Prediçäo de mortalidade em unidade de queimados / Mortality prediction in burn unit

Introduçäo: Nos últimos 50 anos constatou-se um aumento na sobrevida das vítimas de queimaduras. Para que possamos avaliar o impacto de novas modalidades terapêuticas, bem como o controle de sua qualidade, o desenvolvimento de modelos estatísticos de prediçäo é de extrema importância. Objetivo: Avaliar as variáveis independentes envolvidas na mortalidade hospitalar e o respectivo modelo de prediçäo, em pacientes admitidos na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Para aqueles pacientes que sobreviveram à internaçäo, descrever o tempo de permanência na unidade, em funçäo da superfície corporal queimada, como indicador alternativo de prognóstico e acompanhamento. Material e Métodos: Estudo de série de casos, envolvendo 923 pacientes, internados na Unidade de Queimados do HRAN, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 1996. Numa parcela referente a três anos da casuística original (1993-1995) conduzimos análise de regressäo logística, para definiçäo do melhor modelo de prediçäo de óbito, avaliado nas suas propriedades estáticas (sensibilidade e especificidade) pela curva ROC. Resultados: Na amostra em que foi conduzida a regressäo multivariada, os homens responderam por 63,5 por cento, configurando uma relaçäo homem:mulher de 1,7:1. A idade média foi de 16,5 anos, sendo que 58,8 por cento dos pacientes contavam com idade igual ou inferior a 14 anos. A média da extensäo da superfície queimada foi de 18,5 por cento, enquanto o tempo médio de internaçäo foi de 21,3 dias. Apenas 9,8 por cento dos pacientes apresentaram, pelo menos, uma complicaçäo relevante, notadamente entre adultos, com destaque para o envolvimento pulmonar (5,1 por cento). A mortalidade hospitalar foi de 4,6 por cento. Como variáveis de alto poder explanatório desta mortalidade, em ordem decrescente de importância, identificamos a presença de lesäo pulmonar por inalaçäo, a superfície corporal queimada e a idade, com uma área abaixo da curva ROC de 97,7 por cento, demonstrando uma excelente adequaçäo do modelo. Conclusäo: A análise de regressäo logística permitiu identificar a presença de lesäo por inalaçäo, a superfície corporal queimada e a idade, como variáveis preditivas de óbito em pacientes vítimas de queimaduras. Estudos posteriores deveräo, mediante sua aplicaçäo, validar o modelo proposto.

Sazonalidade de queimaduras por fogo, em pacientes admitidos numa unidade especializada do Distrito Federal, no período 1993-1996 / Seasonal differences in the incidence of burns in a specialized unit in the Federal District, 1993-1996

Introduçäo: Säo escassos os relatos de experiência com pacientes queimados, particularmente em nossa regiäo onde, muito possivelmente, fenômenos de sazonalidade relacionados às condições climáticas podem contribuir para a ocorrência desses acidentes, notadamente pelo fogo. Objetivo: Descrever as características de uma populaçäo hospitalar de vítimas de queimaduras, segundo idade, sexo, superfície corporal queimada, causa e mês de ocorrência, mortalidade e demais indicadores, com vistas a oferecer subsídios para avaliaçäo, acompanhamento, planejamento e, notadamente, campanhas preventivas. Materiais e métodos: Estudo de série de casos, envolvendo 923 pacientes, internados na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), no período de janeiro de 1993 a dezembro de 1996. Resultados: Os homens responderam por 64,5 por cento dos pacientes, com uma relaçäo homem: mulher de 1,8:1. As crianças corresponderam a 57,5 por cento de toda a série. Quanto à procedência dos pacientes, 65 por cento eram do Distrito Federal (DF) e 18,4 por cento da regiäo do entorno. A extensäo média do percentual da superfície corporal queimada foi de 19,1 por cento, predominando as grandes queimaduras entre os adultos. O tempo médio de internaçäo foi de 21 dias e a mortalidade hospitalar de 5,2 por cento. Nas queimaduras categorizadas como de média e grande extensäo, a mortalidade foi maior entre os adultos, em relaçäo às crianças. Dentre os agentes causadores de queimaduras, os térmicos predominaram (94,6 por cento), com destaque para os acidentes com fogo. Em 71 por cento dos casos, o local do acidente foi domiciliar. Apenas 9,8 por cento dos pacientes apresentaram, pelo menos uma complicaçäo relevante, principalmente entre adultos, com destaque para o envolvimento pulmonar (5,1 por cento). A análise do agente da queimadura, em funçäo do período do ano, guardou uma relaçäo entre os meses de junho a setembro com acidentes por fogo, muito possivelmente relacionada à baixa umidade relativa do ar, alcançada nesses meses (r2=0,30), no DF. Conclusäo: Crianças e adultos constituíram grupos de vítimas de queimaduras, com características epidemiológicas próprias, implicando riscos, prognóstico, morbi-mortalidade hospitalar e estratégias de abordagens preventivas diferenciadas. As queimaduras por fogo aumentaram sua importância nos meses de julho a setembro, muito possivelmente relacionadas aos baixos níveis médios da umidade relativa do ar nesse período, no DF