O grupo já dura 54 meses e acumula 198 sessöes o que caracteriza-o como de longa duraçäo em hospital geral. A frequência mais comum é de 6 a 10 participantes. As interpretaçöes psicanalíticas säo raras. O líder procura manter as discussöes no aqui-e-agora dos acontecimentos que mobilizam a unidade durante a semana. Age como um professor encorajando os membros a dividir seus pontos d vista e focar a atençäo nos problemas do dia-a-dia da unidade. Facilitar as interaçöes membro-a-membro é sua maior tarefa. A co-liderança médica segida pela da chefia de enfermagem é uma característica persistente
Subject(s)
Humans , Male , Female , Attitude to Death , Bone Marrow Transplantation , Health Personnel/psychology , Psychotherapy, Group , Occupational Health , Stress, PsychologicalABSTRACT
O grupo de Psicoeducaçäo e Suporte (PSGR) da ao familiar a oportunidade de envolver-se, com segurança e apoio, no complexo processo terapêutico de internaçäo parcial, tratamento e alta do seu paciente do DHP. Estes eventos sempre provocam estresse e intensa necessidade de informaçäo e orientaçäo por parte dos familiares envolvidos. O PSGR reúne-se uma vez por semana durante uma hora e meia. É um grupo de rápido rodízio e, por isto, os coterapeutas procuram fazer o máximo possível em cada sessäo, para o maior número de familiares presentes. O PSGR constitui uma oportunidade para os familiares dividirem entre si sentimentos e experiências e, a partir daí, ganharem "insight" sobre as interaçöes familiares. Em 20 sucessivas sessöes o comparecimento foi de 80 por cento dos familiares esperados. Um resultado importante foi observar-se que quando o familiar aceita o distúrbio mental, diminuem as pressöes sobre o paciente e melhora o prognóstico para o tratamento no DHP. Os fatores terapêuticos mais comuns, oferecimento de informaçöes, instilaçäo de esperança, altruísmo, comportamento imitativo e fatores existenciais. O PSGR mostrou-se especialmente útil na ajuda a familiares defensivos
Subject(s)
Humans , Family Therapy , Mental Disorders , Psychotherapy, GroupABSTRACT
O autor vem acompanhando, desde 1975(6) tanto as vantagens quando as dificuldades de organizaçao, funcionamento e manutençao do atendimento psiquiátrico no Pronto Socorro Geral do HC-FMRP-USP. Hoje o serviço é o principal ponto de entrada de pacientes em crise, na rede de serviços psiquiátricos de Ribeirao Preto. O papel crescente do serviço transformou o processo de intervençao nas emergências em importante área de assistência, ensino e pesquisa. Alguns aspectos do atendimento das emergências psiquiátricas mostram-nas como uma prática médica especialmente difícil, com momentos de extrema tensao que constrangem o médico e prejudicam a relaçao médico-paciente. As decisoes clínicas serao tanto mais racionais e maduras quanto mais levam em conta numerosos fatores do "setting" terapêutico. Dentre estes, a qualidade emocional do relacionamento do médico e equipe multidisciplinar com o paciente, é de fundamental importância na determinaçao, tanto do julgamento clínico como da conduta. Sao descritas e exemplificadas características específicas da natureza do trabalho com situaçoes clínicas extremamente difíceis, e suas conseqüências para a auto-estima do médico. As características psicológicas do terapeuta que graduam um relacionamento emocional empático com o paciente, familia e ambiente circundante sao apresentadas, didaticamente, em 5 passos.
