Bacterioscopia transoperatória em cirurgia de vias biliares / Gram stain of the bile during bile ducts surgery

Aproximadamente, um terço dos pacientes, submetidos à cirurgia do trato biliar, apresentam germes habitando a sua bile. Conforme vários autores, a presença desse germe associa-se a maior taxa de complicaçöes infecciosas pós-operatórias. Visando identificar os pacientes que apresentam germes em sua bile, durante o ato operatório, conduziu-se um estudo prospectivo, verificando-se a eficácia da análise bacterioscópica pelo Gram, durante o per-operatório de pacientes submetidos a cirurgia do trato biliar. No período de maio de 1985 a julho de 1986, estudamos 79 pacientes operados pela Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo da UFPR. Os pacientes foram divididos em dois grupos distintos. O primeiro grupo, contendo 42 pacientes submetidos às colecistectomias simples, näo apresentavam nenhum fator de risco. Nesse grupo, o uso de antibiótico restringiu-se aos pacientes que apresentava germes na análise bacterioscópica da bile per-operatória. Desse grupo, oito pacientes apresentaram bacterioscopia positiva com índice de 19,04%. Em 34 pacientes, houve concordância entre a bacterioscopia e a cultura de bile em 80,95%, näo sendo observada nenhuma complicaçäo infeciosa pós-operatória. O segundo grupo, contendo 37 pacientes submetidos às colecistectomias complicadas, onde havia algum fator de risco, 25 pacientes apresentaram bacterioscopia positiva (67,56%) e 28 cultura de bile positiva (75,67%). Em 32 pacientes, houve concordância entre a bacterioscopia e a cultura de bile em 86,48%. Desse grupo, três pacientes (8,10%) apresentaram complicaçöes infecciosas no pós-operatório. A bacterioscopia de bile, realizada durante o per-operatório, é método confiável para a detecçäo de germes na bile de pacientes, submetidos a cirurgia do trato biliar, atingindo, aproximadamente, índice de acerto de 85%. Além disso, trata-se de método simples, näo oneroso, e näo acarreta aumento do tempo cirúrgico

O uso profilático do antibiótico em cirurgia de vias biliares / The prophylatic use of antibiotic in biliary tract surgery

Com o objetivo de estabelecer critérios mais nítidos com relaçäo ao uso do antibiótico em cirurgia do trato biliar foi conduzido um estudo randomizado e prospectivo em 47 pacientes no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Os pacientes foram divididos em dois grupos distintos. O primeiro, Grupo I, recebeu antibiótico profilático pré-operatório. O segundo, Grupo II, näo fez uso do antibiótico profilaticamente e este só era instituído quando fosse observado a presença de algum fator de risco, coledocolitáse, doenças associadas, etc. O antibiótico utilizado foi a Cefalotina. Dezesseis pacientes apresentaram cultura de bile positiva, 34,04%, 6 do Grupo I e 10 do Grupo II. O germe mais comum foi a Escherichia coli, apresentando-se em 7 culturas. Quando os pacientes foram submetidos a colecistectomia simples, tanto os índices de cultura de bile positiva como os índices de infecçäo pós-operatória näo apresentaram diferenças entre o Grupo I e o Grupo II, 12,5% x 9,1%. Porém se algum fator de risco estava presente o índice de cultura de bile positiva apresentou nítida reduçäo com o uso do antibiótico profilático, 45,4% no Grupo I contra 83,3% no Grupo II. O índice de infeçäo pós-operatória apresentou-se menor nos pacientes que fizeram antibiótico profilático na presença de fator de risco, 9,1% x 41,7%. Concluimos que apenas aqueles pacientes portadores de algum fator de risco associado säo beneficiados com o uso do antibiótico profilático em cirurgia de vias biliares, apresentando alteraçöes tanto no comportamento microbiológico da bile como na evoluçäo pós-operatória