Doença Cardiovascular na pós-menopausa - Controvérsias (Parte II) / Cardiovascular disease in the postmenopause - Controversy (Part two)

Como o climatério e a pós-menopausa estão associados a uma maior incidência de doença arterial coronariana(DAC) e mortes por causas cardiovasculares, viu-se a necessidade de intervenção farmacológica eficiente, que apresentasse efeitos profiláticos, inclusive para evitar a progressão da osteoporose e os sintomas climatéricos. Com este intuito foram introduzidos os esquemas de reposição hormonal, haja vista que a gênese do processo é a baixa dos níveis de estrogênios endógenos circulantes. O entendimento da ação dos hormônios sobre o sistema cardiovascular nos permite perceber a necessidade de um julgamento clínico muito preciso quanto à escolha das dosagens estrogênicas e do progestágeno para ser utilizado na TRH. Vários estudos experimentais em animais, observacionais e randomizados foram realizados ao longo da história da TRH, na tentativa de se determinar as doses ideais e seus verdadeiros efeitos cardiovasculares. Este trabalho apresenta os estudos mais importantes em termos de prevenção primária e secundária de doença coronariana, desde o Coronary Drug Project de 1973 até o ESPIRIT, iniciado em 2003 e ainda em curso. A literatura traz resultados conflitantes, que devem ser analisados criteriosamente, uma vez que nos últimos anos esses dados fizeram com que se questionasse o real papel da TRH na prevenção da DAC

Doença cardiovascular na pós-menopausa - controvérsias (parte I) / Cardiovascular disease in the postmenopause - controversy (part one)

As doenças cardiovasculares são as maiores responsáveis pela morbimortalidade das mulheres a partir dos 40 anos, sendo problema de saúde pública que exige medidas de prevenção. O índice de aterosclerose em mulheres na pré-menopausa é baixo e aumenta progressivamente na pós-menopausa, podendo ser reduzido novamente com terapia de reposição estrogênica. Mais de dez efeitos estrogênicos com ação de prevenção da doença coronariana já foram descritos. Nos anos 70 e 80 muito se esperou da terapia hormonal enquanto meio de prevenção primária de doenças crônicas, sendo que 38 porcento das mulheres norte-americanas usavam estrogênios a longo prazo com esta finalidade. No entanto, evidências científicas para tal conduta eram escassas. Com o aumento das taxas de câncer de mama/endométrio pelo uso isolado de estrogênios, viu-se a necessidade de estudos controlados para melhor entendimento da sua ação sobre o aparelho cardiovascular. Atualmente existem na literatura dados suficientes para reforçar o conceito de que o estudo da fisiologia dos receptores cardiovasculares para os hormônios esteróides sexuais é uma área promissora de pesquisa, podendo levar a importantes mudanças na abordagem das pacientes na pós-menopausa. Este trabalho engloba os achados maios recentes da literatura com referência aos mecanismos de ação e aos efeitos dos hormônios esteróides sobre o sistema cardiovascular