Subject(s)
Humans , Emergency Services, Psychiatric , Ethics, Medical , Physician-Patient Relations , Security MeasuresABSTRACT
O presente estudo teve como objetivo descrever, analisar e comparar as características encontradas em dois ambulatórios psiquiátricos públicos que atendem pacientes adultos, um deles vinculado a um hospital universitário, e o outro a um hospital psiquiátrico estadual. Os dois serviços atendem pacientes näo contribuintes. Os dados, agora analisados, foram obtidos durante março e abril de 1976 e 1981 de uma ficha especialmente organizada com esta finalidade. Em 1996 e 2001 o procedimento será repetido para análise do desenvolvimento dos ambulatórios a longo prazo, entre 15, 20 e 25 anos, respectivamente. Todos os pacientes admitidos para tratamento, nestes dois mese, foram estudados segundo sete variáveis, que constituíram a base do presente trabalho. Em 1976, um total de 1241 pacientes foram tratados, 932 no ambulatório do hospital psiquiátrico público e 309 no ambulatório do hospital universitário. Em 1981, 1929 foram tratados sendo, respectivamente, 1097 e 832, do primeiro e do segundo ambulatório. Em 1976, foram internados 120 pacientes de 932 e apenas 1 de 309 foi indicado para internaçäo em hospital-dia. Diferenças também foram observadas nas demais variáveis estudadas. Os resultados sugerem que a tradiçäo e a organizaçäo destes serviços selecionam boa parte da clientela quie atendem, especialmente o diagnóstico de psicose e a indicaçäo para hospitalizaçäo
Subject(s)
Ambulatory Care/trends , Mental Health Services , Program Evaluation , Hospitals, General , Hospitals, Psychiatric , Hospitals, University , Health Surveys , Public AssistanceABSTRACT
O trabalho teve por objetivo: atender parte da demanda de adolescentes, dada a inexistência de ambulatório especializado no serviço de psiquiatria do HC-FMRP-USP, criando dois grupos de PGTL, além de divulgar a técnica entre residentes de 3§ ano em psiquiatria e reciclar a técnica de uso corrente em adultos, para o tratamento de adolescentes. Para compor os grupos, excluíram-se pacientes com os diagnósticos de oligofrenia, psicose, distúrbios graves de conduta e doenças orgânicas debilitantes e se incluíram pacientes de 13 a 17 anos, de ambos os sexos, com família disponível para acompanhar o tratamento, disponibilidade para se tratar e aceitaçäo de contrato terapêutico. Foram programadas 30 sessöes, de frequência semanal, com 1h e 15 min. de duraçäo, em coterapia, com observador mudo e supervisäo sistemática. Observou-se: desistência de 3 pacientes em cada grupo, de um total de 12; frequência média de 8 pacientes por sessäo; momentos de fragmentaçäo e desorganizaçäo da dinâmica grupal, através de subgrupamento; consolidaçäo da coesäo grupal, com o passar das sessöes; aumento do funcionamento autônomo dos componentes; melhora dos sintomas clínicos e o papel significativo das mäes no tratamento dos filhos. Concluiu-se que a PGTL é um método útil para o tratamento de adolescentes com problemas de ajustamento; a adesäo dos pacientes foi influenciada tanto pelo grau de colaboraçäo das mäes ao tratamento e ao contrato terapêutico, quanto pelo uso de técnica focal
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adolescent , Adult , Adolescent , Ambulatory Care , Psychiatric Department, Hospital , Psychotherapy, Group , Adjustment Disorders/therapy , Pilot ProjectsABSTRACT
Os grupos das Comissöes de Atividades do Hospital-Dia (HD) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeiräo Preto, USP - funcionando há 14 anos - organizam, racionalizam e integram atividades sociais, recreacionais, artísticas, culturais e ocupacionais, tanto oferecidas no ambiente do HD, como na comunidade da cidade de Ribeiräo Preto e no campus da USP. Podem ser atividades tanto espontêneas como sugeridas, pelo presumível potencial terapêutico que possam conter. A participaçäo de técnicos e pacientes, neste trabalho grupal, promove a relaçäo interpessoal que é medida e permeada pela tarefa a ser executada, em execuçäo ou em avaliaçäo após execuçäo. O exame disciplinado destas três fases - que tem a tarefa das comissöes como foco - favorece tanto formas mais elaboradas de interaçäo entre pacientes e entre pacientes e técnicos, como a projeçäo e deslocamento da ansiedade grupal compartilhada. A participaçäo mais ativa ou menos ativa é mediada tanto pela psicopatologia de cada paciente, como pela conduçäo da dinâmica destes grupos. Entre os extremos temos uma divisäo entre "bons" pacientes que aderem e colaboram na execuçäop da tarefa, favorecendo um clima grupal de coesäo e aprendizado interpessoal e "maus" pacientes que näo aderem, säo indiferentes ou sabotadores ativos da tarefa, favorecendo um clima de suspeita e hostilidade com fragmentaçäo do grupo e formaçäo de subgrupos de bodes expiatórios. Estes servem como depositários dos impulsos e objetos internos insuportáveis - que säo projetados e deslocados sobre eles - como soluçäo para a ansiedade grupal compartilhada. Na liderançäa dos Grupos das Comissöes, o terapeuta deve ser estruturador, suportivo e explícito para desenvolver a tarefa, que deve ser tomada, sempre, como foco do trabalho grupal